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A volta de quem não foi

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Há coisas imponderáveis na política. E um exemplo é o regresso do PSDC à base governista. O deputado estadual e presidente regional da sigla, Eber Machado, após longo período de “desterro”, topou retornar à sombra de um governo do qual fora expulso.


Escorraçado da aliança, Eber nunca se aproximou da oposição. Viveu no vácuo político durante meses, como uma alma penada presa às ruínas de uma vida tragicamente interrompida.

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Enquanto figurava na base do governo, ensaiou discursos duros contra o Executivo, como se buscasse uma independência que, uma vez lhe oferecida, foi terminantemente recusada.


Essa ejeção política da FPA, longe de lhe fortalecer o rigor retórico, acabrunhou o deputado para outras investidas tão ou mais ferinas que as anteriores. Intimidou-se o Eber Machado de outros tempos, quando ainda se achava indispensável ao governo que servia.


Agora, com o anúncio de que ele e seu partido estão prontos a desembarcar de volta na aliança, sabe-se, afinal, o motivo do acabrunhamento: ao alimentar a esperança de regressar à doce vida de governista, Eber conteve o ímpeto de criticar aqueles aos quais pretendia desposar pela segunda vez.


O rompimento de faz-de-conta custou ao PSDC alguns filiados ilustres, entre os quais o ex-deputado federal Osmir Lima, que acabou aterrissando no PSD do senador Sérgio Petecão.


Mas a perda maior é na imagem do próprio Eber Machado, que aos olhos dos seus eleitores houve de aplicar em si mesmo, por cima do verniz de parlamentar destemido, as cores esmaecidas do político amedrontado.


Não bastasse essa sequência de fatos, Eber passou meses a propagandear a delirante meta de candidatar-se à prefeitura de Rio Branco, em mais uma clara bravata contra aqueles aos quais desejava, no fundo, cortejar.


Não apenas durou pouco a aventura cujos perigos Eber resolveu não enfrentar, como os iludidos por sua coragem foram brindados com a informação de que ele quer mesmo é voltar à Frente Popular do Acre.


Nesse período pré-eleitoral, Eber faz bem em regressar à base governista. Certamente terá o que deseja, em contrapartida ao que esperam dele os que lhe deram as costas e agora o recebem de volta com os braços abertos.


E após toda essa tempestade, fiado na memória curta do eleitor ordinário – mas bem próximo às eleições de 2018, como haverão de requererem as circunstâncias, o deputado poderá ensaiar outros pronunciamentos indignados, na tentativa de nos impressionar com seus arroubos retóricos.


Por enquanto, fiquemos certos apenas de que Eber vai estar no lugar de onde nunca, na verdade, quis ter saído.


*Archibaldo Antunes é jornalista, autor do romance Amazônia dos Brabos


 


 


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