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Marcus Alexandre: “Vamos atravessar essa turbulência do país com muita cautela, planejamento e sabedoria”

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Conversei por mais de uma hora com o prefeito reeleito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), no seu gabinete. Indaguei o gestor sobre os projetos do novo mandato, as relações com o PT e os partidos da FPA e da oposição. E, obviamente, se pretende ser candidato ao Governo do Acre, em 2018. Também se poderá mudar de partido mais a frente. Marcus bateu repetidamente na tecla da sua responsabilidade de ter sido escolhido pelos eleitores para administrar mais quatro anos a Capital. Um outro posicionamento notável do prefeito foi o de não reclamar do Governo do presidente Michel Temer (PMDB). Preferiu um tom mais diplomático do que ideológico. Marcus, deixa claro que as relações entre a prefeitura e o Governo Federal estão dentro da normalidade. Nesse bate papo, Marcus Alexandre, aconselha os novos prefeitos eleitos do Acre a terem cautela com o delicado momento econômico do país para não se perderem na suas gestões.

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 ac24horas – Depois de diplomado como prefeito de Rio Branco, na sua opinião, qual será o maior desafio nesta segunda gestão?


Marcus Alexandre – Quero lembrar da grande alagação de 2015 e das suas consequências que atravessaram 2016. Além disso, nós temos um cenário econômico no Brasil muito adverso. Um PIB negativo por dois anos e não temos uma perspectiva de crescimento econômico para o país em 2017. Por exemplo, o Orçamento da prefeitura aprovado pela Câmara Municipal é igual basicamente ao de 2015. Mas de lá pra cá entregamos novas escolas, postos de saúde. Vamos ter que manter o Orçamento e o controle total dos gastos para garantir os serviços essenciais da prefeitura e aquilo que nos propomos a fazer no segundo mandato. Pra mim, o grande desafio é atravessar esse momento de crise econômica que o Brasil está vivendo. Nós temos visto na TV estados atrasando salários e o ambiente político nacional ainda não encontrou uma calmaria. Muito pelo contrário, a temperatura política se elevou. Teremos que atravessar essa turbulência com muita cautela e sabedoria.


ac24horas – O PT com o impeachment da presidente Dilma (PT) perdeu a hegemonia do poder no país. E o senhor acabou sendo o único prefeito do partido eleito nas capitais brasileiras e cidades com mais de 200 mil habitantes. O senhor acredita que isso pode ser um fator a gerar discriminação do Governo Federal, comandado pelo PMDB, em relação as demandas da prefeitura de Rio Branco?


MA – Primeiro não é um fato que comemoro ter sido o único prefeito do PT eleito. Acho que bons prefeitos do PT não foram reeleitos por esse ambiente político nacional adverso. Mas essa é uma realidade que temos que conviver. Eu posso dizer a maneira como fui tratado em Brasília depois das eleições. Com respeito em todos os ministérios que andei. Não tenho que reclamar até agora do tratamento do Governo Federal. Claro que tivemos atrasos em repasses de recursos. Temos hoje construções de quadras paralisadas, mas estou entendendo que o motivo é mais do momento econômico do que qualquer outro fator político. A bancada federal tem nos ajudado a superar essa relação com o Governo Federal quando há dificuldade em algum ministério. Em relação aos ministros o tratamento sempre foi muito respeitoso. Acho que tendo bons projetos, mantendo a prefeitura adimplente e tendo um posicionamento técnico não vamos ter problemas. Um gestor de cargo executivo de uma prefeitura tem que se preocupar com o todo da população. Eu nunca me manifestei de maneira apaixonada contra ou a favor de algum representante do Governo Federal. A minha responsabilidade é cuidar da cidade toda. Tenho que estabelecer uma relação de parceria com o Governo Federal para não perder os recursos para o município. Claro que não deixo as minhas ideias de lado, elas estão no meu coração. Mas tenho que manter uma relação respeitosa com o Governo Federal.



ac24horas – Nesse sentido, na minha opinião, um dos projetos mais importantes da sua gestão é o Shopping Popular que gera empregos na sua construção. Também revitaliza o Centro de Rio Branco e, sobretudo, é um projeto de economia popular. O senhor acha que consegue concluí-lo num curto espaço de tempo?


