Quem veio de Celeste, trouxe a identidade na garganta. Do lado de fora, nem todos os portugueses tinham os traços de Portugal. Esse é um time que atrai admiradores do mundo todo por causa de Cristiano Ronaldo, mas bastou o hino tocar para os lusitanos legítimos mostrarem sua voz.
No campo, o jeito mais genuíno de ser uruguaio é deixar tudo pelo time. E mesmo distantes um do outro, Suárez e Cavani mostram com cinco minutos que estão unidos pelo país.
Cristiano Ronaldo lutou, correu, driblou, quando chutava de longe, esbarrava sempre num rival em constante multiplicação. A frustação só aumentava e até quando a bola estava parada, era impossível tirar um uruguaio do caminho.
Os colegas portugueses tentaram ajudar e mesmo que eles não sejam Cristiano. Foram empurrando os sul-americanos para a defesa.
O gol do zagueiro Pepe, que deu vida aos europeus, acordou o Uruguai e se ataque ficou abandonado boa parte do jogo, demorou apenas sete minutos para se reencontrar. A eficiência é o símbolo celeste. Dos cinco chutes na partida, três acertaram o gol e dois entraram.
Do outro lado, a direção era um problema. Numa rara brecha que os uruguaios concederam, Portugal não achou o caminho.
Cristiano já estava irritado. O desespero com o relógio foi descarregado todo no juiz e, além do amarelo, ele recebeu do próprio árbitro a confirmação de que estava eliminado. “Tivemos oportunidades, mas isto é o futebol. Quem marca mais gols, que ganha, por isso, Uruguai está de parabéns”, destaca o craque.
Apesar da raça e da vontade, a Copa do Mundo segue o país que tem uma ideia de jogo definida há quase dez anos. Pensada e idealizado por um mestre.
Aos 71 anos, Óscar Tabárez passa praticamente o jogo todo sentado. O técnico mais experiente da Copa tem uma doença neurológica que diminui seus movimentos, mas não a alegria quando o espírito celeste contagia esse campo.
