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Quebra de acordo entre facções rivais pode ter sido a causa do aumento da violência

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Especialistas afirmam que uma trégua visando lucro foi estabelecida e quebrada nesse início de ano, quando os grupos organizados fortaleceram os caixas e voltaram a disputar territórios estratégicos.


Janeiro fecha com um dos maiores índices de violência já registrado desde 2017, ponto mais agudo da guerra entre faccionados no Acre, quando 32 pessoas foram barbaramente assassinadas. Este ano, 38 mortes letais foram registradas até hoje (28).

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Mostrar a tendência de queda mensalmente tem sido um esforço do comando de segurança no Acre. Porém, especialistas ouvidos pela reportagem discordam desse festejo. Nas últimas semanas, o debate sobre a sensação de insegurança ganhou as redes sociais com direito a memes, fake news e fortes declarações da atuação da Força Nacional na região de fronteira – considerada o principal gargalo para o enfrentamento do crime organizado.


Um dos especialistas é oficial da reserva da Polícia Militar do Acre, por questão ética preferiu não se identificar. Afirma que mesmo com todo o investimento feito pelo governador Gladson Cameli é muito cedo para dizer que exista relação entre a redução dos números de mortes violentas com as políticas públicas executadas.


“Não existe maquiagem, os dados que mostram a redução da violência nem do governo são, tratam-se de plataformas sérias, porém, não há motivos para comemoração, é preciso observar a dinâmica do mercado do crime”, comentou o coronel.


Uma “onda temporária” diminuiu sensivelmente os indicadores de mortes letais no Acre e no restante do país durante doze meses do ano passado, isso pode ter relação com o que existe de moderno na gestão das facções, explica o coronel reformado. Ele acrescentou que os grupos criminosos para se conflitarem precisam de recursos. “Elas também têm um custo operacional, o que ocorre, fazem acordos periódicos para que ambas as partes aumentem o lucro e recupere o poder de fogo, esse pacto é feito no chamado Tribunal do Crime”, analisou.


Um advogado que pediu para não ter seu nome divulgado temendo represálias, disse que o acordo entre os faccionados segue um modelo empresarial que visa o foco no comércio de drogas pela fronteira. “O nome já diz, crime organizado, essa é uma tendência sofisticada, importada do sul e sudeste do país”, acrescentou o defensor.


O aumento da violência fez com que o vice-governador Major Rocha se manifestasse nas redes sociais. Um vídeo do tempo da campanha eleitoral viralizou exibindo o trecho onde o então candidato ao governo, Gladson Cameli o chamava como um “xerife” para dar um choque de segurança pública.


“Estamos fazendo tudo que podemos para devolver a paz para todas as famílias acreanas. A aquisição destas armas faz parte dos nossos esforços. Esse é um duro recado contra os criminosos e quero dizer para a população que vamos vencer essa guerra”, publicou o vice-governador em sua página social.


A “guerra” que o vice-governador se refere, segundo especialistas, ocorre dentro dos presídios. Vulneráveis e sob a tutela do estado, nas cadeias o poder público tem maior capacidade de pressão, estratégia elogiada no último domingo pelo Atlas da Violência em matéria publicada pelo jornal O Globo.


O coronel que contribuiu com a reportagem disse, no entanto, que prender não é a única fórmula de amenizar a situação, ele defende um conjunto de políticas dinâmicas como o próprio crime organizado.


“Esse é o momento vivido no Acre nesse início de ano. Foi necessário mudar as táticas, o grande número de veículos roubados e o aumento de crimes contra o patrimônio mostram o gerenciamento financeiro das facções, que se fortaleceram e voltaram a disputar território, espaço, até uma nova trégua. O estado precisa acompanhar essa dinâmica”, concluiu o coronel.

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