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José Bestene poderá ser chamado para depor na Polícia Federal por suposto tráfico de influência

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O deputado José Bestene (Progressistas) deverá depor a qualquer momento na sede da Polícia Federal em Rio Branco. Ele foi denunciado por suposto tráfico de influência. O caso envolve atores que participaram da última eleição na Federação da Indústria do Estado do Acre (FIEAC) em janeiro do ano passado. O novo capítulo mostra que nem tudo foi resolvido entre as partes.


Segundo o que a reportagem apurou, pesa contra o parlamentar uma gravação telefônica feita para um empresário no momento decisivo das negociações entre as chapas de José Adriano (eleito) e Francisco Salomão (derrotado). Bestene teria ameaçado de usar o braço do Estado na fiscalização de empresas ligadas ao grupo empresarial de José Adriano, que segundo o parlamentar, “desafiou o governo”.

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Advogados que pediram para não ter seus nomes identificados informaram a reportagem que três empresários envolvidos no processo eleitoral já foram convidados a depor como testemunhas do caso.


PARA ENTENDER O CASO – Em janeiro de 2019, a Federação das Indústrias do Estado do Acre iniciou o pleito eleitoral para a composição da Mesa Diretora para um mandato de quatro anos. Pela primeira vez na história, o pleito foi marcado por uma divisão de grupos: um liderado pelo atual presidente José Adriano, dono da MAV Construção e outro encabeçado pelo empresário Francisco Salomão (candidato do governo) e proprietário da Eleacre Engenharia.



O setor da indústria sempre foi parceiro do governo e as eleições nesta federação sempre obedeciam a uma espécie “escrutínio combinado”. Mas o pleito de 2018 saiu do controle do Palácio Rio Branco e as duas candidaturas postas deixava a entender que a disputa era entre grupos políticos do PT [José Adriano] e do governo [Francisco Salomão].


Com poucos dias no comando do Estado o governador Gladson Cameli (Progressistas) já era testado. Diante da força e credibilidade de José Adriano, o Palácio Rio Branco tremeu quando soube da tendência de voto dos empresários do setor. Várias frentes de emissários governistas entraram no jogo para tentar fortalecer a candidatura de Francisco Salomão, mas assessores de Gladson e Rocha negam que o deputado José Bestene tenha sido credenciado para negociar em nome do governo.


Na corrida pelos dez votos dos sindicatos que pertencem à federação, foi travada uma guerra silenciosa nos bastidores do mundo empresarial. Em jogo, um orçamento milionário para gerir a FIEAC, o poder sobre o Sistema S que tem SEBRAE, SESC, SESI, SENAI, IEL, sindicatos patronais das indústrias e grande influência nas políticas públicas.


Mesmo com a vitória do grupo de José Adriano, no dia 14 de janeiro do ano passado, a cisma ganhou vários episódios na Justiça, onde o atual presidente, reeleito, vem conquistando vitórias jurídicas, uma atrás da outra. A questão ainda é alvo de processo e tramitação nas instâncias superiores.


A pedido do deputado estadual José Bestene, a Assembleia Legislativa do Estado do Acre realizou em novembro de 2019, uma sessão solene em homenagem ao Sistema S no Estado. Quem assistiu os discursos dos deputados da base do governo e dos empresários que lideram as instituições, pode ter apostado todas as fichas de que, finalmente, todos voltavam a se unir pelo Acre.


Leia também: Eleição da Fieac leva empresários a jogo de intrigas e acusações


Não foi bem assim. Uma denúncia já havia sido protocolada no Ministério da Justiça, em Brasília, ao ministro Sérgio Moro, que, segundo informações, determinou a imediata investigação do suposto tráfico de influência que envolve o deputado José Bestene e até o governador Gladson Cameli e seu vice-governador Major Rocha.

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Até o final do ano passado, tanto o vice-governador como o deputado José Bestene fizeram várias reuniões com José Adriano e membros da diretoria eleita da FIEAC, tratando de pautas relevantes para o desenvolvimento do estado como a integração entre Acre e Peru via Pucallpa, e intercâmbios econômicos e culturais com os países andinos, agenda que Major Rocha tem se envolvido pessoalmente.


Além disso, o apoio da federação na realização da Expoacre e Expo-Juruá foi digno de rasgados elogios por membros do staff governamental, e por último, a participação na elaboração dos modelos de fardamento escolar, com participação do SENAI em todo o processo.


Este ano, diante do novo capítulo envolvendo as partes, ainda não se sabe qual será a postura adotada. Sabe-se que nenhuma das partes voltou a sentar na mesma mesa, nem mesmo para um cafezinho. Antes de viajar para Las Vegas, o vice-governador Major Rocha foi informado sobre o assunto. O deputado José Bestene também já teria informações do caso.


O áudio gravado pelo empresário com a suposta voz de José Bestene é a prova técnica, mas, o alvo, é o vice-governador Major Rocha e o governador Gladson Cameli com vistas às eleições de 2022. Este áudio que circulou em grupos de WhatsApp e mostrava claramente as ameaças ao candidato vitorioso, deixando claro o poder do deputado José Bestene que tentava declinar a candidatura de José Adriano.


Mas o esforço do governo foi em vão. No dia 14 de janeiro de 2019, José Adriano foi reeleito presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre, ao obter 6 dos 10 votos válidos. José Adriano Ribeiro da Silva tem 52 anos, é empresário do setor da construção civil e a votação lhe garante o mandato de quatro anos – 2019/2022. Ele é tecnólogo em edificações e licenciado em matemática.


Diante das provas colhidas durante o período eleitoral, uma denúncia foi feita junto aos órgãos judiciais. Na época os advogados do Major Rocha chegaram a levar o caso ao conhecimento do ministro Sérgio Moro, que determinou uma apuração dos fatos. Agora a Polícia Federal abriu um inquérito e que saber até onde o deputado José Bestene usou a sua influência para tentar evitar a derrota do governo.


Tráfico de influência consiste na prática ilegal de uma pessoa se aproveitar da sua posição privilegiada dentro de uma empresa ou entidade, ou das suas conexões com pessoas em posição de autoridade, para obter favores ou benefícios para si própria ou terceiros, geralmente em troca de favores ou pagamento.


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