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Namoro do Acre com a soja é antigo mas nunca virou casamento

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A proposta de fazer do Acre um grande celeiro de produção agropecuária não é nova -pelo contrário é o projeto econômico mais antigo dos governos que se sucederam até chegar a Gladson Cameli, cujo carro-chefe é o agronegócio. Gladson tem visitado unidades de produção de soja transparecendo que a ideia é nova. O namoro com a cultura começou de fato quando Gladson ainda era um jovem estudante e nem sonhava ser político. Foi no governo de Jorge Viana, em 2000, quando Blairo Maggi esteve em Rio Branco apresentando o então projeto Amaggi que apoiou a construção do terminal graneleiro e a consequente implantação da hidrovia do Rio Madeira. A família Maggi contratou uma consultoria para estabelecer a melhor rota de navegação entre Porto Velho e Manacapuru, onde se instalavam grandes portos no Rio Amazonas próximos ao Oceano Atlântico. Blairo Maggi não era político nesse tempo.


Blairo Maggi proferiu uma palestra sobre agronegócio, na época ativa capitaneada pela cultura da soja no Brasil, a interessados no auditório da Delegacia Federal de Agricultura. Usando um CD, Maggi mostrou aos presentes -umas 40 pessoas -que as balsas iriam transportar a soja que então era produzida no MT -e mais tarde as que seriam colhidas em Rondônia e no Acre – com o menor custo logístico possível para a Europa. Falava-se muito na Holanda, talvez um importante consumidor do produto naquele período.

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Todo governo recente, de Jorge Viana ao atual Gladson Cameli – teve seu entusiasta no agronegócio: Antonio Monteiro, Sibá Machado, Mauro Ribeiro, José Reis. E nesse entusiasmo a soja sempre pediu passagem. Além de impeditivos ambientais, a cultura necessita de grandes áreas para valer à pena. Em resposta ao jornalista Altino Machado, um grupo de especialistas ligados à Frente Popular do Acre emitiu nota avaliando negativamente o cultivo da soja no Estado, elevando fatores como transgenia, impactos no solo, concentração fundiária, entre outros. Em contraponto, especialistas de outras matizes afirmam que o negócio vai acontecer no Acre. “Soja no Acre é uma coisa que jamais imaginávamos”, disse o agrônomo Maurício Palma Nogueira, coordenador de pecuária da consultoria Agroconsult, de Florianópolis (SC), à revista Dinheiro Rural na edição de abril de 2018 -em pleno governo petista. Apesar dos cultivos aqui e acolá a a produção acreana de soja representa 0,0% da colheita nacional. Sequer entra nas estatísticas. O desafio portanto não é rondonizar o Acre. É dar números a essa rondonização.


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