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Rabo de cavalo

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Luiz Calixto


Uma lupa sobre os dados socioeconômicos do Estado do Acre mostrará a triste realidade: o nosso crescimento se deu no estilo rabo de cavalo, ou seja, pra baixo.

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Fábrica de camisinhas, de tacos, frigorífico de peixes, programas de açudagem, florestania, Zona de Processamento de Exportação, criação de carneiros, de frangos e porcos, plantação de coqueiros etc. Nada prosperou. A única história que se pode contar destes empreendimentos e programas é que a conta do endividamento deles estará no lombo de várias gerações de acreanos. Foi muita propaganda pra pouca produção.


As mudanças urbanísticas e arquitetônicas no centro de Rio Branco são reflexos dos vultosos empréstimos contraídos e não têm qualquer relação com o crescimento econômico.


Parece até que temos uma cabeça de burro enterrada em solo acreano. Nada, até agora, deu certo.


Ambiente econômico favorável e dinheiro no balde não faltaram, todavia a bonança da estabilização econômica do bendito Plano Real causou pouco ou quase nenhum impacto no desenvolvimento local.


O sucesso empresarial de poucos esteve mais relacionado às afinidades  político-partidárias do que propriamente ao tino empresarial. A economia local ainda não conseguiu sair da barra da saia do contracheque do funcionalismo público.
O pouco que se obteve não se deu de forma sustentável, ou seja, estes empreendimentos só funcionaram enquanto as muletas do orçamento públicos estiveram amparando a caminhada capenga  desses negócios.


Para analisar o nível de “industrialização”  do Acre, basta ver o perfil dos dirigentes da Federação das Indústrias: salvo, no máximo, uma ou duas honrosas exceções, chamá-los de “capitães da indústria” é uma ofensa a quem, de fato, produz.
Desde o governo de Nabor Junior, em 1983, comitivas de empresários, com despesas pagas pelo governo, óbvio, iludem o povo acreano com a potoca de abrir o mercado peruano para os produtos acreanos, mas, por enquanto, nenhum bife  chegou à mesa dos “ hermanos”.


A questão central desse entrave ao desenvolvimento é que o Acre ainda não está inserido na rota do desenvolvimento nacional. Somos, sem nenhum demérito, o final da linha. Produzir aqui ainda é inviável e muito caro, situação que, infelizmente, perdurará por muito tempo.


A baixíssima produtividade e os custos da nossa produção impedem qualquer concorrência com os “produtos de fora”. Nossa única atividade competitiva é a pecuária de corte extensiva, e, ainda assim, gera poucos empregos.


Mesmo com todos os incentivos fiscais concedidos, o frango criado e engordado com o milho acreano é mais caro que o frango da Sadia importado de Santa Catarina.  Na boca de político, a solução é fácil: todos falam em atrair “indústrias”, sem levar em consideração que não temos um mercado consumidor atraente, que permita uma escala de produção significativa e que a “saliva” pode até ganhar votos, mas não gera renda nem movimenta máquinas.


O melhor seria deixar de sonhar alto demais e pensar o Acre do tamanho que o Estado é efetivamente, privilegiando a pequena produção e as pequenas inversões industriais.

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Enquanto as indústrias não chegam não vamos alimentar nossa esperança com as propagandas governamentais.


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