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Fim do convênio com o estado faz pacientes com câncer padecerem sem assistência médica na casa de apoio

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Pacientes que dependem da Associação Amigos do Peito, uma casa movimentada por um grupo de apoio a pessoas com câncer, alegam estar passando por dificuldades desde que o governo do estado cancelou o convênio que tinha com a entidade, localizada na Estrada da Floresta, no bairro João Eduardo, em Rio Branco. Entre os moradores, está uma criança de apenas 4 anos, que precisou vir com o pai de Cruzeiro do Sul buscar tratamento contra a leucemia.


A casa é própria e foi edificada em 2007 com apoio da maçonaria, da prefeitura e de duas empresas privadas. Desde então o local é mantido com doações. Contudo, os profissionais de saúde contratados pelo governo para atender esses pacientes não recebem mais há oito meses, por isso, ficam impedidos de prestar serviços com exclusividade aos pacientes que lá vivem.

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Terezinha Ferreira veio da zona rural de Porto Walter para Rio Branco em janeiro de 2019 para se tratar de leucemia, já que no município ou cidades próximas não há o tratamento que ela precisa. Segundo ela, a atual situação na casa de apoio é precária. “A dificuldade maior é porque os funcionários da casa não recebem salário, então eles vêm voluntariamente, quando podem. Já passei muito mal aqui e não tinha nenhum enfermeiro ou técnico para me ajudar”, relata a moradora.


Além disso, o motorista da entidade, que ajudava no transporte dos pacientes às consultas e realização de exames, também teve o contrato cortado. Hoje ele ainda ajuda os pacientes voluntariamente, mas quando pode. “Seu Jorge vem aqui duas vezes por semana para levar a gente ao médico, já é uma grande ajuda, mas eu, por exemplo, preciso ir quase que diariamente aos hospitais e não tenho condições de pagar o transporte todos os dias”, diz Terezinha.


Hoje, cerca de 10 pessoas – entre pacientes e acompanhantes, vivem no local, mas esse número já ultrapassou os 40 em anos passados. Uns estão há mais tempo, outros chegaram recentemente. O que todos almejam é que o convênio volte a existir com o governo para que os funcionários de saúde possam atender na casa de apoio. “Precisamos desses profissionais aqui. Estamos muito tristes com isso”, diz Leiriane, de 32 anos, que também saiu da zona rural, mas de Tarauacá, para tratar de leucemia. Há 10 anos ela luta contra a doença sem poder trabalhar ou cuidar dos cinco filhos, que deixou em casa.


“Sinto falta do acompanhamento de profissionais na casa de apoio. Às vezes fico com muita dor e não tem ninguém nem para medir nossa pressão”, diz ela, que recentemente também teve o benefício de auxílio doença, no INSS, cortado.


O sentimento entre os pacientes é um só: o lugar é de extrema importância. “Se não existisse, não teríamos como ficar aqui, não temos parentes em Rio Branco e não teríamos como pagar aluguel”. O momento é de dificuldades, mas eles não perdem a fé. “Estamos orando para esse convênio voltar”.


O que diz o governo – pendência na prestação de contas do convênio anterior

Ao ac24horas, a porta-voz do governo no Acre, Mirla Miranda, informou que a subvenção social que formaliza o repasse deste ano ainda não foi assinada porque a Central de Articulação das Entidades de Saúde do Acre (CADES) ainda não finalizou a apresentação das informações solicitadas referente a prestação de contas final do convênio anterior.


“É feita co-execução dos repasses com a CADES. No convênio de 2018, ou seja, gestão passada, foi feita aditivação por meio de ofício, e o que era legalmente devido, já receberam. Mas precisamos analisar a prestação de contas final do exercício anterior,–pontuando que a responsabilidade das informações é da entidade – para encerrar o convênio de 2018. Só assim, poderemos assinar novo convênio”, explica Miranda.


Segundo o Executivo, não se promove o novo convênio com pendência de prestação de contas final do convênio anterior. “Esses trâmites não são realizados diretamente com a instituição, mas por meio da CADES. E é central que faz o repasse às entidades. No momento, a Sesacre está analisando a documentação apresentada”, finalizou a porta-voz.


FOTOS: KENNEDY SANTOS


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