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A anatomia da vitória de Gladson Cameli ao Governo do Acre

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O PT subestimou o Gladson Cameli (Progressistas). Esse é o primeiro ponto para explicar a sua vitória em um turno ao Governo. Passada uma semana da eleição com os nervos de todos mais serenados é possível fazer uma análise fria da situação política que tirou a FPA do poder depois de 20 anos. Mesmo com o Gladson ganhando uma eleição atrás da outra ainda assim lideranças importantes do PT o consideravam um adversário fácil. Lembro-me que em 2010 eu estava com um dos principais líderes regionais do PT, em Santa Rosa do Purus, e ele me disse o seguinte: “Se o Gladson (na época disputando a reeleição a deputado federal) for o nosso adversário ao Governo no futuro não teremos nada a temer porque ele é muito limitado”. Numa outra situação em que o Cameli começou a romper com a FPA, depois de uma desavença com o então vice governador César Messias, por volta de 2011, ouvi a seguinte frase de outro importante líder petista: “Se o Gladson quiser continuar na FPA terá que pedir perdão de joelhos ao César”.  Ele não pediu perdão, saiu da FPA e três anos depois se elegeu o senador mais votado da história do Acre pela oposição. Ainda assim continuaram considerando o Gladson “presa fácil”. Tanto que o atual Governo do PT esqueceu de ter os cuidados necessários na gestão para não desagradar o povo acreano. Achavam que com a ascensão do prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), a eleição de 2018 seria “um passeio no parque”. Acreditavam que o candidato do PT destruiria Cameli nos debates. Que o povo ficaria sensibilizado pelo fato do Marcus acordar com os galos e tomar café na casa das pessoas. Mas de que adianta isso se os problemas de Rio Branco não foram resolvidos? A cidade virou uma “buraqueira” só enquanto as “lideranças” comunitárias se refestelavam com cargos na prefeitura. Mas quem é que vota em presidente de bairro? Acreditaram numa grande mentira, em lideranças fakes. Marcus perdeu para o Gladson dentro de Rio Branco. Pintaram o candidato do PT como um gestor impecável. Mas além dos buracos havia problemas ainda dos tempos do DERACRE e a EMURB sob investigação. O povo não comprou o personagem do “grande gestor”, homem de família, evangélico e trabalhador contra um “milionário playboy”. Afinal a disputa não era para canonização de um “santo”, mas para a continuidade ou não de um sistema. Cansadas as pessoas queriam mudança e o Gladson conseguiu capitalizar esse sentimento ao seu favor.


Aviso dado
Escrevi várias vezes durante a pré e a campanha que a eleição no Acre poderia ser resolvida em um único turno. A minha tese da natural canibalização das candidaturas menores por conta da polarização dos favoritos aconteceu. Nem mesmo o fator Bolsonaro conseguiu levar a eleição ao segundo turno.

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Fator Orleir
Mesmo com os problemas que teve ao final da sua gestão, em 98, o falecido governador Orleir Cameli ainda tinha um capital político maior do que se imaginava. Não conseguiram aterrorizar os eleitores com fatos que aconteceram há mais de 20 anos. Mesmo porque muitos não eram verdadeiros. E o Gladson também se beneficiou do legado político deixado pelo tio.   


Vida que segue
Agora, resta ao Gladson responder as expectativas geradas com a sua eleição. Se souber conduzir o seu governo tecnicamente e politicamente poderá dar as cartas no Acre por muito tempo. Acredito que terá uma forte oposição do PT e alguns dos seus pouco aliados que restaram. Mas tem tudo para surpreender.


Pé frio
Uma fonte me revelou, que mesmo se dizendo apolítico, o Pastor Agostinho apoiou alguns candidatos nas eleições de 2018. O primeiro deles, declarado publicamente, seu discípulo espiritual Marcus Alexandre, batizado nas águas da IBB, perdeu feio. Para federal apoiou Rudilei Estrela (Progressistas) em Cruzeiro do Sul e Pedro do Dayane, em Rio Branco. Nenhum se elegeu.


Ilusão
Olha, essa história do voto evangélico é complicado. Muito difícil que “fiéis” sigam a orientação do pastor. A Antônia Lúcia (PR) que o diga. Na hora H, cada um escolhe o seu candidato de acordo com a sua convicção. Mas muitos políticos ainda acreditam em nota de três reais.


Silencioso
O deputado federal Alan Rick (DEM) fez uma campanha à reeleição silenciosa. Visualmente falando parecia que estava “morto”. Mesmo perdendo apoio de parte dos evangélicos conseguiu se reeleger com votos de sobra. Mais uma prova que não é dentro de igrejas que se vence uma eleição.


Perseguido
Uma fonte me revelou que dentro de duas denominações evangélicas “botaram pra rachar” em cima do Alan. Mesmo tendo queimado pontes políticas depois da sua primeira eleição, Alan conseguiu criar um novo grupo político e chegou à vitória. Entrou para o primeiro escalão da política acreana. Não é fácil se eleger duas vezes deputado federal no Acre.  


Entre a cruz e a espada
O presidente da ALEAC, Ney Amorim (PT), ainda não sinalizou para onde deve seguir depois da eleição. Mas acho difícil sair do PT. Tem como seu “guru” o articulador político Carioca. Muita água ainda vai passar pelas pontes do rio Acre antes do Ney decidir seu rumo político.


Precipitação
Tenho visto muita gente se colocando como “indispensável” ao próximo Governo do Estado. Alguns se nomeando secretários. Podem se preparar para “quebrar a cara no muro”. Se a ordem é enxugar a máquina pública muitos que sonham com o “poder” poderão se frustrar. Serão anos de “vacas magras” no Acre se quiserem arrumar a casa.


Traíragem
Já dizia o ditado: “Laranja madura na beira da estrada ou está bichada ou tem marimbondo no pé”. E eu acrescento: “Quem traí uma vez, traí cem”. Muitos que estão procurando pontes políticas para o novo Governo, se atendidos, serão, na verdade, problemas futuros. Simples assim.


Questão de emprego
Com um Estado dependente do contracheque público a política por aqui é movida pelas perspectivas de empregos. Todos querem fazer parte da máquina. Mas acredito que a “gritaria” será grande, sobretudo, em janeiro quando começarem as nomeações. Isso porque naturalmente não haverá espaço para todos. Se o governador eleito Gladson Cameli tiver juízo deverá tomar as medidas impopulares no primeiro ano quando ainda estará em “lua de mel” com os eleitores que o levaram ao Governo.     

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