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Após informes de que facção tomou conta da região, Cruzeiro do Sul não registra homicídios há dois meses

Criminosos fazem vídeos em região de floresta no Acre, onde é produzido drogas e esconderijo de armas - Foto: Reprodução
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Um fenômeno, no mínimo, intrigante vem acontecendo na cidade de Cruzeiro do Sul. Moradores relatam que desde que uma determinada organização criminosa se consolidou na região – no final do ano passado – nenhum caso de homicídio tem sido registrado no município há quase dois meses. A cidade tem uma população estimada em 88.376 habitantes, conforme última atualização do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e já chegou a liderar o ranking de mortes no Vale do Juruá.


Até agora, os únicos homicídios que se tem registrados oficialmente na região nesse início de 2020 ocorreram nas zonas rurais de Rodrigues Alves e Porto Walter. Ao ac24horas, o promotor de Justiça Bernardo Albano, coordenador adjunto do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), explicou que a atuação de determinada organização criminosa no local pode, sim, gerar num primeiro momento uma redução nos índices de homicídios. Isso devido à trégua na “guerra” entre grupos distintos.

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Porém, o promotor ressalta: “por outro lado, essa situação traz uma maior possibilidade de uma reação contra os mecanismos de segurança do estado”. Albano destaca que, apesar dos rumores da população, entre as autoridades do Ministério Público do Estado ainda não foi verificado se esse caso realmente procede na capital do Vale do Juruá.


“Esse fenômeno ainda deve ser muito recente para se tirar a conclusão de que [a presença da facção] tenha consequência direta na redução dos homicídios”, explica o promotor. Contudo, de acordo com Bernardo, também não se pode descartar essa possibilidade.


“Hipoteticamente, se há domínio em um território, vamos ter como consequência a diminuição dos homicídios decorrentes das guerras entre facções, mas há aumento de outros crimes como roubo, tráfico de entorpecentes e etc”, garante o jurista.


O que diz a Polícia Militar

Para o comando da Polícia Militar de Cruzeiro do Sul, embora pessoas possam suscitar alguma relação entre a redução de mortes violentas com a dominação da facção criminosa, a situação nada mais é que a representação do trabalho da instituição na cidade. De acordo com o comandante local, Major Evandro, a PM tem trabalhado bastante na região. “Relatórios mensais do Ministério Público do Estado demonstram uma queda nos homicídios, desde setembro de 2018”, garante o Major.


Um relatório apresentado pela instituição garante que 2019 foi um ano em que os crimes contra a vida apresentaram taxa de redução. “Quando comparamos com anos que apresentaram recorde em homicídios e tentativas, como 2017 e 2018, identificamos que o período de menor ocorrência desses fatos foi o ano de 2019”, diz a PM.


Para a instituição, essa redução de mortes se deve unicamente ao aumento do efetivo policial nas ruas e na intensificação das ações de inteligência, que tem se antecipado às ocorrências. “Essa combinação de ações, juntamente com outras medidas levaram ao controle de homicídios e tentativas, principalmente aqueles resultantes ou motivados por briga de integrantes de organizações criminosas”, explica o Major.


De acordo com os militares, crimes contra a vida podem ter relação com falta de prevenção e fatos que fogem do controle preventivo. “Infelizmente, existem crimes, que independentemente da presença policial ou planejamento adequado, irão ocorrer”, destaca o relatório.


Por fim, a PM afirma que a redução no número de homicídios é resultado de estratégias de combate ao crime. “Estão sendo efetivas e o empenho de todo o efetivo policial da policia militar do Vale do Juruá resultou em festas mais tranquilas para nossa família Cruzeirense”, salienta.


Para entender

Atualmente o município está fora das estatísticas de mortes violentas no estado. Contudo, no final do mês de novembro de 2019, houve dias turbulentos com relação a conflitos de criminosos em bairros periféricos de Cruzeiro do Sul. Ao final dos combates, a facção Comando Vermelho teria, inclusive, comemorado a tomada territorial que pertencia ao Bonde dos 13 com queima de fogos. Houve registro de queima de fogos também da mesma organização criminosa Mâncio Lima e Guajará, na divisa de Cruzeiro do Sul com o Amazonas (AM). Informações disseminadas em redes sociais alertavam a “comemoração da tomada de 100% do território cruzeirense”.


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