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O baile da Ilha Fiscal e a queda do império vermelho

O Último Baile do Império foi realizado no dia 9 de novembro de 1889, um sábado, na Ilha Fiscal, no Rio de janeiro. Foi a última festa da monarquia pouco antes da Proclamação da República. O Império estava ruindo, mas na cabeça dos nobres e do próprio imperador, o império estava sólido. Há muita semelhança com o que aconteceu no Acre. O governo petista do Acre, altamente desgastado, com uma grande rejeição popular registrada em todas as pesquisas, mas seus secretários, seus apoiadores e próprio governador pregando que estava tudo às mil maravilhas, que o Estado era uma Suíça de prosperidade e o povo estava contente com que acontecia no reino. E, eles resolveram fazer também num sábado, tal qual o ocorrido na Ilha Fiscal, uma grande festa para mostrar aos adversários que a população amava o seu governador, seu candidato ao governo, e que estava contente com os vinte anos de reinado do partido do seu governante. E escolheram a Baixada para fazer o seu Baile do Império Vermelho. Para isso mobilizaram os ocupantes de cargos de confiança, terceirizados, secretários e familiares, áulicos que orbitam em torno do poder, para todos irem participar do ato político. Seria uma festa para mostrar que o povo estava contente. A arrogância cega – cito sempre este ditado. E de fato foi uma grande festa vermelha. Muita gente. Lotaram a Baixada. Os defensores do governo foram á loucura! Postaram nas redes sociais, comentaram nos jornais, que pelo volume de gente presente, as pesquisas (nas quais sempre acreditaram) estavam erradas, tinham sido compradas. E que o PT faria com a tranqüilidade de outras eleições o sucessor do trono. Esqueceram de duas coisas: os que estavam presentes já eram votos de cabrestos. E faltou combinar com a maioria do eleitorado, que era quem decidiria a eleição. Veio a votação. O candidato Gladson Cameli (PROGRESSISTA) derrubou com uma surra de votos o candidato do poder, Marcus Alexandre (PT). E assim caiu, desmoronou como um castelo de cartas ao vento, o Império Vermelho. E a balsa da arrogância partiu singrando rios para Manacapuru, aonde deve ficar ancorada pelos próximos quatro anos.


BASTARIA TER BOM SENSO
Não era preciso pesquisa para se saber que o PT vivia os últimos dias de poder. Com quem se conversava era sempre notado o sentimento de mudança e o descontentamento com os vinte anos de governo petista. Mas, os petistas brigaram com a realidade, inebriados pelo poder. Até o último momento ficavam ostentando uma força que já não tinham. O velho leão não tinha mais dentes. E quando o político briga com o povo, sempre quem perde é o político.


NÃO ERA UM CANDIDATO FRACO
Não há nem de sombra, como pôr a culpa no candidato ao governo, Marcus Alexandre (PT). Não era um nome fraco. Era o melhor do PT. Só que foi candidato num contexto desfavorável, com o desgaste do PT e do governo, brigas internas, poucos recursos, e tudo caiu no seu colo.


VIROU UM MANTRA
Votaria no Marcus, se não fosse candidato pelo PT. Mantra ouvido durante a campanha.


SENTIMENTO DE MUDAR
Candidatos da FPA com os quais conversava sempre me diziam que estava difícil pedir voto para o PT. A primeira pergunta do morador visitado era: Vocês não são do PT, né? O erro do Marcus Alexandre foi ter sido candidato pelo PT, não houve como separar o joio do trigo.


ESTRATÉGIA MAL AVALIADA
Os estrategistas da campanha do Marcus (PT) estavam cegos. Achavam que pela derrota acachapante da oposição na disputa da PMRB, o mesmo poderia se repetir na disputa do governo. Erraram. O Gladson Cameli conseguiu o que não esperavam: caiu na graça popular.


