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Pronto-Socorro diminui tempo de permanência de pacientes na ortopedia e observação

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Para boa parte da população, pronto-socorro é sinônimo de espera e superlotação. Até poucos dias atrás, o atendimento a pacientes com algum tipo de trauma – lesões graves, endossava esse conceito devido a aglomeração nos corredores do pronto-socorro de Rio Branco. Contudo, esta é uma realidade que vem mudando aos poucos, desde a implantação de um novo modelo de gestão no hospital de emergência da capital acreana, que atende uma média de 250 pacientes por dia.


Em 12 dias, a contar da primeira semana deste mês de setembro, quando o plano de ação começou a ser executado, a gestão conseguiu extinguir as filas de pacientes ortopédicos nos corredores do pronto-socorro e acredita já ter alcançado 50% do planejado para um período de 30 dias.

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Mesmo assim, o setor de observação do hospital de emergência de Rio Branco ainda é um problema a ser solucionado. Mas de acordo com o diretor-geral da unidade, o enfermeiro Areski Peniche, o trabalho que vem sendo realizado internamente irá refletir positivamente na área de observação dentro de alguns dias. Por enquanto, é comprovado por meio de números que o tempo de permanência do paciente no pronto-socorro já diminuiu significativamente no atendimento de ortopedia, o carro-chefe do hospital.


“Quando assumimos o pronto-socorro, estava com um cenário ruim. Muitos pacientes nos corredores, especialmente na clínica ortopédica. Tínhamos uma característica que implica na qualidade de assistência, que é o tempo de permanência média que os pacientes ficavam no hospital. E esse tempo de permanência estava muito alto”, explica Peniche.


Segundo o diretor, o PS estava mantendo pacientes em clínica médica há 30 ou até 40 dias internados. Nas salas de observação, ficavam pacientes com 28 ou até 30 dias de internação observada, sendo que o recomendado é que o mesmo permaneça em observação por até 24 horas. “Então colocamos como meta resolver esse problema. Primero, diminuir o represamento dos pacientes ortopédicos, que estava realmente muito alto”, afirma Areski.



A ideia é que essa mesma diminuição de permanência de pacientes ocorra nos demais setores do hospital. Hoje, a capacidade do centro cirúrgico da unidade é limitada para os pacientes que necessitam ser operados mais de uma vez, então, ficou estabelecido que “se o paciente não estiver com uma fratura exposta e não houver risco de infecção, ele receba o atendimento, faça a cirurgia, vá para a enfermaria, fique internado 24 horas e já encerre o tratamento ali”, exemplifica o diretor.


Segundo a direção, existem exceções relacionadas à pacientes, quando não é possível executar esse plano devido em alguns casos possuírem fratura exposta e algum risco de infecção. Porém, o que acontecia, conforme relatado pelas equipes do hospital, era que os pacientes que haviam passado por cirurgia na clínica ortopédica e tinham alguma propensão a infecção, ficavam mantidos no hospital tomando antibiótico sem definição de encaminhamento, sem saber se iriam permanecer no pronto-socorro ou se iriam ser transferidos para a Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre). E é exatamente isto que vem sendo modificado gradativamente.


A fisioterapeuta Denise Diniz afirma que notou no cotidiano do hospital as mudanças e aprova o novo modelo de gestão. “Vejo que realmente está tudo caminhando muito bem. Os detalhes que restam ser acertados condizem apenas à conduta profissional de cada um, mas no geral, vemos que o hospital está tendo uma nova roupagem, que é um bom sinal para os pacientes”.


Nova escala médica

O pronto-socorro possui três salas cirúrgicas. Uma atende casos de ortopedia, outra direcionada para cirurgia geral e a terceira atende casos de eventualidade. “Quando assumi, abri o diálogo imediatamente com a Fundação Hospitalar. A secretária de saúde [Mônica Feres] já havia conversado com os ortopedistas e anestesistas para fortalecer a equipe”, disse o atual diretor do pronto-socorro.



