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Investimentos em segurança pública é dinheiro do contribuinte jogado fora

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Depois que uma casa está pegando fogo é preciso chamar os bombeiros, jogar água e outros produtos químicos para tentar apagar o incêndio. Mas poucas vezes as casas escapam da destruição. Assim é também com a segurança pública. Os bilhões que serão investidos no Brasil e, só no Acre serão R$ 70 milhões, são tentativas de apagar um incêndio já bem adiantado. Esqueceram da prevenção com extintores e outros recursos e, por isso, as chances de salvar a casa são mínimas. O falecido antropólogo e ex-vice-governador do Rio, Darcy Ribeiro, costumava alertar os gestores públicos de que se não investissem adequadamente em educação teriam que usar esses mesmos recursos para construírem presídios. É isso que está acontecendo. Brincaram com verbas que deveriam ir para a educação e agora precisam apaziguar os grandes centros brasileiros, no qual Rio Branco está inserido, dominados pelas facções criminosas. Uma guerra, que na minha opinião, não acabará com os bilhões que serão investidos em segurança. Não é preciso ser médico para saber que se tratamos apenas os sintomas de uma doença e não as suas causas a possibilidade de cura é mínima.


Tudo ia bem, mas…

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Quando cheguei ao Acre um dos projetos que admirei foi o de educação pública. Estava no segundo governo de Jorge Viana (PT) e estavam construindo novas escolas e outras eram reformadas. Também havia uma preocupação em formar os professores para garantir uma educação de qualidade. No Governo de Binho Marques (PT) foi feita uma parceria com a UFAC e a maioria dos professores acreanos da zona rural tiveram oportunidade de fazer uma faculdade.


Cedo demais


Mas acharam que era suficiente, que a fatura da educação no Acre estava ganha. No Governo de Tião Viana (PT) os problemas que estavam ocultos vieram à tona. Educadores e profissionais das escolas viveram e vivem um período de muita insatisfação. A prioridade da gestão passou a ser a industrialização do Acre. O resultado é que nem uma coisa e nem outra. O Acre continua dependente das verbas federais e a educação caiu bastante nos últimos anos.


A horas dos reacionários


Claro que essa tese de investimento na educação para controlar a criminalidade desagrada muita gente. Querem ver sangue. Olho por olho e dente por dente. Gandhi já dizia que olho por olho e dente por dente acabaríamos numa terra de cegos e banguelas. Querem apagar o incêndio jogando mais gasolina dentro do fogo. Armando a polícia, construindo presídios, etc. Esquecem da premissa básica de que violência gera mais violência.


Questão das polícias


Obviamente que sou a favor da manutenção das Polícias Militares, Civis e Federais. Precisam atuar em casos extremos. Mas poderiam ter um caráter mais social e educativo do que repressivo. Já dizia o Titãs; “polícia para quem precisa de polícia”. Infelizmente sem o investimento social que deveria ter sido feito no Brasil cada vez mais gente precisa de polícia.


Nota positiva


Numa análise rápida é fácil constatar que nas polícias do Acre aumentou muito nas tropas o número de agentes com formação universitária. Uma vitória sem dúvida. Então esse seria mais um fator facilitador para dar um novo caráter às polícias acreanas. Ter gente com uma boa formação facilitaria novos projetos de aproximar os policiais da sociedade numa outra perspectiva mais educativa e menos repressiva.


Espírito de vingança

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Claro que quem sofreu na própria carne algum tipo de violência quer vingança. “Matem todos os bandidos, instituam a pena de morte, joguem uma bomba nas periferias que escondem os marginais.” protestam. Mas isso não resolve. Podem gritar a vontade. Acabarão com uma facção e outra surgirá para substituí-la. A doença do corpo continuará a gerar novas feridas se forem feitos apenas curativos. Só haverá cicatrização quando descobrirem e curarem as causas das feridas.


Os dois lados da moeda


Mas assim como quem sofreu uma violência sofre, quem vê um filho envolvido na marginalidade também sofre. Quantos pais e mães choraram seus jovens assassinados nessa “guerra” entre facções? Quero frisar que estou falando de gente, pessoas, seres humanos, ainda que ódio impeça alguns de admitirem humanidade nesses jovens executados.


Escola “torta”


É horrível ter que escrever isso, mas a verdade é que as facções encontraram na vulnerabilidade dos nossos jovens presas fáceis para o crime. Sem perspectivas de futuro encontraram nas facções o acesso às escolas que lhes foi negado. Alguém vai dizer que tem escolas a vontade no Acre e só não vai quem não quer. A educação não é apenas uma sala de aula e cadernos. É preciso um trabalho social muito mais avançado em áreas de vulnerabilidade. Se não olharem para essa questão estaremos marchando para uma situação ainda mais caótica com a violência.


Caminho perigoso


São esses discursos de vingança que estão fortalecendo políticos ultra conservadores. O deputado federal Bolsonaro (PSC-RJ) já aparece nas pesquisas de intenções de votos para presidente da República com mais de 10%. Ele está vendendo para a população algo que não poderá entregar. Caso ganhe, mesmo que invista trilhões de reais, arme um exército para colocar nas ruas das cidades brasileiras, institua a pena de morte, o problema da violência continuará a existir. Se um político desse estilo chegar ao comando do país e investir trilhões certamente faltará mais verbas para a educação, saúde e saneamento. Será que é isso que o Brasil quer? Uma nação armada até os dentes com uma verdadeira guerra civil entre “mocinhos” e “bandidos”? Enquanto as crianças permanecem sem escola e sujeitas a todo tipo de doença pela falta de saneamento básico e médicos?


Desastre anunciado


E de quem é a culpa do crescimento no Brasil desses políticos conservadores e militaristas? De quem teve a oportunidade de colocar o país nos trilhos do desenvolvimento social e econômico, mas se encantou com o dinheiro fácil da corrupção. Ou não? Como se diz no Acre: “deram cabimento aos adversários”.


A hora da mudança


O nosso sistema político não atende mais as necessidades da nossa população. A maioria dos que se tornam representantes públicos estão mais interessados no poder e na bem aventurança pessoal e familiar do que no coletivo social. As vantagens de ser político corromperam o propósito básico de servir a população. O dinheiro fácil e as mordomias contaminaram as almas que são capazes de qualquer coisa para manterem as vantagens. A Reforma Política continua a se arrastar no Congresso Nacional numa clara formação de um cartel composto de deputados federais e senadores que não querem mudanças para continuarem com as bocas nas tetas dos cofres públicos. Um desmazelo que poderá gerar consequências nefastas à atual e às futuras gerações.


 


 


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