MA – Olha nós tivemos um período este ano de dificuldade com essa obra porque foram três trocas de ministros do Turismo entre a saída da presidente Dilma e a chegada do presidente Temer. Então tivemos 60 dias sem liberação financeira, mas tenho que agradecer ao senador Jorge Viana (PT) e ao deputado federal Alan Rick (PRB) que abraçaram a causa e estão nos ajudando a liberar os recursos. Semana passada nós tivemos a liberação da última parcela pendente prevista do ano e conseguimos concretar a laje do Shopping. Ou seja, a obra tem toda a sua estrutura de concreto basicamente concluída. São 11 mil metros quadrados, e esse esforço final se deve a participação do Alan Rick e do Jorge Viana. Para o ano que vem a nossa expectativa é iniciar com alvenaria, hidráulica, elétrica. O atual ministro Marx Beltrão me recebeu já duas vezes para tratar da obra. Ele afirmou que o Shopping Popular é uma prioridade do Ministério do Turismo. Que eu poderia informar à população de Rio Branco que, em 2017, será concluído. Isso dá a garantia de que os recursos que estão assinados em contrato serão liberados. Estou com esperança de concluir esse sonho. Mas temos tido a liberação também de outras obras. Por exemplo, inauguramos a vigésima quarta unidade de saúde. Tínhamos 10 previstas no plano da primeira gestão e fizemos 24 com apoio de recursos liberados recentemente do Governo Federal. A prefeitura estando adimplente e os projetos em dia vamos conseguir avançar e fazer os investimentos que a cidade precisa.


ac24horas – Essas mudanças substanciais da política brasileira começam a se refletir no Acre. Nesse sentido, vencendo a eleição, mesmo num momento desfavorável ao seu partido, o senhor se considera um novo líder do PT do Estado? Quais as mudanças que o partido deveria fazer para recuperar a sua popularidade positiva?


MA – Olha nessa questão de liderança a avaliação deve ser de fora pra dentro. Não sou eu que vou avaliar se sou um líder. Isso cabe à militância, à população. Eu tenho buscado fazer a minha parte mantendo diálogo permanente com todos os setores do partido e da FPA. Me dou muito bem com todos os partidos da FPA  e todos setores e tendências do PT. Dialogo com companheiros de outros partidos da oposição. Tenho relações de amizade e respeito. Isso cabe em qualquer lugar. Então existem muitas lideranças que já ocuparam os mais diversos cargos no Estado como o governador Tião Viana (PT), o senador Jorge Viana, o Angelim (PT) que já foi prefeito duas vezes da Capital e é deputado federal, o Sibá Machado (PT). Tem novas lideranças surgindo como o presidente da ALEAC, deputado Ney Amorim (PT). Eu prefiro fazer a minha parte e deixar a avaliação para as pessoas. Do ponto de vista da relação partidária, o momento é de aproximação total com a população. Se você tem uma informação colocada na imprensa que não é verdadeira, a melhor maneira de você fazer com que a verdade chegue é dialogando direto com as pessoas. Aquilo que o PT fez no inicio de presença na base da sociedade, diálogo com as comunidades. Isso que temos que buscar fazer todo o tempo. Quem sou eu para dar sugestões para um partido que tem mais de 30 anos. Mas pessoalmente faço minha parte com diálogo direto com a população.


ac24horas – Prefeito Marcus Alexandre, o seu nome está no inconsciente popular como candidato natural ao Governo do Acre, em 2018. O senhor é prefeito da Capital reeleito com uma margem maior de votos do que se esperava. Existe alguma possibilidade do senhor ser candidato em 2018? 

