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Direito de viver no governo Bolsonaro

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Entre outros aspectos, a pandemia do coronavírus tem revelado o lado mais perverso e insensível de muitos que a gente vê como seres humano.


A quantidade desse rebanho é muito superior ao que imaginávamos. Em verdade, essa tragédia sanitária deu origem a um novo estrato social, os abutres humanos.

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Volta e meia leio escritos de gente até bem formada a cobrar a divulgação das estatísticas de mortes cujas causas tenham sido patrocinadas por outras doenças.


A impressão deixada é que isso relativiza a situação e, ao que parece, conforta-os: se as pessoas morrem de tuberculose, diabetes descompensadas ou quaisquer outras doenças autoimunes, para eles não têm problemas.


De outro lado, ao ler as notícias obituárias, a pressa é para saber se as vítimas não tinham as tais comorbidades, aliás, um vocábulo fúnebre.


Se eles tinham históricos de riscos ou mais de 60 anos então parece que a gravidade do problema diminui, dado que já estariam condenadas à morte.


Ah! Fulano faleceu, mas tinha diabetes, hipertensão, estava com mais de 60 anos, também tinha problemas renais e cardíacos e já sofria disse tudo há muito tempo.


Os abutres que se acham humanos e racionais esquecem que sem a contaminação pelo maldito e desconhecido vírus as pessoas teriam o direito de viver mais. Desprezam que as famílias deles, e as nossas, também teriam o direito de desfrutar de suas vidas e que a despedida não estaria sendo tão desapartada e dolorosa.


As carpideiras só não admitem que o diagnóstico seja coronavírus, pois isso é motivo de desgaste político do ídolo, o Dr. Morte, cujas atitudes os empurra para a sepultura.


Bolsonaro mantém sua popularidade em alicerces de ignorância, alimentada por frases interpretadas pela metade ou milimetricamente elaboradas por seu gabinete do ódio e espalhadas por seus criminosos robôs nas redes sociais.


Quando o “capitão” da insanidade afirma que 70% ou mais sequer sentirão os sintomas do coronavírus, isso é verdadeiro, mas não é a verdade em toda sua extensão.


Esquecem de acrescentar uma constatação macabra: daquele total, 5% desenvolverão sintomas graves, para os quais serão necessários ventiladores, respiradores e UTIs. É uma multidão suficiente para colapsar qualquer sistema de saúde pública, por mais estruturado que possa ser, no Acre ou Nova Iorque.

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Sem falar nos 10 milhões que esse percentual representa no total da população brasileira, fiquemos no exemplo apenas no Acre: 5% da nossa população significa 40 mil pessoas. Não há a menor possibilidade de atendimento para uma quantidade de pacientes dessa ordem.


Se a previsão estatística anunciada pelo próprio Bolsonaro acontecer, muita gente vai morrer em casa, infelizmente.


Em suas bazófias populistas Bolsonaro gaba-se dizendo que, se ele sobreviveu a uma facada por que não resistiria a uma gripezinha?


Não restam dúvidas de que ele foi um ponto fora da reta, mas não se pode olvidar da seguinte reflexão: se naquela gigantesca manifestação de apoio ao candidato Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), 1% das pessoas presentes tivessem sido esfaqueadas por outros Adélios, não haveria UTIs e cirurgiões para atender a todos. A maioria delas não estaria contando a história.


Portanto, essa alegação de resistência atlética do presidente não se sustenta ante qualquer consciência sã.


Ora, se o presidente, que deveria ser o exemplo de cumprimento das regras sanitárias, é o primeiro a incitar a desobediência, o que se esperar, então, de quem precisa sair de casa para ganhar o pão de cada dia?


Aqui na nossa aldeia, o governador Gladson Cameli e a prefeita Socorro Neri, em que pese o esforço e dedicação de ambos nesta causa, não estão imunes ao bombardeio da artilharia de “ bolsominions”, que nem em suas administrações deveriam estar.




 


 


Luiz Calixto escreve às quartas-feiras no ac24horas.


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