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Carta aberta ao Pastor Marcos Feliciano

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Sim, como Pastor, provavelmente deve estar indignado com a Bíblia Sagrada queimada em sarau universitário no Acre, em um encontro de ateus (deve subir até um frio na espinha ao ouvir esta palavra). Heréticos.


Mais indignado ainda ao saber que o organizador do movimento é simpatizante petista (pois não é filiado como afirmou), ótimo motivo para politizar o fato. Oportunista como é, tem um prato cheio para seus ataques tendenciosos.

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Considerou o fato inacreditável, por ocorrer em uma Universidade Pública e forçou a barra buscando uma ligação do Partido dos Trabalhadores com o encontro, mentindo que havia bandeiras petistas.


Inacreditável para mim é sua capacidade de falar de Jesus ao mesmo tempo que faz declarações homofóbicas e racistas, como é de conhecimento de todo o Brasil. Neste sentido, a deflagração de ódio, termo que iniciou sua carta, lhe cai bem. Pois cada discurso seu, é carregado de intolerância e discriminação.


De fato, a arte deve ser responsável, porém não pode se curvar a moralistas e hipócritas. De acordo com o artista performático, Roberto Oliveira da Silva, estudante de filosofia, a Bíblia foi queimada em memória das milhares de vítimas do cristianismo. Sim, pastor, foram milhares os mortos do Cristianismo, cuja história também é de sangue.
O ato pode ter sido infeliz em um mundo já dividido por tanta intolerância. Porém, com a leitura correta, é compreensível. O artista buscou chamar a atenção (de maneira agressiva) para toda perversidade que ainda jorra do cristianismo fundamentalista, que continua a queimar bruxas, homossexuais, mulheres, negros e praticantes de outras religiões. Mesmo que de maneira simbólica.


Voltamos as discussões da profanação da imagem de Maomé pelos cartunistas da Charlie Quispe ou do chute da Nossa Senhora da Universal. Radicalismos.


Sim, Pastor Indignado, a história nos conta as barbaridades praticadas pelas religiões em todo o mundo. O senhor personifica a ignorância, o radicalismo religioso, a visão intolerante e superficial da Palavra Sagrada que tanto defende, com interesses próprios.


Ao mesmo tempo que se questiona como tal ato pode ter acontecido em uma Universidade (que eu acho o melhor local, pois a Universidade deve ser um centro de debate reflexão, questionamento e pensamento) também me questiono, como locais que deveriam ser sagrados, para elevar a alma humana, como os templos em que prega, pode espalhar tanta mensagem de ódio, intolerância e desamor.


Se vilipendiar símbolo religioso é crime e, concordo que é sem fundamento algum, pergunto se a propagação da homofobia e racismo, tão bem praticada pelo Senhor, também não seria? Ainda mais, pergunto se terreiros e igrejas católicas queimados por fundamentalistas cristãos também não se configura em crime? Ou ainda, se as declarações de ódio a diversidade, que ouvimos diariamente nos programas televisivos religiosos, também não seriam?


Disse em sua postagem que vai representar à Polícia Civil do Acre um pedido da instauração de um inquérito policial para apurar as responsabilidades, para que tais fatos lamentáveis não ocorram mais.


Portanto, também me pergunto se não deveria apresentar à Polícia Federal uma representação contra o Senhor, por cada vez que faz um discurso de ódio, por incentivar o preconceito em nome de seu Deus, minimizar e desqualificar a vida humana, ao insultar homossexuais e pais de santo.


Em suas mãos, caro indignado Pastor, tem sangue. Cada vez que um homossexual é assassinado, que um jovem gay se mata, suas mãos se sujam um pouquinho mais. Com sua pregação maldosa e inconsequente contra a diversidade, acaba justificando ataques de intolerância religiosa e homofóbicos. Assim, também está no nível mais sórdido da humanidade.


Quem queima a Bíblia diariamente, rasga suas páginas, profana a mensagem de Cristo, é o senhor, caro Pastor, que aprendeu bem a unir altar e trono, que representa o que temos de mais atrasado, machista, podre em nossa sociedade e política.


A Bíblia queimada no ato universitário é libertadora, pois nos leva a reflexão. São chamas de transmutação. Transgride o falso moralista e revela os hipócritas. Delicioso prato ao sensacionalistas e oportunistas. Causa tremiliques nos puristas e nojo aos fariseus.


Creio que os artistas transgressores agrada o Cristo, que é vivo e incendiário e, ao seu modo, também foi um transgressor.

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Todo respeito aos meus amigos evangélicos e católicos, que divergem do seu pensamento excludente e malicioso, Pastor. Estes sim, verdadeiros cristãos, que não merecem ver seus símbolos sagrados profanados.


Finalizo esse protesto, lembrando a minha condição de artista, homossexual e brasileiro, que diariamente sou ofendido por você e pelos seus. Peço, não a Deus, mas aos homens, que sejam capazes de separar o joio do trigo, que possam olhar com profundidade para as coisas e que, principalmente, não se iludam com os falsos profetas.


Sérgio de Carvalho
Cineasta


 


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