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Ramon, ex-craque do futebol local vira mestre Cuca

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unnamedApesar da rara habilidade com a bola nos pés, poucos achavam que o adolescente Vladimir Ramon Farias Lima poderia se tornar jogador de futebol num clube profissional. É que desde cedo o referido atacante, nascido em 5 de junho de 1971, em Cruzeiro do Sul, cidade acreana mais a ocidente do território nacional, fumava e bebia como gente grande.


Tanto vivia de maneira desregrada que aos 14 anos, quando fez sua estreia no time do Náuas, na segunda divisão do campeonato municipal de Cruzeiro do Sul, Ramon só aguentou jogar um tempo. Uma situação que permaneceu inalterada até aos 17 anos, período em que ele defendeu outros três clubes da mesma cidade: Internacional, São Cristóvão e Vasco.

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Em 1989, porém, tudo começou a mudar na vida de Ramon. Ao descobrir a religião União do Vegetal, ele largou o fumo e a bebida. A consequência imediata disso foi o ganho de condição física, o que permitiu que todo o seu talento com uma bola de futebol viesse à tona. Marcá-lo passou a ser tarefa praticamente impossível para os zagueiros adversários.


No final deste ano de 1989, ao jogar por Cruzeiro do Sul a final de um campeonato entre seleções contra Tarauacá, Ramon chamou a atenção do coronel da PM Gualter Craveiro, que o convidou para defender profissionalmente o Juventus, da capital. Ramon acertou contrato por dois salários mínimos mensais, alternando partidas no time titular e de juniores.


Passagem por Vasco e Rio Branco


Ramon ficou no Juventus até 1991, sagrando-se campeão estadual em 1990, vice-campeão no ano seguinte e jogando ao lado de grandes nomes do futebol acreano, como Klowsbey, Paulo Henrique, Josman, Paulão, Ulisses, Rocha, Marcelinho e Renízio. Mas dois anos longe da amada Cruzeiro do Sul foram demais e ele resolveu retornar à terra natal.


O craque passou o ano de 1992 em Cruzeiro do Sul, defendendo no campeonato municipal a equipe do Armazém Santos. Quando acabou o ano, porém, um convite do então governador Romildo Magalhães para defender o Vasco da Gama, da capital, o arrastou outra vez para o futebol profissional. Ganhou, para tanto, um emprego público até o final de 1993.


Em 1995 foi a vez do Rio Branco acontecer na vida de Ramon. A convite do dirigente José Macedo, o atacante cruzeirense arrumou as malas e foi novamente para a capital acreana. O Estrelão se preparava para disputar a Copa do Brasil, sob o comando técnico do professor José Aparecido, o Nino, e pretendia montar uma equipe forte para a competição.


A lua de mel com o Rio Branco durou pouco. Ramon foi titular no primeiro jogo da Copa do Brasil, em casa, contra o Palmares (RO). Vitória do Estrelão. No jogo da volta, Nino o sacou do time, alegando razões táticas. Depois disso, o técnico o manteve na reserva. Ramon, aborrecido, faltou a um treino. Aí não foi nem relacionado para o jogo seguinte, contra o Corinthians. Ele não aguentou, rescindiu o contrato e foi embora pra casa.


Experiência internacional e fim de carreira


Em 1996 foi a vez de Ramon mudar de país. Convidado por dirigentes do La Loretana, de Pucalpa, no Peru, o craque assinou contrato ganhando 2 mil dólares mensais, mais a mesma quantia a título de luvas. “Eles me deram ótimas condições. Além desses valores, eu tinha ainda apartamento por conta deles e 100 dólares por vitória”, explicou Ramon.


Ramon deveria ficar por dois anos em Pucalpa. Acabou ficando um ano. Acometido de uma úlcera gástrica, ele precisou entrar em tratamento intensivo e dar um tempo para a bola. Os peruanos ainda tentaram fazê-lo ficar, dizendo que o esperariam recuperar a saúde, mas ele não aceitou e voltou para Cruzeiro do Sul. Foi o seu último clube profissional de futebol.

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A partir daí, Ramon ainda permaneceu em campo como amador até 2005, jogando nos campeonatos municipais da sua cidade pelos times Bairro do Alumínio, Armazém Santos e Juruá. Com a classe de sempre, deixou inúmeros zagueiros no chão depois de dribles desconcertantes e marcou dezenas de gols. “Mas só por divertimento”, afirmou o ex-craque.


Hoje, aos 43 anos, Ramon leva a vida numa boa, dividindo o tempo entre administrar e preparar os melhores pratos do Restaurante Samurai, de sua propriedade, em Cruzeiro do Sul. Sobre a carreira de futebolista, ele não lamenta nada. Mas diz que se tivesse a maturidade que tem agora poderia ter chegado bem mais longe. “Bola pra isso eu tinha”, garantiu ele.


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