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Entrega de Comenda Volta da Empreza na Praça da Revolução encerra programação de aniversário de Rio Branco

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A programação de aniversário dos 134 anos de Rio Branco foi encerrada ao ar livre na noite desta quarta-feira na Praça da Revolução, Centro de Rio Branco, em solenidade de entrega da Comenda do Mérito Volta da Empreza 2016. Foram homenageados o líder comunitário João Eduardo, pioneiro no movimento urbano de luta pela terra em Rio Branco; o desembargador aposentado Pedro Ranzi, que trouxe a Rio Branco os costumes sulistas através do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Plácido de Castro, localizado na Vila da Amizade, no 2º Distrito da capital; e o Mestre Daniel Mattos, fundador da igreja Barquinha, vinculada à doutrina do Santo Daime.

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A solenidade, embora formal teve um carater de festa, com samba e chorinho, além de uma apresentação cultural gaúcha.


João Eduardo recebeu, in memorian, a Comenda no grau Fundador; Pedro Ranzi no Grau Comandante, e Mestre Daniel, também in memorian, no grau Chanceler.


Dona Maria Souza, viúva de João Eduardo, lembra da luta do ex-líder comunitário e seu legado. “A gente fica alegre porque a gente começou essa luta muito jovem e as pessoas conseguem ainda lembrar. Ele começou essa luta com 36 anos. Uma luta pela população que estava ameaçada de morte.”


O nome da Comenda é uma referência à primeira denominação dada à cidade de Rio Branco no período de sua transição de seringal à povoado. A Comenda Volta da Empreza é constituída de três graus com distintos: O grau Fundador, cujo patrono é Neutel Newton Maia, destina-se a reconhecer os que se destacaram por sua significativa contribuição nos campos social, cultural, econômico, humanitário, desportivo, ou outros de notável importância para a cidade, bairro ou comunidade.


O desembargador Pedro Ranzi, gaúcho, disse que se sentiu honrado pela homenagem e por ter sido escolhido pelo Centro de Tradições Gaúchas para receber a comenda.


O grau Comandante tem o Coronel José Plácido de Castro como patrono e destina-se a homenagear os que contribuíram, através de atos extraordinários com a comunidade, para a consolidação da cidade em nível regional.


“Estou aqui representando os gaúchos. É uma honra. Na verdade, uma homenagem aos gaúchos. Fico agradecido na presença de vocês, e quero dizer que na casa de gaúcho não tem tramela”, disse bem humorado.


O grau Chanceler, cujo patrono José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, é mais alta distinção da Ordem, que se destina a homenagear aqueles que tenham reconhecidamente prestado relevantes serviços ao município, ou que, no exercício da sua atividade, tenham destacado o nome do município de Rio Branco nos cenários nacional ou internacional.


O prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre Viana, lembrou que a comenda é entregue a pessoas que ajudaram na prática a construir e a transformar a capital do Acre.


“Homenagear a comunidade gaúcha, homahenar o desembargador Pedro Ranzi que nos ajudou a construir o que a cidade é hoje; o João Eduardo, grande líder comunitário, que ajudou a defender a população, a luta pela terra. Eu tô muito feliz pela decisão tomada pelo conselho de homenagear pessoas que ajudaram e ajudam a nossa cidade”, destacou o prefeito.

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Conheça a biografia dos homenageados:

Desembargador Pedro Ranzi

Natural de Soledade (RS), o Desembargador Pedro Ranzi nasceu em 29 de junho 1947. Chegou ao Acre em fevereiro de 1969. Em Cruzeiro do Sul foi secretário-geral do Município em 1970 e prefeito no ano seguinte. É formado em Direito pela Universidade Federal do Acre (UFAC).


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No âmbito acadêmico, coordenou o curso de Direito da UFAC e também chefiou a assessoria jurídica. Atuou no Grupo Tarefa, encarregado da conclusão do Projeto de Construção da Escola de Ensino Fundamental de Rio Branco; integrou a Comissão que procedeu à eleição dos acadêmicos que integram os conselhos de ensino, pesquisa e extensão e de administração da Universidade Federal do Acre (UFAC); foi subchefe do Departamento de Direito, Coordenou o curso de Direito e chefiou a assessoria jurídica da mesma Universidade.


Também atuou como assessor técnico administrativo do Tribunal de Justiça do Acre. Em fevereiro de 1988, foi nomeado Juiz de Direito Substituto, atuando na 1ª Entrância na Vara Criminal da Comarca de Cruzeiro do Sul; na 2ª Entrância da 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco, além de coordenador do Juizado Especial Criminal da Comarca de Rio Branco e Juiz eleitoral da 9ª Zona.


Em junho de 2005 assumiu o cargo de Desembargador do TJAC. Foi vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE) entre 2005-2007 e vice-presidente do Tribunal de Justiça no biênio 2007-2009.


Exerceu a Presidência do TJAC no biênio 2009-2011 e a Presidência do TRE-AC no biênio 2011-2013, período em que também foi Presidente da Câmara Criminal do TJAC e Corregedor Geral da Justiça do Acre (biênio 2013-2015).


Em 1974, fundou, junto com companheiros, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Plácido de Castro e 2001 estreou o Programa de Gaúcho, sempre aos domingos, contando histórias gaúchas, promovendo a integração entre gaúchos e nordestinos. O programa está no ar há quinze anos e é considerado um dos grandes representantes da comunidade gaúcha no Acre.