A saúde local decidiu programar uma nova escala médica no centro cirúrgico do hospital de emergência de Rio Branco. A ala cirúrgica do pronto-socorro agora conta com dois médicos ortopedistas, que permanecem na unidade durante 24 horas, todos os dias, além de três anestesistas, no período da manhã, e dois à noite. No total, a unidade conta com nove médicos anestesistas e 18 ortopedistas.

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“Mas com isso ficamos com muitos profissionais e pouco espaço para operar. Assim, chegamos ao entendimento de que poderíamos levar os pacientes e alguns profissionais para uma sala da Fundação Hospitalar”, ressaltou Peniche. Foi então que dois ortopedistas e um médico anestesista do pronto-socorro começaram a operar pacientes da unidade emergência na Fundhacre. “Esse foi o plano, e deu certo”, garante o diretor.


Plano em execução

Para conseguir chegar a esta conclusão, a direção do pronto-socorro planejou ações e iniciou, no dia 2 de setembro, a execução do planejamento. Segundo Areski, do dia 2 de setembro até essa quinta-feira, dia 12, o hospital não teve mais casos de pacientes aglomerados no corredor da clínica ortopédica.



“Quando assumi no dia 1º de agosto, tínhamos 39 pacientes em leito e mais 37 pacientes em macas no corredor do hospital. Uma situação de guerra. Em 30 dias zeramos as filas ortopédicas nesse corredor”. Areski diz ainda que a rotatividade dos pacientes tem sido trabalhada de uma maneira constante. “O que tem acontecido de uns dias para cá, é, por exemplo, à noite lotam a enfermaria e entra um ou dois pacientes a mais, que ficam no corredor. No dia seguinte, após a visita médica, ocorrem as altas e um ou dois pacientes que estavam no corredor vão para o quarto”, esclarece. Segundo o diretor, “ainda é dia 12, nossa programação é de 30 dias para poder zerar esse problema”, assegura o enfermeiro.


O percentual de mudança para programação do mês de setembro já alcança os 50% do que a nova gestão se propôs. “Mas queremos chegar ao final do mês com 100% dos pacientes represados devidamente operados e a garantia do atendimento final de todos os pacientes que entraram durante esse período, para que eles não fiquem represados aqui”, explica o diretor.


Sistema Kanban

Esse sistema faz o monitoramento de todos os pacientes que entram no hospital e tem sido um grande auxiliador no novo modelo de gestão. Por ele, foi possível verificar que até essa quinta-feira, a clínica cirúrgica-geral mantinha 32 pacientes, com uma capacidade total para 39. Na cirúrgica ortopédica, também com capacidade para 39 pacientes, estava com 37 internados, com uma sobra de dois leitos. “Nesse sistema fazemos o monitoramento de quantos dias o paciente se encontra na unidade. Isso é um referencial de qualidade de assistência que nós estamos buscando”, diz Areski.



Um único paciente que se encontra no hospital há 59 dias na fila cirúrgica se dá, de acordo com a direção, por motivos de uma infecção grave. “Com relação à observação, clínica médica, ainda não conseguimos nos livrar do corredor [aglomerado de pacientes], porque ainda existem pacientes que não deveria estar no pronto-socorro que nos procuram”. O setor de observação tem abrigado cerca de 46 pacientes, mas possui uma capacidade para abrigar uma quantidade bem menor de pessoas adultas.


Redução na permanência do paciente

Mesmo assim, o grande feito até agora também tem sido com relação à redução da permanência do paciente na sala de observação da unidade. “Na semana passada, o tempo médio dos pacientes na observação diminuiu significativamente. Está abaixo de cinco dias e a grande maioria está entre zero e um dia”, diz o diretor.


