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O que ainda falta a Gladson aprender sobre política – Archibaldo Antunes

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A pouco menos de uma semana de atingir a marca dos seus primeiros cem dias no comando do governo do Estado, o progressista Gladson Cameli colhe resultados nada satisfatórios. Tanto os que dizem respeito à sua gestão – vítima da paralisia decorrente do rombo fiscal deixado pelo antecessor, como também da inércia resultante do modelo administrativo centralizador adotado até o momento –, quanto aqueles relativos à percepção popular sobre o seu desempenho nesses primeiros três meses.


Mais da metade dos rio-branquenses (ou precisamente 58% das pessoas consultadas pelo instituto Data Control) afirma não vislumbrar no chefe do Executivo Estadual autonomia para governar consoante as prerrogativas que lhe foram concedidas pelas
urnas, nas eleições de outubro de 2018.

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E esse não vem a ser apenas um pormenor a manchar a biografia de quem, ao derrotar os longevos governos do PT, assumiu também a responsabilidade de imprimir uma marca que o diferenciasse, ética e politicamente, dos antecessores.


Se a fraqueza dos opositores depende, em grande parte, da força do adversário no poder, a debilidade deste tende a fortalecer a atuação daqueles.


Há mais de 500 anos, Nicolau Maquiavel já alertava, em sua obra O Príncipe, que os governantes precisam estar atentos ao povo. E povo algum se inclina a apoiar líderes vacilantes. Ensina o filósofo o seguinte: “Os Estados bem governados e os príncipes prudentes sempre cuidaram para não levar o desespero aos grandes e para agradar e contentar o povo (…)”.


Não só o povo anda descontente como a classe empresarial já armou o cabo de guerra contra o gestor estadual – sobretudo devido ao decreto que impõe limites à participação das empresas locais nas tomadas de preço governamentais.


Em relação aos eleitores que não veem em Gladson o timoneiro do barco à deriva, o percentual dos que apoiam a despetização da administração pública é apenas 9% menor: dos 500 entrevistados, 49% se declararam contra a nomeação de antigos militantes do
PT ou de pessoas anteriormente ligadas aos governos do partido.


Acredito que esses dois resultados da pesquisa estão, de algum modo, interligados na cabeça do eleitor. Resta desvendar o enigma do que poderíamos chamar de ‘efeito Tostines’: Gladson não governa sozinho por ter optado em convocar para sua gestão uma horda de ‘companheiros’, ou estes continuam a passar pela porta sem o consentimento daquele que se mostra incapaz de mandar no governo?


Em ambos os casos, o Sr. Cameli dá impressão de que não tomou para si as rédeas do poder – um erro do qual se beneficiam opositores e tendem a tirar proveito os aliados mais astutos.


Archibaldo Antunes é Jornalista.


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