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MPF denuncia 12 por esquema que usava o Acre como rota de imigração ilegal

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O Ministério Público Federal denunciou 12 pessoas envolvidas num esquema transnacional de imigração ilegal que utilizava o Brasil como rota para o ingresso irregular de estrangeiros nos Estados Unidos. Entre os denunciados estão sete bengaleses, três paquistaneses e dois brasileiros.


O grupo cobrava entre R$ 25 mil e R$ 47 mil para viabilizar a entrada indevida de imigrantes no território nacional e encaminhá-los até a fronteira estadunidense, passando por nove países da América Latina. O trajeto, por terra, incluía atravessar a pé a Selva de Darién, entre a Colômbia e o Panamá, sob o risco de ataques de animais e narcotraficantes, além de passar pela fronteira do México com os EUA, onde eram comuns os sequestros de imigrantes pelos cartéis mexicanos.

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O esquema era liderado pelo bengalês Saifullah Al Mamun, preso em 31 de outubro de 2019, durante a deflagração da Operação Estação Brás pela Polícia Federal. O denunciado utilizava sua agência de turismo e a logística montada no Brasil e em outros países para viabilizar o acesso ilegal dos imigrantes. Interceptações telefônicas, dados bancários, documentos e e-mails obtidos durante as investigações mostram que o grupo atuava pelo menos desde 2016, contrabandeando pessoas oriundas de nações asiáticas, como Bangladesh, Paquistão, Nepal, Índia e Afeganistão.


Os estrangeiros eram aliciados em seus países de origem e recepcionados no aeroporto internacional de Guarulhos por integrantes da organização criminosa. Eles eram mantidos em locais controlados pela quadrilha na região do Brás, em São Paulo, onde permaneciam até que pagassem os valores cobrados pela imigração ilegal – R$ 25 mil para entrada no Brasil ou R$ 47 mil para os EUA.


Para garantir o ingresso dos asiáticos em território nacional, o grupo formalizava pedidos fraudulentos de refúgio à Polícia Federal, utilizando informações falsas. As autoridades eram comunicadas de que os supostos refugiados ficariam na casa de parentes, quando, na verdade, permaneciam em endereços pertencentes ao esquema criminoso. Dois advogados brasileiros foram responsáveis pelas petições fraudulentas. Como alternativa à solicitação de refúgio, a entrada dos estrangeiros também era viabilizada por meio da obtenção de passaportes falsos ou de cartas de tripulantes marítimos falsas, o que possibilitava o ingresso no Brasil sem a necessidade de visto.


Após a permanência em São Paulo por cerca de dez dias, os imigrantes eram encaminhados para Rio Branco e transportados até a fronteira do Brasil com o Peru. A jornada terrestre até os Estados Unidos seguia então por Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e México. As condições desumanas e degradantes a que as vítimas eram submetidas durante toda a rota incluíam não só mortes durante a jornada, como o cerceamento de locomoção, e, ao fim, a prisão em território norte-americano por imigração ilegal.


As provas colhidas demonstram que a organização criminosa possui tentáculos em Bangladesh e nos países latino-americanos utilizados na rota clandestina até os EUA. Além disso, a atuação do grupo não estava limitada a trajetos envolvendo unicamente a cidade de São Paulo, havendo evidências da passagem ilegal de estrangeiros por Recife e de rotas alternativas por Boa Vista e mesmo por outros países da América do Sul antes do ingresso no Brasil.


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