ÁGUA DE MORRO ABAIXO
E com isso veio o grande erro dos que apoiavam a candidatura do Marcus Alexandre. Deixaram a campanha de lado e se dedicaram a chamar o Gladson Cameli de “play-boy”, de “bêbado” e ataques baixos ao ex-governador Orleir Cameli. Gladson foi perfeito: não respondeu. E ficaram falando só. Uma candidatura quando pega vento, nada detém. É como água de morro abaixo.


PRIMEIRA PISTA
Para quem acompanha campanhas políticas por décadas é fácil sentir quando uma candidatura majoritária vai ruir. Você começa a ver a estratégia pender para o ataque pessoal ao adversário. É uma tática suicida. O eleitor não vota em quem opta pela baixaria. Isso é fatal.


NO MATO SEM CACHORRO
Nesta campanha que findou deixaram o Marcus Alexandre (PT) com uma bala de prata sem cartucho e espoleta. Não poderia detonar. Era candidato do desgaste de vinte anos de poder.E foi obrigado passar a campanha defendendo um projeto político falido na opinião pública.


NÃO PODIA DAR CERTO
Como é que uma candidatura ao governo ia dar certo? A briga entre os grupos do Ney Amorim (PT) e Jorge Viana (PT) escancarou as vísceras do maior capital do PT: o fim da unidade. Para a oposição, caiu do céu, a briga passou ser mais noticiada que o candidato Marcus Alexandre.


COMO NÃO ACONTECIA
Se pelo lado do PT tudo era espinho, rejeição, pelo lado da oposição só flores. Nos últimos vinte anos nenhum candidato majoritário, no Acre, conseguiu unir todas as forças oposicionistas. E o Gladson Cameli (PROGRESSISTA) conseguiu isso. Sua campanha foi coesa.


CAIU NA EMPATIA
Ao longo da eleição, o candidato ao governo, Gladson Cameli, caiu na empatia popular. Na sua imagem foi projetada uma espécie de ponte de salvação para tudo que está posto no Acre há vinte anos. E surfou bem, ao não partir para atacar os adversários. Fez só sua campanha.


A HISTÓRIA SE REPETE
Há vinte anos, seu tio Orlei Cameli, conseguiu derrotar as grandes oligarquias conservadoras que dominavam a política acreana e se elegeu governador. Seu sobrinho, Gladson Cameli, consegue agora tirar do poder a oligarquia de esquerda que reinava duas décadas, no Acre.


MORRERAM ABRAÇADOS
Não é preciso ter bola de cristal para prever que, os candidatos ao Senado pelo PT, Jorge Viana e Ney Amorim, poderiam ao fim da eleição, ambos morrerem abraçados. O Jorge não pedia voto para o Ney e o Ney não pedia voto ao Jorge. Com o voto petista dividido a oposição surfou. Sérgio Petecão (PSD) e Gladson Cameli (PROGRESSISTA) puxaram o Márcio Bittar (MDB).


SUCESSÃO DE BURRICES
Mais uma vez os donos do PT ficaram cegos pela arrogância. Jamais deveriam ter lançado dois candidatos a senador com potencial de voto parecido. Com uma candidatura única teriam concentrado o voto petista. Mas falou mais alto que a razão, a empáfia dos grupos do PT.


CENA PATÉTICA
Uma das cenas mais patéticas desta eleição foi ver um Jorge Viana, que é um dos responsáveis pelo sucesso do PT, no Acre, antes dele perdiam todas as eleições, solitário nos sinais de trânsito pedindo votos. Quem era para estar na rua pedindo votos para ele eram os secretários e ocupantes da máquina estatal. O Jorge não perdeu a eleição na urna, perdeu dentro do PT.


FOI UM VENENO FATAL
O PT com duas candidaturas ao Senado em colisão, a máquina estatal inerte nos gabinetes, secretários no ar condicionado e clicando o Facebook, o desgaste do governo, era difícil para o Jorge, mesmo tendo sido um bom prefeito, um bom governador ganhar. Era a crônica da derrota anunciada. No poder seria muito mais fácil reorganizar o PT, não entenderam o samba.


