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No fundo do poço

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Cantada em prosa e verso pela propaganda oficial, a robustez da economia acriana não passa de conversa pra boi dormir. É o que se pode inferir – sem medo de errar – da iniciativa do governo em enviar à Assembleia Legislativa o projeto de lei nº 94, que autoriza o uso de 70% dos depósitos judiciais para pagamento de precatórios, obrigações do Acreprevidência e amortização da dívida pública do Estado com a União.


Ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) já tenha declarado a inconstitucionalidade de leis similares editadas por Minas Gerais, Bahia Paraíba, Piauí e Paraná, o governador do Acre não se vexa em querer se apossar dos depósitos judiciais para quitar dívidas que lhe cabem solver.

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Não espanta que Sebastião Viana ignore as regras do jogo em um momento de dificuldades financeiras, e que pra isso ainda conte com a fiel base aliada no parlamento estadual. No que diz respeito à pensão vitalícia paga aos ex-governadores, por exemplo, ela tampouco o constrange, bem como ao irmão senador, em cujo governo foi retomado o pagamento.


Do mesmo modo como foi declarada a inconstitucionalidade da medida aprovada nesta quarta-feira pelos deputados, a pensão vitalícia já foi considerada ilegal pelo Supremo. E ainda assim temos de sustentar os marajás irmãos Viana, bem como aqueles que o antecederam no cargo ou dele fez uso no interregno entre ambos.


Recolhido à mediocridade de uma gestão esmagada pela crise, o governador petista quer lançar mão de recursos que não lhe cabem por lei. Longe de acenar com os cortes de gastos tão necessários ao equilíbrio fiscal, Sebastião prefere o caminho mais curto para a solução dos problemas imediatos.


Se não cabe onde cortar, o atual governador poderia começar pelas centenas de apaniguados políticos que sobrecarregam a folha de pagamento estatal. Só de assessores especiais, cujas funções consistem em falar ao celular o dia inteiro, sem que deem um prego numa barra de sabão, a economia seria significativa.


Mas de volta à proposta governamental. Conforme já informado pelo ac24horas, não obstante a destinação dos recursos estarem descritos no malfadado projeto, dois deputados da base governista afirmam que eles serão destinados ao pagamento de servidores e empresas.


Não espanta que em período de eleição o governo petista queira tirar algum coelho da cartola. Faz sentido que queiram quitar dívidas às vésperas da escolha dos futuros prefeitos dos municípios, já que moeda sonante é sempre uma boa maneira de atrair apoiadores de última hora.


A mágica de fazer dinheiro ao arrepio do que entendem os ministros do STF revela apenas a falta de destreza do governador.


Embalado pelo delírio de industrializar o Estado, Sebastião acaba de nos revelar que, no final das contas, ele e seus antecessores da Frente Popular só sabem administrar em época de fartura.


Se ainda não estamos no fundo poço, muito em breve chegaremos lá.


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