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Poupança perde R$ 3,2 bilhões em 6 dias

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Depois de 25 meses consecutivos registrando mais depósitos do que saques, a caderneta de poupança está perdendo o fôlego. Segundo dados mais recentes do Banco Central (BC), em abril, até o dia 14, depósitos e resgates estavam praticamente empatados: houve uma captação ligeiramente positiva em R$ 33 milhões no mês, acumulando saldo de R$ 614,9 bilhões. Mas observando apenas os últimos seis dias úteis da série, houve saque de R$ 3,2 bilhões. Com juros na casa dos dois dígitos e inflação ameaçando ultrapassar o teto da meta de 6,5% ao ano, investidores podem estar partindo para alternativas de aplicação mais rentáveis, como fundos de investimento – que captaram em sete dias terminados em 14/4 R$ 9,8 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).


“Mas nada garante que esteja havendo essa migração, nem que a saída da poupança está se dando pela alta dos juros. Acho que o brasileiro está precisando do dinheiro”, diz Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo.

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André Massaro, consultor e educador financeiro, tem a mesma opinião. “Analisando pesquisas recentes sobre o crédito à pessoa física, concluí que o endividamento das famílias vem mostrando sinais de recuo, indicativo de que parte do dinheiro que vinha sendo empregado em poupança, por exemplo, pode estar tendo como destino o pagamento de dívidas”, diz. “A deterioração dos indicadores econômicos está chegando ao entendimento do consumidor, que está preferindo pagar dívidas”.


Em março, a captação líquida da poupança havia sido de R$ 1,790 bilhão, 3,8% abaixo do que em fevereiro. Em relação a março de 2013, a queda foi de nada menos do que 70%. A tendência de queda na captação líquida vem se desenhando desde o começo deste ano. Em 2013, a média mensal foi de R$ 5,9 bilhões, acumulando captação recorde de R$ 71,05 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, a média caiu para R$ 1,8 bilhão. E pelo resultado de abril até agora, ameaça cair mais.


Massaro vê a inversão no resultado da poupança como natural. “Inexplicável era a captação recorde nos últimos meses de 2013 quando a Selic já havia passado de 8,5%”.
Embora haja uma relação inversa entre captação de poupança e dos fundos, Dana acredita que pode ser coincidência. E, apesar da alta recente da captação líquida, o acumulado no ano é de apenas R$ 8,204 bilhões. “O problema dos fundos no ano passado não foi a concorrência da poupança, foi a marcação a mercado dos títulos em carteira, porque as taxas de juros subiram repentinamente. E além disso, as taxas de administração são muito elevadas”, diz. “A média é 1,5%, mas tem fundo que cobra 3%. Isso, sobre um rendimento de 11%, resulta em 8% ao ano – tirando o Imposto de Renda, acaba resultando no mesmo que a poupança”, diz.


No entanto, diretores da Anbima estão na torcida para recuperar o terreno perdido, agora que os juros pularam para a casa dos dois dígitos. Marcos Daré, presidente do comitê de varejo da entidade, acredita em reversão da tendência neste ano. Mas não vê grandes mudanças de perfil dos investimentos em 2014, ano que ele acredita que será de mais expectativa e cautela. “O que pode ocorrer é migração entre investimentos conservadores, da poupança para fundos DI, por exemplo”. Esses fundos ganharam novos investidores em 2013: a sua participação passou de 30,5% em 2012 para 38,4% em 2013.


Os fundos que mais captaram na semana passada, de acordo com a Anbima, foram os de curto prazo, DI e renda fixa – respectivamente R$ 7,056 bilhões, R$ 2,405 bilhões e R$ 3,358 bilhões. Isso revela que os investidores não estão olhando apenas para o aspecto rentabilidade, mas também para a liquidez – os depósitos nos fundos não fazem “aniversário” mensal, como na poupança.


Mas segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), somente nos casos em que os fundos de investimento cobram altas taxas de administração, a partir de 3% ao ano, a poupança é mais vantajosa. Para taxas de 2,5% ao ano, a caderneta só rende mais que os fundos em aplicações de até um ano. Para taxas inferiores a 2,5%, os fundos são mais rentáveis em todas as situações.


Pelas simulações da Anefac, com o atual nível da taxa Selic, uma aplicação de R$ 10 mil na poupança rende 6,55% ao ano, o que representa rendimento de R$ 655 ao fim de 12 meses. A mesma quantia, aplicada em fundos de investimentos, rende de R$ 693 (com taxa de administração de 2% ao ano) a R$ 834 (com taxa de administração de 0,5% ao ano).


Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, as cadernetas de poupança vão continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa cujas taxas de administração forem superiores a 2,50% ao ano mesmo com a elevação da Selic, principalmente no caso de aplicações de valores menores. Afinal, diz, não pagam imposto de renda nem taxas de administração. “Este fato deverá provocar em reduções nas taxas de administração dos bancos para não perderem clientes”, disse em nota o executivo da Anefac.


Levantamento da Anbima mostra que taxas de administração cobradas no varejo, em fundos DI e renda fixa, já vem caindo desde 2009. Em fevereiro, último dado disponível, os investidores de varejo pagavam em média 1,16% nos fundos DI (de 0,88% a 3,29%, dependendo do montante aplicado e do relacionamento com o banco) e 1,06% nos renda fixa (de 0,41% a 2,50%).


Tesouro direto, opção sem intermediários 


Pode ser que não esteja havendo uma migração. Mas com juros a 11% há outras aplicações de renda fixa, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Agrícola (LCA), que batem a poupança – além de isentas de IR, não cobram taxas de administração. O estoque vem crescendo e ganhando a atenção de mais investidores.


Outra modalidade que vem conquistando investidores é o Tesouro Direto. “Dispensa intermediários e dá retorno de até 12,5% – sobre o qual é preciso deduzir o IR. Mas ainda rende mais do que a maioria dos fundos”, diz Dana. No entanto, lembra, o volume ainda é baixo.


Massaro também aponta a Letra Financeira do Tesouro (LFT) Nacional como opção. “São títulos que praticamente não apresentam oscilação até o vencimento pois replicam a Selic”. Outra qualidade da LFT é o vencimento mais curto em relação a outros títulos negociados pelo Tesouro Direto – a Letra vence ainda nessa década.

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