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Orbitando no espaço da irrealidade

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6:50 da manhã de ontem. O celular toca. Do outro lado da linha era o governador eleito Gladson Cameli me convidando para a sua diplomação. Engatamos uma breve conversa e lhe perguntei no decorrer, como tinha sido o seu encontro com o governador Sebastião Viana , ao fim da transição. Ficou boquiaberto com a explanação do governador, que traçou um quadro do Estado, comparável a países do primeiro mundo como a Suíça. Indaguei qual a sua resposta: “escutei”, disse. E completou: “Luis Carlos, a largura e a fundura do buraco que vou receber eu só vou saber mesmo depois que tomar posse. Mas meu governo vai dar certo. Preste atenção no meu discurso de diplomação.” Gladson tem passado nas últimas conversas que tivemos uma preocupação com o caos que estará herdando, mas ao mesmo tempo muito otimismo de que fará uma boa administração. Findo o diálogo, fiquei a matutar depois da conversa, com os meus botões: mesmo com tudo o que está acontecendo num final de governo melancólico, devendo a meio mundo, sendo obrigado a comprar remédios para os hospitais por ação do MP, obras não concluídas, projetos falidos como ZPE e outros, na dúvida se pagará ou não o 13º e o mês em curso, pendências com as indenizações dos comissionados, 54% de rejeição popular, a violência tomando conta da capital com execuções, assaltos, diários, penúria no sistema de saúde, e ainda se fica vivendo em órbita, em um espaço fora da realidade? Nem a rejeição massacrante que este governo sofreu nas urnas não substituiu a arrogância pela humildade. O governador Sebastião Viana sempre foi uma figura agradável, do diálogo, afável, cumpriu um bom papel no Senado, fez um bom primeiro mandato, mas neste segundo afundou exatamente pela arrogância fora do contexto de não admitir erros, não aceitar sugestões, só elogios, e achar que entregará o Acre às mil maravilhas. Perdeu o sendo da realidade. Fechou-se num mundo virtual. Ninguém governa sozinho. Se tivesse escutado no início do segundo mandato o irmão Jorge Viana, por certo, não estaria deixando o governo bem longe daquilo que projetou ao assumir o Estado. Mas escolheu o seu próprio caminho.


O DISCURSO DA DIPLOMAÇÃO E O MUNDO REAL
“O Estado que herdamos ocupa a última posição entre as 27  unidades da federação no ranking de competitividade….Na Educação herdamos a maior taxa de analfabetismo na Região Norte. O Estado vergonhosamente ocupa a última posição em desempenho no ENEM….Na Saúde e assistência social, o Acre que estão nos deixando está entre os três piores estados em fornecimento de água potável…… Receberemos o segundo pior índice de famílias abaixo da linha de pobreza……Sucederemos um governo que foi incapaz de concluir as obras que o seu grupo político começou há décadas e se tornou insensível a dor de milhares de famílias que choram pelo descaso nos corredores de postos e hospitais…Vivemos reféns do medo na capital mais violenta do país…..Há porém um veneno maior que mata aos poucos o nosso Estado. Existe um déficit crescente que toma dos cofres públicos o dinheiro que deveria ser utilizado na saúde, segurança, educação….” São trechos de parte do discurso duro, muito duro, trazendo o Acre para o campo da realidade, feito ontem pelo governador eleito Gladson Cameli na sua diplomação.


UMA MEXIDA POSITIVA
A substituição de última hora do tio Anderson Lima pelo economista Luis Fernando na direção do DETRAN foi uma boa mexida nas pedras do tabuleiro do secretariado, pelo governador eleito Gladson Cameli. Escapa de críticas já projetadas no PT de prática de nepotismo.


ARESTAS APARADAS
Há também o lado político a se observar nesta substituição no DETRAN de que, com a decisão apara qualquer aresta com o senador Petecão (PSD), já que Luis Fernando é do seu grupo.


NÃO HAVIA MOTIVO
Muita gente falando bobagem sem conhecimento jurídico nesta questão da soltura da deputada Juliana Rodrigues (PRB) e do vereador e deputado federal eleito Manuel Marcos (PRB). Prisão preventiva não é regra geral, mas exceção. A soltura foi com amparo legal.


PODEM ANOTAR
E podem anotar para conferir mais à frente. No momento que a decisão que sustou as diplomações da deputada Juliana Rodrigues (PRB) e do vereador Manuel Marcos (PRB) subir para o TSE será derrubada e ambos serão diplomados. É o que ouço de advogados eleitorais.


UM GOLPE NA LAVA JATO
A decisão do ministro do STF, Marco Aurélio de Melo, de soltura dos presos por condenação em segunda instância não era atrapalhada porque podia promover a soltura do Lula, mas porque levaria de roldão para a rua os presos da Lava Jato, num golpe contra a moralização política.


DECISÃO COLEGIADA
O ministro Marcos Aurélio esperou o encerramento do ano para tomar a decisão, que confrontava o que foi decidido por instâncias superiores e até do próprio STF. Poderia esperar para abril, quando o caso da prisão com condenação em segunda instância está marcado para o pleno. Preferiu o holofote. Depois querem que, se olhe para esta composição do STF com respeito? Ora, bolas! Quem quer respeito se dá respeito.


LUZ NO FIM DO TÚNEL
Ainda bem que uma luz de lucidez iluminou o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que suspendeu a decisão do disparatado ministro Marco Aurélio de Melo, que teve seus 15 minutos de fama nos refletores da mídia e retornou para a sua obscuridade.


MESMO CAMINHO
A vereadora Lucila Bruneta (PROGRESSISTA) deverá ter o mesmo destino do vereador Marivaldo da Várzea (PROGRESSISTA), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Marivaldo e Bruneta foram enquadrados em infidelidade partidária ao deixar o MDB.