MOMENTOS DIFÍCEIS
O PT vai passar momentos difíceis, no Acre. Perdeu o governo. Centenas de ocupantes de cargos de confiança estarão na rua á partir de janeiro e não terão mais como barganhar apoio por cargos. Na prefeitura da capital não terão como ser acomodados. Um horizonte negro.


DERROTA QUASE CERTA
A salvação poderia ser a conquista da presidência. Mas todos os analistas nacionais acham muito difícil que Fernando Hadad (PT) reverta a surra de mais de 15 milhões de votos que levou na urna do Jair Bolsonaro (PSL). São votos consolidados. Caminha para outra surra.


UM CABEÇUDO BOM DE VOTO
O Tião Bocalom (PSL) é um homem honrado, político mãos limpas, mas decididamente me convenceu nesta eleição que, politicamente, é burro, tapado, joga errado. Foi convidado várias vezes para entrar no chapão da oposição. Se entrasse estava eleito com seus 21 mil votos.


OUTRA APOSTA ERRADA
Também não pense que, se Jair Bolsonaro ganhar, como se espera, o seu partido dará as cartas no Acre. Não dará. O jogo é político. Bolsonaro no poder vai precisar de deputados federais e senadores. O grupo do Gladson Cameli terá três senadores e cinco deputados federais.


FOI UM VALENTE
Falando dentro do contexto em que disputou a sua eleição do Senado, o Ney Amorim (PT) foi um valente, um guerreiro. A máquina estatal, nos últimos 15 dias da campanha, foi jogada toda contra a sua candidatura, ocupantes de cargos de confiança foram orientados a não votar nele. Isso ficou muito patente no áudio da secretária Suely Melo que vazou á imprensa.


FIM DA PATIFARIA
Esta eleição foi a última com a patifaria de coligações proporcionais, que colocam no parlamento deputados menos votados, em detrimentos de mais votados. Candidatos bem votados ficaram de fora para deputado estadual e federal e se elegeram candidatos com metade desses votos. Na próxima eleição para vereador cada partido terá a sua chapa.


NA MOSCA
Coloquei nesta coluna que voltariam entre doze e quatorze dos atuais deputados. Voltaram doze. Quando se está num mandato, a facilidade de reeleição é muito grande.


TRÊS SENADORES
A oposição ficará com três senadores: Mailza Gomes (PROGRESSISTA), Sérgio Petecão (PSD) e Márcio Bittar (MDB). Cinco deputados federais: Mara Rocha (PSDB), Jéssica Sales (MDB), Flaviano Melo (MDB), Alan Rick (DEM) e Vanda Milani (SD). Base forte para o próximo governo.


RESSURGIU DAS CINZAS
Quando perdeu o apoio da Igreja Universal, da Igreja Batista do Bosque, do PRB, se apostava no deputado federal Alan Rick (DEM), como político de primeiro mandato. Ressurgiu das cinzas, se recompôs, fez novas alianças e se reelegeu com a segunda votação em Rio Branco.


MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA
Foi como no filme “O Massacre da Serra Elétrica”. A bancada federal do PT foi varrida do mapa. Perderam, o Léo de Brito (PT), Raimundo Angelim (PT), Sibá Machado (PT) e o aliado César Messias (PSB). Erraram ao fritar o Angelim. Na ALEAC, o deputado Lourival Marques (PT) estava certo em não querer coligação com o PCdoB. Os comunistas tomaram duas vagas do PT. Perderam Leila Galvão (PT) e Lourival Marques (PT). Entraram Jenilson Lopes (PCdoB) e Edvaldo Magalhães (PCdoB). O PT perdeu ainda seu único senador, Jorge Viana. E o principal: depois de vintes anos vão entregar o governo á oposição. É o fim de um ciclo na política acreana. Rei morto, Rei posto! Os tempos agora não serão de fartura, mas de pindaíba no PT.


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