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Hilux: Caminhonete de luxo virou “jóia” para o crime organizado no Acre na conexão com o tráfico de drogas entre Bolívia e Peru

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Um modelo específico de caminhonetes tem sido alvo de bandidos em Rio Branco para trocar por drogas na Bolívia ou no Peru. A preferência dos criminosos é pela Hilux SW4. Os veículos são subtraídos em Rio Branco e levados para a fronteira por estradas vicinais da região entre as cidades de Plácido de Castro, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil. A BR-364, sentido Rondônia, também é rota de fuga para este tipo de crime. A Polícia Civil não informou o total de caminhonetes roubadas em 2016, mas há informações de fontes de dentro do comando de segurança – com base em depoimentos de bandidos presos por roubos de veículos – da encomenda de pelo menos 200 caminhonetes pelo tráfico internacional de drogas.


caminhonetes


Outra linha de investigação do serviço reservado das policias militar e civil tenta desvendar sucatões que estão sendo utilizados como fachadas para “desmanches” desses veículos. Além da Hilux SW4, outros tipos de caminhonetes como L-200 e a nova S-10, também estão na lista de preferência do crime organizado. Muitas das ordens de roubo e escolha de vítimas partem de ligações feitas de dentro dos presídios.

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Há um ano atrás, neste mesmo período, cinco caminhonetes foram alvos da ação de bandidos em apenas 22 dias. Esse número aumentou para quatorze em fevereiro e de lá pra cá, a coisa parece ter saído do controle. Se é que um dia existiu controle.


26 de maio de 2016 – O servidor público Manoel Roque de Lima, de 37 anos, teve a casa invadida por cinco homens no Residencial Jardim Europa, em Rio Branco. Na ação, os suspeitos chegaram a fazer quatro pessoas como reféns. Televisores, faqueiros, roupas, dinheiro, produtos foram levados em sua caminhonete, recuperada horas depois pelo serviço reservado da Policia Militar.


26 de setembro de 2016 – Família que morava no bairro Eldorado, na cidade de Brasileia, foi surpreendida por uma quadrilha armada composta por três homens e uma mulher que rendeu todos no local e pediu as chaves de duas caminhonetes modelo S10.


A preferência pelo roubo está mudando a rotina dos proprietários desse tipo de veículo. Quem não se desfez do carro, está em alerta, com medo de que sejam a próxima vítima. A reportagem conversou com um empresário que tinha três caminhonetes Hilux. Ele aceitou conceder entrevista somente depois de assegurar a não publicação de sua imagem e identidade.


“Eu vendi todos os três veículos com medo de ser junto com minha família alvo desses bandidos. Se fosse apenas o carro que eles levassem, mas corremos risco de morte, sem contar com o pânico causado a nossas esposas e filhos”, disse o empresário.


Produto mais caro, fácil de negociar e fronteiras abertas, são ingredientes perfeitos para o crime organizado fazer festa com o roubo desses veículos. Vídeos são postados nas redes sociais onde as quadrilhas comemoram ações consideradas perfeitas que têm como alvo, as caminhonetes.


“Puxadores” contam com ajudinhas importantes do poder público

ac24horas percorreu cerca de 90 km para chegar a uma das fronteiras consideradas mais vulneráveis pelo serviço de inteligência: o município de Plácido de Castro. A cidade com quase 18 mil habitantes, limita-se ao sul com a Bolívia. É atendida via terrestre pela rodovia estadual AC 90, que embora seja antiga, oferece tráfego tranquilo em todas as estações do ano. O comércio realizado do lado boliviano, na Vila Evo Morales é a principal atração turística do município. mas nem todos preferem essa rota.


fronteira


Fronteira do tráfico – O itinerário do tráfico é conhecido, conforme revelou o Coronel Eliecyr, responsável pelo comando da Polícia Militar na região. É pelos ramais do 06, 08 e 10, a Rodovia 475 que liga as cidades de Plácido de Castro e Acrelândia e o rio Abunã e os igarapés Rapirrã, Visionário e Santa Helena, por onde passa a grande quantidade de drogas que vem da Bolívia. Um cenário perfeito para a troca de caminhonetes por produtos ilícitos. Além de drogas, armas que fortalecem as ações das facções passam pela rota.


rota-do-trafico


Saindo das rotas das calhas principais dos rios, a navegação noturna pelos igarapés que cortam a floresta amazônica nas cidades, ajuda os traficantes driblar a fiscalização que é feita pela Policia Federal e as polícias militar e civil, além da Policia Rodoviária Federal. O efetivo reduzido e a gigantesca fronteira contribui para que o tráfico de drogas e carros roubados ocorra sem muitas dificuldades.


coronelCom 30 anos de experiência na Policia Militar, Eliecyr afirma que apenas com recursos humanos o tráfico jamais será combatido na resposta exigida pela sociedade. Ele afirma que, entre os municípios de Acrelândia, Senador Guiomard e Plácido de Castro, pelo menos duas barreiras com policiamento 24 horas deveriam ser montadas.


“A verdade é que a fronteira não tem segurança, sem monitoramento e efetivo fazendo esse controle de entrada e saída, somente com ajuda de equipamentos tecnológicos a situação seria de mais segurança”, afirmou o oficial.


Com relação ao roubo de veículos, o coronel cita a necessidade de o estado adquirir e instalar um equipamento chamado Sinivem – um sistema de reconhecimento e identificação de veículos, através de uma solução de leitura automática de placas (LAP) – que não existe em nenhuma fronteira do Acre com os países da Bolívia e do Peru.


“O acordo bilateral entre Brasil e Bolívia facilita o suporte maior para recuperação de veículos. Obstamos a ação dos puxadores esse ano, mas o estado sem esse suporte 24 horas e o Sinivem, perde muito nesse controle”, acrescentou o coronel.


Eliecyr por medida de segurança evitou falar do número de militares e policiais civis existentes em Plácido de Castro. Mas nem precisa ser detalhista. Uma simples visita à ponte internacional que liga as cidades de Plácido de Castro e a Vila Evo Morales já responde a tudo. O trânsito de pedestres e de veículos é feito sem nenhuma fiscalização.

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