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Vai de balsa ou de avião?

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A eleição é só o ano que vem, mas como ela anda tão, mas tão antecipada, decidi realinhar esse textinho para conversar com vocês hoje…


Atenção senhores passageiros! Bem vindos ao voo 2.10.18 da SincerAir. Aqui quem vos fala é o comandante da aeronave. Voaremos a uma altura de 11, às vezes de 13, 15, 25, ou até – 45 mil pés de altitude. E sim, não teremos voos mais altos que isso… Talvez precisaremos mudar de aeronave antes que esse voo comece. Podemos sair de um Air Bus para o King Air com tanta rapidez que nem perceberemos a mudança…

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O destino é o mesmo de todos os anos: Manacapuru com escalas em Rio Branco e Brasília (sem direito a desvio de rota). Informamos aos passageiros que compraram passagem direta que as escalas não interferem no destino final. E como mentir não é uma coisa legal de se fazer, vamos repassar a vocês mais algumas orientações da SincerAir, a única companhia aérea que só fala a verdade.


Senhores passageiros, peço sua atenção para algumas instruções de segurança. Primeiramente, gostaríamos de parabenizar os passageiros que estão sentados no fundo da aeronave — em caso de emergência, sua chance de sobreviver será bem maior.


Durante a decolagem, o encosto de sua poltrona deverá ser mantido na posição vertical. Isso porque, em nossa nova e moderna frota de aeronaves, as poltronas da classe econômica são tão apertadas que impedem a evacuação da aeronave em caso de emergência. Na verdade, se a segurança fosse prioridade na aviação, colocaríamos todos os assentos virados para trás, mas ninguém gosta de sentir que está andando pra trás.


Metade do ar dentro da cabine é reciclado, o que nos ajuda a economizar combustível. É claro que isso poderá reduzir a taxa de oxigênio no seu sangue, mas não costuma ser perigoso — e geralmente causa uma agradável sonolência. Mantenha o cinto de segurança afivelado durante todo o voo – ou você poderá ser vítima de turbulência, que é inofensiva para a aeronave, mas mata 25 passageiros por ano.


Lembramos também que o assento de sua poltrona é flutuante. Não que isso tenha muita importância. A probabilidade de sobreviver a um pouso na água com um avião grande é mínima porque geralmente a aeronave explode ao bater na água, mas isso não vem ao caso agora.


Agradecemos por terem escolhido a SincerAir e tenham todos uma ótima viagem!(*)


E então pessoas? Todos prontos para a viagem???


Como Estamos no meio do ano e em ano pré-eleitoral, não cai bem falar daquela sua última viagem a Paris, Barcelona ou Dubai. Melhor dizer que ama o interior do Acre, contar em verso e prosa as belezas do Jordão, do Festival do Mariri, da beleza que é ver o Moa beijar o Juruá. Vai por mim. Sou usuária dessa ponte área desde 1990. Conheço bem o trajeto. Importante lembrar que esse negócio de viajar de asa dura é chato. Bom mesmo é andar de batelão, voadeira, carro (traçado e bem traçado) pela BR-364 conhecendo e conversando com o querido povo do nosso Acre. Não há lugar melhor que nosso lar, entendeste? Pois bem…


As eleições do próximo ano seguem sendo de fundamental importância para o Acre e para o Brasil. Mas 2018 tende a ser diferente e pode sim ser um divisor de águas. Um corte não linear no tempo. E para chegar até outubro (do ano que vem, meu Pai), todos os candidatos, assessores, marqueteiros, militantes e defensores de candidaturas majoritárias terão que enfrentar o voo da SincerAir.


Por quê? Porque o eleitor, ao descobrir que seu voto tem poder, decidiu perder o medo. Claro que não são todos os eleitores. Mas o fato é que ele perdeu muito do medo que tinha de dizer verdades sinceras na cara dos seus representantes. Sempre fui da teoria que eleitor é o bicho mais inteligente que existe na face da Terra. Sabe discernir o certo do errado e quando pega birra, empaca igual mula e nem adianta tentar fazê-lo mudar de ideia: ele simplesmente aposta no preto 17 e deixa o mundo desabar. Afinal é só mais uma eleição e ele, sua excelência o eleitor, continua não ganhando (quase) nada com isso.

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Mas eu não quero falar de coisa séria não. E quero. Mas de um jeito leve porque esse é um assunto muito pesado. O que penso é que todos, repetindo pra gravar bem, TODOS os candidatos que vão entrar nesse voo precisam ter em mente duas coisas: aquele gigante que acordou pode ter adormecido de novo, mas algo mudou no cidadão e ele está esperto e à espreita: vacilou, dançou!!! Uma bala, um tiro. Sem mais!


Além disso, Manacapuru é um destino real e aberto a todos. O motivo é simples: somente dois passageiros desembarcarão no Palácio Rio Branco, 24 na Assembleia Legislativa, oito – e apenas oito – na Câmara dos Deputados em Brasília e dois no Senado Federal. O resto? O resto vai direto para Manacapuru, com ou sem escalas. E aí não tem choro nem vela, o negócio é ouvir o canto (choroso) do surubim, pelo menos, até outubro de 2020.


Como em 2010 e 2014, o voo promete ser agitado. Cheio de turbulências e provações. Poucos terão direito a um voo tranquilo. Daí que se eu fosse você manteria o cinto de segurança afivelado a viagem inteira. Ela é longa, cansativa e cheia de tropeços, com muitas barrinhas de cereal (não mais de grátis) a serem degustadas no trajeto. Em tempos de Big Brother e Rede Social, não esqueça que tudo que você fizer ou disser vai ser visto, avaliado e julgado pelo público.


A ele cabe escolher o vencedor. E nesse caso, como na música do ABBA, o vencedor leva tudo.


Boa viagem para todos!!!


Charlene Carvalho


*As normas técnicas da SincerAir são adaptadas de matéria não muito recente da Revista Super Interessante


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