Só nessa quinta-feira, nove pacientes entraram para o setor de observação. “De um total de 46 pacientes, a sala de observação tem 30 pacientes que ficam internados até no máximo dois dias. Isso também é um indicador de qualidade, porque no começo do mês passado, tínhamos mais da metade dos pacientes acima dos 15 dias, ou até com ate 30 dias de permanência na observação”.


A maior parte dos pacientes que se encontram internados hoje fica abaixo dos cinco dias de internação. O enfermeiro garante: “é esse monitoramento que temos feito. Tem paciente no corredor ainda na observação, mas são pacientes com menos de três dias na unidade e que já estão com destino definido”.


A Sesacre tem tentado fortalecer a relação intergestores, preconizando o trabalho realizado dentro da unidade, para que a população compreenda o que o Areski afirma: “o problema não está no pronto-socorro, a bomba estoura no pronto-socorro”, se referindo a algumas deficiências do atendimento na Atenção Básica de Saúde (UPA e postos de saúde).


“Já tivemos pacientes com queda de motocicleta que chegou aqui no começo da noite, foi operado na madrugada e 10 da manhã do dia seguinte já foi liberado totalmente tratado. Esse para nos é o padrão. Se o paciente não tem outro tipo de problema, ser tratado e liberado para casa”, garante o gestor.


Protocolo no atendimento

Um fator que fez do pronto-socorro de Rio Branco uma bomba-relógio prestes a explodir, de acordo com profissionais da saúde, foi atender muitos casos que chegavam à unidade, sem seguir o protocolo de emergência. Esse comportamento também vem da falta de credibilidade e confiança do paciente para com a atenção Básica de Saúde e acabam recorrendo ao hospital de referência em atendimento emergencial.



Por isso, a unidade vem tentando mudar essa forma de atendimento para fazer jus ao comprometido com serviços emergenciais. “Há uma diferença entre ser mal atendido, não ser atendido e não ter um perfil do paciente que precise de atendimento de emergência”, diz Peniche, destacando o trabalho voltado a essa conscientização. “Nenhum paciente quer ficar mofando dentro de um hospital, então a primeira coisa que fizemos foi reduzir a demora da permanência no hospital e reconhecer casos que devem ser direcionados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou postos de saúde”.


Segundo a direção do hospital, a segunda-feira é o dia mais crítico de atendimento. “Tem pessoas que extrapolam no final de semana na comida, na bebida, no doce, e acabam procurando o pronto-socorro. Como pacientes com pedra na vesícula que comem carne gorda e chegam com dor ao hospital, ou aquele que ingeriu bebida alcoólica e passou mal com glicemia baixa, fora de uma situação de emergência. Por isso existem critérios e protocolos para serem atendidos no pronto-socorro”, observa o enfermeiro.


Segundo Areski, o hospital precisa de um tempo para resolver a questão da prioridade no atendimento e reconduzir os pacientes que não precisam de um serviço de extrema urgência. “Quando avançarmos, campanhas de massificação da informação serão colocadas [à população]”.


Reforma


O hospital mantém 230 pacientes internados entre clínicas médica, terapia intensiva e salas de emergência. Com a convocação dos aprovados no último processo seletivo da Sesacre, a unidade espera um incremento de profissionais. “O entendimento é diminuir o tempo de permanência do paciente, esse é o grande mote de nossa gestão e garantir resolução do paciente”, ressalta Areski Peniche.


Após inauguração da verticalização do prédio, o governado do Acre deu início à demolição de duas antigas alas do pronto-socorro de Rio Branco. Em uma delas, funcionará o estacionamento da unidade de urgência e emergência. O outro prédio, onde funcionava uma das enfermarias do PS, também será destruído em breve. No local, o governador Gladson Cameli promete erguer uma nova e moderna estrutura hospitalar. A ordem de serviço da segunda etapa de obras do Pronto Socorro foi dada no início do mês de agosto. A previsão de entrega do hospital totalmente repaginado é para até julho de 2020.


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