Conselho editorial
O senador Jorge Viana, em recente encontro com jornalistas acreanos, afirmou que seu partido é vítima da corrupção sistêmica, da qual nenhum governo pode prescindir em nome da tal governabilidade. Trata-se, é claro, de uma meia verdade.
E como toda meia verdade é composta também pelo seu contrário, a afirmação do senador consiste também em tentar escamotear que foi o PT a criar o mensalão e o petrolão, dois “dispositivos antirrepublicanos” a serviço da manutenção do poder dos companheiros Luiz Inácio e Dilma Rousseff.
Nunca antes neste país um partido criou esquema tão descarado de compra de votos na Câmara dos Deputados e de desvio de recursos de uma estatal para engordar os cofres de campanha.
Com três passagens e meia pela Presidência da República na biografia, o Partido dos Trabalhadores nada fez para livrar o país das regras de um sistema político-eleitoral do qual Jorge Viana quer, só agora, se dizer vítima. Os petistas não apenas se adaptaram às regras do jogo como o aperfeiçoaram em benefício próprio.
A maior prova de que, mesmo ante a queda iminente, não há arrependimento pode ser constatada na insistência de Dilma em não abreviar a própria agonia. Ontem, 7, mais uma vez, ela negou a intenção de renunciar. E quando assim o faz não age nem em proveito próprio, como apenas em prejuízo do país.
Urge reconhecer que mais preocupados estão os companheiros com a interrupção de um projeto de poder que preconizavam tão longevo quanto as dinastias socialistas. Menos preocupação há com os resultados das manobras necessárias à consolidação dessa longevidade.
O mea culpa de Jorge Viana não redime o partido dos seus erros. E apontá-los, do lado de cá do balcão, não significa ignorar as conquistas advindas da passagem de Lula e da própria Dilma pela Presidência.
Resta-nos a esperança de que a História nos revele se o PT é feito de mocinhos bem intencionados ou de picaretas a serviço de si mesmos.
