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Parte da história e da cultura de Xapuri, mangueiras centenárias estão ameaçadas

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Consideradas como parte da herança histórica, cultural e ambiental do município, mesmo que informalmente, as centenárias mangueiras de Xapuri estão diminuindo de quantidade nos últimos anos. Acometidas por envenenamentos na calada da noite ou pela própria ação do tempo, várias dessas árvores históricas já não fazem mais parte da paisagem das principais ruas da cidade.


Nesta terça-feira, 28, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com o apoio de militares do 8º Batalhão do Corpo de Bombeiros, estava trabalhando no corte e na retirada de mais uma das antigas árvores, que são simbólicas dos tempos áureos da produção da borracha. Dada como completamente morta, a mangueira passou a oferecer risco à segurança da população.

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Ataques a mangueiras e outras árvores na zona urbana de Xapuri costumam passar despercebidos. Apenas em um caso conhecido, a ação se transformou em processo penal por crime contra o meio ambiente e o patrimônio genético. Em 2016, um conhecido empresário da cidade foi condenado, junto com mais duas pessoas, por matar uma mangueira localizada em frente à sua loja.


Outros casos, com menor repercussão, ocorreram, como a morte por envenenamento de outra mangueira e de dois benjamins localizados nas imediações da praça Getúlio Vargas; de uma figueira ao lado da Casa de Chico Mendes, um patrimônio histórico nacional; e de uma palmeira imperial, nas imediações do quartel da Polícia Militar no município.


No caso atual, da morte da mangueira localizada em frente à Associação Comercial de Xapuri, na principal rua da cidade, o secretário municipal de Meio Ambiente, Juscelino Facundo, informou que não foram encontrados indícios aparentes de que a árvore tenha sido envenenada.


“Ela estava muito ‘ocada’, o que pode indicar que a razão da morte seja a ação do tempo, mas não foi feita nenhuma análise especializada nesse sentido. Assim, a medida tomada foi a de pedir o auxílio do Corpo de Bombeiros para fazer a retirada da mangueira a fim de evitar um possível acidente”, disse.


Parte da história de Xapuri

Mesmo sendo consideradas centenárias, não há registros documentais que comprovem que as mangueiras de Xapuri realmente tenham mais de 100 anos. O bancário aposentado João Lopes Mendes Filho, conhecido popularmente pela alcunha de João Garrinha, que é dono de um relicário na cidade e entusiasta da história do município, diz que a idade das árvores é presumida.


“Calcula-se que tenham, pelo menos, perto dessa idade, considerando-se que foram trazidas pelos seringalistas que tinham domicílio em Belém (PA), na primeira metade do século 20, e que trouxeram para cá as mudas das primeiras mangueiras que foram plantadas, principalmente na rua do comércio, onde hoje estão as ruas Coronel Brandão e 17 de novembro”, explicou.


O professor aposentado da Universidade Federal do Acre (Ufac), Rubens Santana de Menezes, também afirma que a idade das mangueiras só pode ser estimada. Segundo ele, as do sítio urbano, são as mais antigas, possivelmente centenárias.


“As mangueiras que estão na rua da frente, onde nasceu a cidade, são as mais antigas; já as que estão onde nas décadas de 1930-1940 já se notava uma expansão urbana, como as das imediações da praça Getúlio Vargas, inaugurada em 1942, seguramente têm cerca de 80 anos”, explica.


Também defensor da preservação da história e da cultura do município, sendo mobilizador de alguns movimentos nesse sentido, assim como em relação a questões pertinentes ao meio ambiente, Menezes fala da necessidade de se chamar a atenção das autoridades para a ameaça de desaparecimento das antigas mangueiras de Xapuri.


“Não se pode mais relativizar isto, não. É a nossa cultura e história que estão sendo dilapidados. Cobrar do poder público a manutenção delas também é uma boa. Precisamos fazer alguma coisa ou vão matar todas elas. É preciso pressionar a segurança pública, senão, dentro em pouco, entra-se em Xapuri e não se sabe mais onde está”, concluiu.

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Consultadas, tanto a prefeitura quanto a câmara de vereadores de Xapuri informaram não existir lei municipal formalizando a condição de patrimônio cultural e ambiental das mangueiras. No entanto, cabe ao município, por meio das secretarias e órgãos ligados as essas áreas, a guarda dos bens que merecem ser protegidos pela sociedade.


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