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De quem é a culpa?

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Dados mostram que população de Tarauacá poderia ter sido avisada sobre inundação ‘repentina’ que provocou prejuízos estimados em mais de R$ 15 milhões somente na zona urbana


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Dias antes das intensas chuvas que provocaram inundações no município de Tarauacá, mapas de distribuição de chuvas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostravam um acumulado de chuvas de 250 a 30 milímetros entre os dias 1 e 21 de novembro deste ano. Se a informação tivesse sido processada pelo Centro de Hidrologia da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) o evento poderia ter sido previsto com precisão de pelo menos uma semana antes e evitado o prejuízo milionário provocado pela inundação dos rios Muru e Tarauacá na região central do estado.


O aviso de alerta deveria ter saído da Unidade de Situação de Monitoramento de Eventos Hidrometeorológicos instalada na Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac). O centro é responsável pela tomada de decisões com base no monitoramento diário de tempo, clima e o níveo dos rios, mas segundo o geógrafo Saint Clair, até hoje não se sabe ao certo onde ocorreram as chuvas que provocaram a inundação dos rios Muru e Tarauacá.


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“Se as chuvas aconteceram nessa região mais próxima de Santa Rosa do Purus ou na cabeceira do Rio Tarauacá tinha como identificar, mas se foi fora desse perímetro não tínhamos como prever”, esclareceu Saint Clair.


O geógrafo Claudemir Mesquita, da Secretaria de Meio Ambiente do Acre, disse que recebeu relatórios da Unidade, “mas não foi enviado com essa magnitude”, acrescentou. Ainda de acordo Claudemir, a falta de boletins meteorológicos tornou o evento em uma “novidade”, mas já era previsto.


agua_03“Existem três corredores climáticos: o primeiro que ocorre entre 1.600 à 2.000 milímetros, o segundo no Vale do Purus entre 2.000 e 2.200 milímetros e o terceiro ocorre no Vale do Juruá entre 2.220 a 2.500 milímetros de chuva”, esclareceu.


Esse corredor é o mais propício às precipitações na região porque, segundo o geógrafo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA, a linha de convergência intertropical quando vem muito úmida não soube até o Vale do Acre. Ele destacou que por causa da Cordilheira dos Andes, a precipitação não ultrapassou a região de Tarauacá.


“Faltou uma boa leitura dessa massa de ar pelos meteorologistas, que deveriam ter informado aos gestores que existia um fenômeno meteorológico que precisava ser mais bem interpretado”, destacou.


A reportagem teve acesso aos mapas de distribuição de chuvas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) que comprovam um acumulado de chuvas de 250 a 30 milímetros entre os dias 1 e 21 de novembro deste ano.


O prefeito Rodrigo Damasceno confirmou que no pico da enchente o rio Tarauacá – que banha a cidade – atingiu a cota 11,95 relatou. O município decretou situação de emergência assim que o nível atingiu 2,75 metros acima da cota de transbordamento que é de 9 metros.

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“A previsão de subida era de 10 metros”, confirmou Damasceno.


Estado tem tecnologia, mas carece de gestão – Dez plataformas de coleta de dados (PCDs) enviadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) estão em funcionamento nas seguintes localidades: Sena Madureira (rio Caeté), Assis Brasil (Estação Ecológica do Rio Acre e área urbana), Brasileia, Epitaciolândia, Capixaba, Rio Branco, Riozinho do Rola, Rio Espalha e Parque Estadual do Chandless.


Os aparelhos possuem sensores de chuva, nível da água, e transmitem automaticamente as informações via satélite várias vezes por dia para os computadores instalados no centro de monitoramento, que estará conectado à Sala de Situação da ANA em Brasília.


A rede é fruto de uma cooperação técnica entre a Agência e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Acre.


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A zona de convergência tropical atuou três dias antes da enchente sem que a leitura correta fosse repassada à população. Para Claudemir Mesquita, os gestores só agiram depois do evento. “Ai correm e dizem para o povo que foi pego de surpresa”, protesta o geógrafo.


O geógrafo segue alertando para outras cheias que podem acontecer abordando a necessidade de mais investimento em recursos humanos. “Só os equipamentos não são capazes de prever eventos como esses, é preciso bons profissionais atuando, principalmente nessa região da Amazônia”, concluiu.


Especialista da Ufac diz que falta planejamento físico das cidades


agua_02A reportagem procurou o coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais (Acre Bioclima) da Universidade federal do Acre para analisar a situação. Alejandro Fonseca Duarte chamou atenção para a falta de planejamento físico das cidades.


“Não existe nenhuma surpresa, vivemos em ambiente de floresta tropical úmida e quente. Esses fenômenos são comuns nessa bacia geográfica”, comentou.


Para o especialista o homem precisa se harmonizar como viver no Acre nesse período sazonal que aponta chuvas acima do limite não somente no Acre, mas em toda a Amazônia. “Se fala muito em adaptação e a mesma calamidade é anunciada a cada ano”, acrescentou.


Regionalizando o debate, Alejandro elogiou o projeto Cidade do Povo construído pelo governo do Acre, mas afirma que para eficiência total desse planejamento é necessário evitar novas ocupações em áreas de riscos.


“A eficiência da Cidade do Povo será no aspecto de ocupação e desocupação das regiões de risco”, falou.


Citando os investimentos do estado em tecnologia na área de monitoramento hidrometeorológico, alertou para a necessidade de manutenção desses equipamentos. Para Alejandro sempre é possível se confirmar com antecipação as grandes enchentes.


“É preciso mais investimentos”, concluiu.


Prefeito garante conclusão do Plano Diretor da cidade de Tarauacá


agua_05O prefeito Rodrigo Damasceno garantiu na tarde deste sábado (29) que o município concluiu o Plano Diretor da Cidade até o mês de dezembro. O planejamento de uma nova Tarauacá, segundo Damasceno, prevê um crescimento para mais 50 mil pessoas nos próximos 20 anos.


“Trabalhamos duro durante todo o ano para concluir o Plano Diretor agora em dezembro”, confirmou Damasceno.


O município ainda contabiliza os estragos na zona rural. Na zona urbana os prejuízos estão estimados em R$ 15 milhões. Após a enchente, 70 famílias que sofreram com desbarrancamento foram retiradas para aluguel social.


“O rio continua instável, um dia apresenta-se abaixo da cota, mas depois da enchente já esteve com 9m36”, acrescentou o prefeito.


 


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