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MA – Olha Nelson esse é um assunto que tenho tratado com responsabilidade porque as vezes sou indagado sobre isso no partido e, sobretudo, pelas pessoas nas ruas. Mas o que tenho a dizer é que não está no meu coração ser candidato em 2018. Estamos cumprindo uma jornada de quatro anos e estou preparado para iniciar uma nova jornada, enfrentar novos desafios de Rio Branco com responsabilidade. Tomarei posse no dia 1 de janeiro e estou preparado e entusiasmado, feliz por poder cuidar de Rio Branco mais quatro anos. Então o que está no meu coração é administrar o município, cuidar dos investimentos, avançar na educação, na saúde, etc.


ac24horas – Então aquela velha frase da política de que sou um soldado do partido, nesse caso, não vale pro senhor?


 MA- Eu penso que essa questão de militante, de soldado do partido, é algo que não sai do nosso coração. Mas nós temos que respeitar a vontade do povo. Acabamos de sair de uma eleição onde o povo escolheu o prefeito pra trabalhar quatro anos. Então nós temos que respeitar. No momento estou montando a minha equipe pra enfrentar os desafios da prefeitura.


ac24horas – A história de vida do senhor é de gestor e técnico. O senhor nunca foi um militante ideológico. Esteve em várias secretarias, no DERACRE e como prefeito faz uma gestão bastante técnica, apesar de ser político. Se fosse necessário, existiria alguma possibilidade do senhor mudar de partido? Sair do PT para algum outro da FPA? 


MA- Nelson eu vou ser muito sincero, você muda de partido, mas continua sendo a mesma pessoa. Então a gente tem que acabar um pouco com o discurso oportunista. “Ah eu vou mudar de partido porque aqui vou me dar melhor.” Não acho certo isso. O importante é manter as suas convicções e continuar sendo quem você sempre foi. Você muda de partido, mas continua sendo o mesmo? Está mudando por que então? Vou dar o exemplo do futebol. Se o seu time não está bem, perdendo jogos. Você vai trocar a camisa do seu time para colocar de outro só porque está ganhando? Não. Acho que onde estou posso contribuir com as minhas ideias, para a renovação, para o pacto de gerações. Cada um ao seu jeito. Eu gosto de ir pra rua todos os dias e conversar com as pessoas, escuto muita coisa, aprendo demais. Procuro fazer tudo com o máximo de participação popular. Talvez do meu jeito possa dar uma parcela de colaboração para o momento político que estamos vivendo sem ter que ficar trocando de partido.


ac24horas – Neste ano de 2016 qual foi a maior alegria como gestor da Capital e qual a maior tristeza?


 MA – Posso dizer que a maior alegria foi o reconhecimento que a nossa equipe teve trabalhando por Rio Branco. Não vou dizer que foi uma realização pessoal. Prefeito não faz nada só. Estou acompanhado de uma equipe a qual cobrei demais esses quatro anos, secretários, gerentes, diretores, quase sete mil servidores. Fiz acordar cedo, dormir tarde, trabalhar sábado, domingo, feriado. Enfrentar alagação, enfrentar seca. Eu me ponho ao lado da equipe como mais um membro de um time que trabalhou por Rio Branco. A alegria foi ver essa equipe ser reconhecida pela população. Alegria de entregar unidades de saúde, de poder terminar uma rua, abrir uma nova escola, essas coisas que nos motivam a enfrentar o dia a dia que é muito pesado.


ac24horas – A sua reeleição o senhor entende como uma avaliação positiva da população?


MA – Exato. A reeleição foi o reconhecimento do trabalho de uma equipe toda, da FPA e da gestão como um todo. Ao mesmo tempo isso vem carregado de responsabilidades porque agora as pessoas vão querer que a segunda gestão seja melhor que a primeira. Por isso, estou dizendo pra equipe que agora tem que acordar ainda mais cedo. Nós vamos ter que trabalhar mais para poder atender os anseios da população. E a maior tristeza, sem dúvida, foi a perda do meu pai. Um período difícil da minha vida porque meu pai estava com vitalidade até dois anos atrás. Teve um processo difícil com o câncer e eu envolvido num trabalho enorme. Ter uma cidade inteira sob sua responsabilidade tendo que enfrentar grandes desafios como a enchente que afetou milhares de famílias e sabendo que o seu pai está precisando de você. Foi um momento difícil. Mas fiz o que eu pude.


ac24horas – Isso interferiu no seu emocional no dia a dia?


