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Quilo da carne chega a R$ 40 e frigoríficos pedem socorro

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“Gado que sai do Acre há três anos era para estar morrendo hoje nos frigoríficos do Acre”, denuncia Sindicarnes


As cidades acreanas terão novo aumento no valor do quilo da carne a partir desta semana. O frigorífico de Tarauacá já anunciou nesta segunda-feira, 21, que o produto passa a custar R$ 15,20 com o reajuste. Em Rio Branco chegará a ainda mais caro o valor do quilo: entre R$ 15 e R$ 40 nos próximos dias. Já em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o quilo ficará em torno de R$ 15,50.

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Já faz alguns meses que não só o Acre, mas todos os estados brasileiros vêm sofrendo aumento constante no valor da carne. Para o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos e Matadouros do Estado do Acre (Sindicarnes), o grande problema no Estado tem sido a falta do animal para abate.


“Está difícil demais de comprar o gado. Não tem gado para comprar e quando você paga um lote de boi ou de vaca, o produtor quer mais caro. Quando o frigorífico paga mais caro, ele tem que repassar para quem ele vende a carne”, explica o representante do Sindicarnes, Nenê Junqueira.


O sindicato destaca que esse aumento no preço da carne é uma realidade no Brasil todo. “Não é só no Acre. No Brasil, quem dita o preço da carne é o Estado de São Paulo e quando o boi sobe o preço lá, nos outros estados sobe também”.


De acordo com Junqueira, a grande dificuldade encontrada atualmente no Acre é de fato a falta de gado para comprar. “Ainda mais no interior, onde a dificuldade está muito grande. Mesmo assim, na capital está mais caro”, garante.



A suspeita de possível retirada de boi no Acre para serem levados para abate fora do Estado também é levantada pelo sindicato. “Aqui a situação está pior porque está saindo gado há três anos e esse gado que saiu era para estar morrendo hoje nos frigoríficos do Acre”, reclama Nenê.


Conforme o Sindicarnes, se tivesse esse gado para morrer hoje, o preço da carne estaria um pouco mais baixo. “O produtor aperta o frigorífico por preço, que tem que pagar, e quando paga mais caro no lote, tem que repassar para quem ele vende. Se ele [frigorífico] trabalhar diferente disso, ele quebra”.


Exportações para a China

A lei da oferta e demanda tem prevalecido nesse momento no mercado do boi godo em todo o país. O presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Doca Veronez, confirmou ao ac24horas em ocasião recente que o aumento no preço do boi gordo não é um fenômeno acreano. “Essa situação é nacional. O que está havendo é uma escassez de boi, devido a muitos abates de vacas anos atrás, que, consequentemente, nasceram menos bezerros. Está havendo falta de boi no Brasil todo”.


Outro ponto apresentado por Veronez para o aumento expressivo no valor final da carne ao consumidor é o aumento do consumo, especialmente da exportação. “O consumo brasileiro não caiu durante a pandemia do coronavírus, pelo contrário, passaram a consumir mais. O que aumentou efetivamente foi a exportação”, afirma.


A China é o fator preponderante nessa situação, responsável pelo aumento exorbitante na exportação de carne brasileira e outros produtos. “A China teve problema de peste suína no rebanho de porcos, e essa é a carne mais consumida na China, que teve de abater quase a metade do seu rebanho. Então teve que importar carne, suína e bovina. O maior importador de carne brasileira hoje é a China”, explica o pecuarista.

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“O aumento aqui é proporcional ao aumento nacional. Não é a saída de bezerro. Essa história pode vir a refletir no futuro, mas essa não é a causa de aumento de carne”, conclui Assuero.


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