PEDRA CANTADA
Era pedra cantada de que a cassação era questão apenas do processo ser julgado. Os vereadores Marivaldo e Bruneta esqueceram ao deixar o MDB, que o mandato é do partido.


VALE QUEM TEM MANDATO
No jogo do bicho vale o que está escrito. Na política va le quem tem mandato. Nada mais natural que o deputado eleito Neném Almeida (SD) indicar o nome para a direção do ITERACRE, dentro do grupo do SOLIDARIEDADE.


APOIO DO BITTAR
O senador Márcio Bittar (MDB) não terá como deixar de apoiar o Coronel Ulisses Araújo (PSL) a prefeito da capital, em 2020, caso a candidatura se confirme. Bittar é grato ao apoio do PSL.


PRONTO PARA COBRAR
A futura oposição já tem um alvo na alça de mira do próximo governo: secretária de Turismo, Eliane Sinhasique. O mote é que foi uma das mais ferozes cobradoras do governo do PT. É o que já se escuta de parlamentares petistas. Querem bater com o mesmo cipó no lombo de quem deu.


SEM UM ARRANHÃO MORAL
O deputado Chagas Romão (MDB), sete anos de mandato, fez ontem a sua despedida do parlamento, sem um arranhão moral, sempre na oposição, sem deixar se atrair pelo poder.


SEM AFOBAÇÃO
O deputado Daniel Zen (PT) é uma das poucas pessoas da cúpula petista com quem se pode conversar sem o ranço da arrogância. Condena as manifestações no partido em busca de um culpado. A culpa é de todos, diz. Zen também rechaça a afobação por eleições para presidente regional do PT.


ASSESSOR ESPECIAL
O deputado derrotado Jairo Carvalho (PSD) será mais um a integrar o grupo de Assessores Especiais do futuro governo. A notícia foi dada ontem à coluna pelo senador Petecão (PSD).


NÃO ME SOMO
Não me somo à espécie de torcida organizada das redes sociais para que o governador Sebastião Viana não pague o 13º salário e o mês de dezembro dos servidores estaduais. Existem milhares de famílias na dependência destes pagamentos para pagar suas contas.


MUITA MESQUINHARIA
Não consigo entrar pelo campo da mesquinharia. Não pagando o 13º salário e o mês em curso quem vai sofrer não será o governador Sebastião Viana, este está com o peru de Natal garantido. O não pagamento levará o desespero para milhares de lares de todo o Acre.


O QUE SE SABE
Este assunto do pagamento do governo é guardado a sete chaves. O que se sabe por fontes não oficiais é que o 13º salário está garantido, mas o mês de dezembro ainda não.


TUDO DENTRO DOS CONFORMES
Já na prefeitura de Rio Branco a prefeita Socorro Neri garantiu o pagamento do 13º salário e do mês de dezembro. Conseguiu o equilíbrio fiscal e vai fechar o ano sem problemas.


DOIS ANOS PARA DECOLAR
O prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro, viveu o primeiro ano de sua administração num inferno astral. Está terminando o segundo ano com as contas equilibradas por um rígido ajuste fiscal. Terá 2019 e 2020 para decolar a sua administração e pensar na disputa da reeleição.


MELHORADA SIGNIFICATIVA
No ano que se finda o prefeito Ilderlei Cordeiro, já conseguiu dar uma melhorada na gestão.


DECISÃO CORAJOSA
Para fazer a Reforma Administrativa que fez com cortes profundos na pesada máquina estatal foi uma decisão corajosa, a tomada pelo Gladson Cameli. Cumpriu a promessa de campanha.


DUAS OPÇÕES
O futuro governador não tinha muitas opções para tocar a sua administração: ou cortava os 1.300 cargos de confiança, reduzia o número de secretarias, ou mantinha a atual estrutura e chegaria ao fim da sua gestão da mesma maneira desastrada que está chegando este governo.


FICARAM OS DEDOS
O governador Sebastião Viana vai deixar o governo com a maior impopularidade de um governador do PT, com 54% de rejeição popular, segundo a última pesquisa do DATA-CONTROL. Mas do lado moral, encerrará os oito anos de mandato sem condenação judicial.


AUTOFAGIA POLÍTICA
O clima interno no PT é de autofagia política na busca de um culpado pela última derrota.


PORÃO DO LHÉ
O único comunista autêntico que conheço é o presidente do diretório municipal do PT, o popular Marcão, uma figura querida até pelos adversários, me dizia ontem que, caso o seu partido continue sem fazer uma análise séria sobre a última derrota acabará no porão do Lhé.


VELHOS TEMPOS
No tempo da pindaíba, antes de chegar ao poder, o PT se reunia na casa do Lhé para pintar camisas e vender na praça. Depois que chegou ao poder se acomodou e pagou o preço.


FIM DE UM CICLO
Com a diplomação ontem do governador eleito Gladson Cameli e do futuro vice-governador Major Rocha, encerra-se um ciclo de 20 anos do PT à frente dos destinos do Acre. Não se pode deixar de reconhecer avanços, principalmente, nos dois primeiros mandatos do Jorge Viana. Mas, depois o pedantismo começou a dominar, o poder subiu à cabeça da maioria, acharam que tudo podiam, e a arrogância não deixou perceberem que estavam perdendo aquele glamour que tinham quando da chegada ao Palácio Rio Branco. Perderam o encanto e o respeito popular. E o resultado foi o que se viu na última eleição: perderam todas as vagas do Senado, não elegeram um deputado federal, perderam metade da bancada na Assembléia Legislativa e o governo. Tudo isso deve servir de lição ao futuro governador: a arrogância é o caminho para o fundo do poço. Como já disse, Che Guevara: há que endurecer, mas sem perder a ternura, jamais”.


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