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Empresário diz que grupo do deputado Antônio Pedro se apossou da Associação Comercial

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O ano de 2019 chega à sua reta final em Xapuri com uma polêmica que opõe empresários políticos – ou vice-versa – que lutaram na mesma trincheira das últimas eleições estaduais, pelo menos no que se refere ao pleito majoritário. Nas pontas do cabo de guerra estão o deputado Antônio Pedro (Dem) e o ex-vereador Celso Paraná, presidente do diretório do MDB no município.


Celso Paraná afirmou neste sábado, 28, ao ac24horas, que membros do grupo político do deputado democrata se apossaram da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Xapuri como se a entidade fosse patrimônio pessoal do parlamentar. Ele diz que a associação está inativa desde 2013, quando se encerrou o mandato do então presidente João Honorato Cardoso, correligionário de Antônio Pedro.

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O empresário explicou que, com a vacância na associação, foi acordado, há algum tempo, entre os associados, que João Cardoso, na condição de último presidente, convocaria novas eleições, o que foi feito, tendo ele, Celso Paraná, sido o único a apresentar chapa ao pleito, uma vez que nenhum outro associado se propôs a assumir a entidade.


Depois disso, segundo Celso Paraná, o ex-presidente João Cardoso cancelou a realização das eleições alegando que havia na chapa nomes de pessoas que não eram associadas à entidade, afirmando, inclusive, que o próprio Paraná não seria associado. Depois disso, o contador Everaldo Nascimento de Castro teria sido aclamado como o novo representante da instituição em um processo contestado pelo ex-vereador.


Entre outras afirmações, Celso Paraná diz que a associação está há mais de 6 anos sem conta bancária e sem que se saiba para onde estão indo os valores arrecadados com os aluguéis de algumas salas da sede da entidade, que estava endividada em R$ 7 mil com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre (Federacre), o que a mantinha sob o risco de cassação do CNPJ.


Paraná ainda acrescenta que para a Federacre, ele é o legítimo dirigente da associação por ter sido o único a apresentar chapa para a disputa da eleição não realizada.


“Sou o presidente, inclusive escalonamos o débito junto à Federacre, mas não tenho acesso à sede da Associação, pois a chave está retida pelo grupo do deputado Antônio Pedro. Não posso ir lá e derrubar a porta, por isso estamos considerando impetrar um mandado de segurança e judicializar a questão caso não haja o entendimento de que a entidade não é um patrimônio particular, mas da categoria dos comerciantes”, afirmou.


O ex-presidente da Associação Comercial, João Cardoso, rebateu as afirmações de Celso Paraná dizendo que, desde 1994, quando foi refundada, a entidade jamais esteve parada. Afirmou, porém, que por um período de três anos não foram arrecadadas as mensalidades, o que foi retomado a partir de 2017, quando, por “assembleia geral de renovação” e conforme “edital de convocação de chapa e eleição”, foi aclamado presidente o contador Everaldo Castro, empresário do ramo de serviços e corretor imobiliário.


“Em 2017, voltamos a colher as mensalidades e participar mais ativamente, surgindo o desejo de renovação da diretoria. Nesse sentido, baseado no estatuto da associação, seria impossível permitir a composição do nome do nosso parceiro e amigo, o empresário Paraná, para fazer parte da chapa, tendo em vista que o nome dele não constava na lista de renovação de 2017″, afirmou João Cardoso.


A reportagem entrou em contato com o deputado Antônio Pedro, citado nas afirmações de Celso Paraná. O parlamentar respondeu que não existe motivo para polêmicas, que a Associação Comercial tem presidente e que as argumentações de Paraná não procedem. O deputado disse ainda que uma reunião será agendada para que todos os envolvidos possam resolver o problema, segundo orientação da direção da Federacre.


“Não procede, não procede. O Paraná faz essa confusão toda que não adianta nada. Nós já conversamos com o (Rubenir) Guerra e estamos esperando o retorno do João Cardoso, que está hospitalizado em Rio Branco, para que façamos uma reunião com o Paraná para resolver essa situação. A Associação Comercial sempre fomos nós, o presidente pode ser qualquer um”, disse o deputado em tom conciliador.


Consultado pelo ac24horas a respeito da contenda, o presidente da Federacre, Rubenir Guerra, respondeu que a questão precisa ser resolvida por meio do consenso. Segundo ele, algumas questões têm que ser sanadas com urgência, pois o trabalho de reestruturação das associações comerciais empreendido pela Federacre e pelo Sebrae passa pela Associação de Xapuri, que possui uma história centenária – ela foi fundada em 1913.

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“Precisamos de uma reunião entre os interessados em participar da diretoria da associação. Faremos uma reunião no começo de janeiro para tentar encontrar um consenso porque os verdadeiros interessados, que são os empresários, não podem ter prejuízo. Caso não haja uma união entre as partes, a questão é muito simples e tem que ser decidida pelos associados em um pleito direto”.


História centenária

Fundada em 1913, a Associação Comercial de Xapuri é a segunda mais antiga do Acre. É verdade que na maior parte desses mais cem anos de existência, a organização não existiu na prática, enfraquecida pela falência da atividade da borracha, sendo retomada há pouco menos de 30 anos a partir das gestões dos empresários Antônio Pedro Mendonça e João Honorato Cardoso.


Testemunha da decadência econômica do município, a organização dos comerciantes de Xapuri é um símbolo da luta contra enormes dificuldades que afetam a economia local e impulsionam as pessoas para atividade informal.


Nas últimas três décadas, a associação comercial encontrou no governo do estado e no Sebrae, os parceiros ideais para mudar a antiga realidade e passou a figurar como personagem importante, no âmbito local, dentro das discussões de importantes ações do governo para o município.


Com o governo, a associação conseguiu recursos para concluir a construção da sede da instituição, com a implantação de um auditório com ar condicionado e capacidade para receber cerca de 50 pessoas. O lugar é hoje um dos principais locais de reuniões, palestras e seminários realizados na cidade. A associação cobra dos realizadores de eventos desse tipo uma taxa para manutenção do espaço.


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