MA – Sem dúvidas. Na campanha de 45 dias quase 15 eu fiquei acompanhando meu pai em Porto Velho. Administrar essa situação não foi fácil. A minha vida toda trabalhei e estudei para honrar o meu pai e continuarei fazendo isso.


ac24horas – Qual a visão que senhor tem para o Brasil, o Acre e Rio Branco em 2017? Quais são as perspectivas para o novo ano?


MA – Primeiro que o Brasil ainda não encontrou o caminho da calmaria política. O ambiente nacional ainda está muito turbulento. Quando a gente achava que iria melhorar vêm novas delações e essa situação toda da Lava Jato envolvendo políticos de todos os partidos, principalmente, o partido do presidente. E quando a política continua turbulenta isso influencia na economia, nas decisões de gestão do Governo Federal. São dois anos de PIB negativo e não temos uma previsão de crescimento no ano que vem. Vi declarações do ministro da fazenda dizendo que não espera crescer em 2017. Então se o PIB não diminuir já será uma vitória. Assim teremos mais um ano de muitas dificuldades financeiras e a crise econômica ainda vai persistir. Mas em alguns setores a retomada deve acontecer, sobretudo, aqueles que sobrevivem com pouco incentivo. A PEC que foi aprovada que estabelece teto de gastos vai impor uma nova visão para todos os gestores do Brasil. O Governo Federal anuncia que tem R$ 170 bilhões de déficit e a maneira de minimizar isso é diminuindo o custo. Portanto, vão reduzir repasses para se manter o teto do Orçamento. Acho que os prefeitos que assumirem agora têm que entender o momento que estamos vivendo. Quem se arvorar e sair gastando no meio do ano o dinheiro vai ter acabado. É preciso muito planejamento, controle de gastos.  Saber o que é importante e essencial à população para não deixar faltar o que mais se precisa.


ac24horas – Então os novos gestores terão que ter uma postura de espera e paciência para ver o quê está acontecendo e tomar as decisões?


 MA- Vou dar um exemplo simples da gestão. Você começa o ano em primeiro de janeiro sabendo que na semana no dia 20 de dezembro tem que pagar o décimo terceiro ao funcionalismo. Só que no final do ano você não tem dois repasses. Então desde janeiro, todo mês, tem que guardar um dinheirinho para no final de dezembro pagar o décimo terceiro. Se deixar para guardar no último mês não vai conseguir pagar. É um exemplo de zelo que o administrador tem que ter. É preciso todo mês guardar um doze avos para ter o recurso no final do ano. E nós temos um inverno rigoroso na Amazônia. Imagino que neste ano deverá ser pelo menos na média, já que em 2016 choveu pouco. Tem serviços de limpeza, dengue, chikungunya. O inverno renova problemas. É um bueiro que estoura, uma ponte que dá problema, isso tudo vamos viver agora. E depois no verão temos que trabalhar. Tem que se estar preparado para 2017. Acho que todos os prefeitos têm que olhar para o andamento da travessia. O Brasil se voltar a crescer será em 2018. Então temos que atravessar 2017 numa condição de economia desfavorável.


ac24horas – Final do ano, 134 anos de Rio Branco no dia 28 de dezembro, nova gestão, Natal, Ano Novo, qual a sua mensagem para a população?


MA – Uma mensagem de esperança. Qualquer pesquisa que a gente faz de satisfação se vê o orgulho que as pessoas têm de morar em Rio Branco. É Isso que carrego no meu coração. No caso da prefeitura foram cumpridos os seus principais compromissos. Fizemos o pagamento de servidores. Antes do Natal estava tudo na conta. Estamos renovando as esperanças para novos desafios na saúde, na educação, na infraestrutura. Serão quatro anos de mais trabalho e dedicação. Desejo um Natal abençoado para a população e um Ano Novo de muita paz e realização para cada família e podem esperar muito trabalho da nossa equipe.


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