O povo gaúcho historicamente contribuiu com a cultura e a economia do Acre desde os tempos da Revolução Acreana, movimento libertador comandado pelo gaúcho Plácido de Castro.


Daniel Pereira de Mattos

Daniel Pereira de Mattos nasceu em 13 de julho de 1888, na antiga freguesia de São Sebastião de Vargem Grande, no Maranhão. Ainda criança, ingressou como aluno na Escola de Aprendizes Marinheiros, de onde vem a sua formação básica e profissional.


Foi na condição de marinheiro que conheceu o Acre, em 1905, embarcado em uma fragata da Marinha de Guerra Brasileira, que trazia o batalhão de paz para guarnecer o novo território brasileiro.


Após essa viagem e outras escolheu o Acre para viver e, desde o dia 7 de abril de 1907, aqui fez sua moradia. Trabalhou nos seringais com os líderes da Revolução Acreana, entre eles o Cel. Plácido de Castro e José Galdino. Na década de 20, morava na antiga Rua da África (atual Rua 1º de Maio) e no bairro 6 de Agosto estabeleceu sua barbearia, bem como na Rua Epaminondas Jácome, na época de sua construção, em 1925.


Tratava-se de um homem extremamente habilidoso que desempenhava diversos ofícios com igual desenvoltura. Assim, pôde ser barbeiro, sapateiro, marceneiro, carpinteiro, alfaiate, artesão, cozinheiro e músico. Na verdade, Daniel era um grande compositor e intérprete. Tocava em vários estilos, como valsa, choro, marcha e samba, e construía violão, violino e cavaquinho. Era um reconhecido tocador de violão, e dava sua grande contribuição para a sociedade acreana, principalmente nas décadas de 30 e 40, escrevendo e ofertando partituras musicais para a Banda da Antiga Guarda Territorial do Acre, que tocava suas músicas nas retretas da cidade.


Após vivenciar conflitos, de natureza familiar e problemas de saúde durante vários anos, foi acolhido pelo conterrâneo e amigo, Raimundo Irineu Serra, em 1937, época em que iniciou os trabalhos com o Daime. Esse encontro trouxe um novo significado para sua existência, visto que os benefícios que Deus lhe concedeu, em cura física e espiritual através do Daime, estenderam-se a centenas de pessoas desta terra.


No ano de 1945, Mestre Daniel funda uma nova prática religiosa, unindo, em meio à floresta acreana, tradições religiosas de origem afro e do catolicismo popular com o uso ritual do Daime, bebida de origem indígena. Logo se estabelece em um pedaço de terra emprestada de um amigo, Manoel Julião, na Vila Ivonete, que era parte do Seringal Empresa, e constrói uma capelinha de taipa consagrando-a São Francisco das Chagas, a quem era devoto. Mais tarde, os seus seguidores batizaram a capelinha de Casa de Jesus Fonte de Luz, como é conhecida na cidade de Rio Branco até os dias de hoje.


Após o seu falecimento, em 1958, seus discípulos deram continuidade a sua missão, atendendo e auxiliando a todos que procuram a sua casa.


João Eduardo do Nascimento

João Eduardo nasceu em um seringal nas proximidades de Feijó em 1943. Ali, aprendeu a lidar com o corte da seringa.


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Maria Souza, esposa de João Eduardo, recebe a honraria das mãos de Marcus Viana

Foi no seringal Capana localizado no Purus que João Eduardo conheceu Maria com quem se casaria mais tarde. João Eduardo, a esposa e filhos decidiram mudar para Rio Branco. Chegando a Rio Branco instalaram-se em uma colônia agrícola. Pouco tempo depois mudaram para o bairro 6 de Agosto. Passando muita dificuldade João Eduardo sustentava a família realizando trabalhos de pedreiro e carpinteiro sendo inclusive um dos muitos operários contratados para trabalhar na construção da ponte Coronel Sebastião Dantas.


João Eduardo e a família permaneceram no bairro 6 de Agosto até o ano de 1974 quando uma forte enchente fez com que comprassem um lote de terra no bairro da Bahia. E nesse bairro e adjacência, desprovidos de infraestrutura, saneamento e segurança que se forma a figura do líder comunitário João Eduardo, época que foi nomeado monitor da Comunidade Eclesiásticas de Base daquele bairro.


Entre os bairros da Bahia e a estrada da Sobral existia uma rua que cortava um denso matagal, via de acesso entre os dois bairros, caminho percorrido diariamente por estudantes e trabalhadores que se dirigiam até a estrada da Sobral para pegar o ônibus. O percurso da estrada era isolado e perigoso, usado para desova de corpos. Devido principalmente as questões de segurança no local, os moradores decidiram desmatar a área. A partir desse momento, houve no local uma enorme procura de terras por pessoas de todas as partes, vindas da zona rural e também pessoas que moravam de aluguel, oriundas de outros bairros.


João Eduardo do Nascimento foi escolhido pelo governador Joaquim Falcão Macedo, através do então secretário de Comunicação, Elias Mansour, como presidente da comissão demarcadora de lotes. Com o desenvolvimento do trabalho de demarcação dos lotes e a tentativa de acabar com a “especulação urbana”, cada família deveria adquirir apenas um terreno. Começaram a ocorrer desentendimentos entre a comissão de demarcação e alguns moradores. Mas, mesmo sob ameaças, a comissão continuou essa atividade, até que no dia 18 de fevereiro de 1981, João Eduardo foi assassinado por um morador insatisfeito com as demarcações.


(Histórico extraído do portal da Prefeitura de Rio Branco).


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