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Estudo aponta aumento de problemas de saúde por causa das queimadas no Acre

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Em setembro de 2019, pelo menos vinte municípios no Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia apresentaram concentração elevada de poluição do ar, de acordo com dados do governo.


Em média, as concentrações de PM 2,5 estavam entre 50 e 78,5 microgramas por metro cúbico em qualquer dia do mês, entre duas e três vezes acima do limite máximo de 25 microgramas estabelecido pela OMS para proteger a saúde.

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Os dados constam do estudo “Os impactos das queimadas associadas ao desmatamento da Amazônia brasileira na saúde” divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam), a Human Rights Watch e outras instituições.


Segundo esse estudo, em Rio Branco, um médico local descreveu a poluição do ar durante a temporada de queimadas como “insuportável”. Ele pratica medicina no Estado há 20 anos e disse que a cada ano o número de visitas ao hospital – principalmente de crianças e pessoas idosas – “aumenta sensivelmente” à medida que as queimadas se intensifica.


Outro médico, que trabalha no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, disse que a poluição do ar foi especialmente “intensa” durante a temporada de queimadas de 2019. “Tive que hospitalizar muitos pacientes com doenças crônicas, especialmente doença pulmonar obstrutiva crônica e insuficiência cardíaca”, o que ele atribuiu ao impacto da poluição causada pelas queimadas. Depois de tratar pacientes cuja condição se desenvolveu ou piorou durante episódios de piora crítica da qualidade do ar durante a temporada de queimadas, ele disse que aconselhou os pacientes a não deixarem suas casas, mas lamentou que as autoridades estaduais não emitissem tais alertas de saúde para a população em geral.


Em Feijó, uma cidade de 34.000 habitantes, o secretário municipal de saúde disse à Human Rights Watch: “Nosso município sofre muito com queimadas nos meses de julho a agosto”. Todos os anos, nesses meses, há um aumento na procura dos serviços de saúde devido a problemas respiratórios, afirmou.


Em Sena Madureira, a secretária municipal de saúde disse que o impacto da fumaça durante a temporada de queimadas sobrecarrega consideravelmente as unidades de saúde, que atendem pacientes que viajam por até três dias para procurar cuidados. “As unidades lotam mais. O município é pequeno, não temos estrutura para grandes quantidades de pessoas com crises agudas. Não tem respiradores, UTI.”


Quando entrevistada em meados de junho, a secretária de saúde de Sena Madureira disse temer que este ano o impacto seja “pior com a Covid-19 porque as queimadas pioram os sintomas respiratórios”. Ela disse ter “preocupação com o colapso do sistema de saúde”. O secretário de saúde em Feijó expressou o mesmo receio: “Estamos muito preocupados, porque estamos entrando nos meses de aumento das queimadas. Associado ao problema da Covid-19, podemos entrar em colapso geral [do sistema de saúde]”.


Para o estudo, a maioria dos entrevistados residia e trabalhava nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. Esses estados tiveram a pior qualidade do ar na região amazônica durante os meses de pico das queimadas em 2019, com dezenas de municípios registrando de duas a cinco vezes o valor máximo de PM 2,5 definido pelas diretrizes da OMS para proteção da saúde.


Os relatos dos entrevistados pela Human Rights Watch corroboram as conclusões de nosso estudo estatístico, de que pessoas na região amazônica sofrem com doenças respiratórias durante os meses de aumento das queimadas, com crianças e pessoas idosas sendo desproporcionalmente impactadas. Eles também reafirmaram nosso entendimento de que as internações representam apenas uma pequena parcela dos impactos à saúde associados às queimadas.


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