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Delegado nega truculência e diz que civis foram agredidos por PMs na delegacia

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O delegado Leonardo Santa Bárbara, autor da prisão do 3º sargento da Polícia Militar, James Wendel, na noite do último sábado, na Delegacia de Flagrantes, que gerou a invasão policial à unidade de Segurança, resolveu dar sua versão para o caso, em entrevista ao ac24horas. 


Santa Bárbara nega que tenha sido “truculento”, diz que agiu como manda a lei e que só resolveu dar voz de prisão ao policial porque além de ele ter desobedecido a autoridade policial, teria praticado “falso testemunho”.

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“Eu questionei ao sargento se ele tinha realizado o teste do bafômetro, que é a primeira prova que se pede em caso de embriaguez no trânsito. O policial em referência disse que não realizou. Eu questionei o conduzido se ele consentia em realizar o teste. Porque é um direito dele, além de ser o dever do policial. Ele disse que gostaria de realizar. Então eu determinei ao policial, perguntei se ele tinha o material pra fazer o teste, ele disse que tinha. Aí eu determinei que fosse realizado o teste do bafômetro e ele disse que não ia fazer. Ele não foi preso nesse momento. Eu pedi pra constar no livro que tinha sido determinado por mim que ele realizasse o teste do bafômetro no conduzido e informei a ele que ele iria o suposto crime de desobediência e que iria ser investigado num segundo momento”, disse.


O delegado disse que James Wendel se negou a assinar o Boletim de Ocorrência, em que constava que ele teria se recusado a realizar o teste do bafômetro no condutor. O sargento ainda pediu para que o delegado retirasse a “parte” em que ele estava descumprindo o procedimento do teste do bafômetro. Foi então, diz Santa Bárbara que foi dada a voz de prisão. Ambos ainda chegaram a por a mão no coldre da arma em uma das salas de testemunhas da Defla.    


“Ele pediu pra que eu imprimisse o BO pra que ele desse uma lida. Assim que eu imprimi o Boletim de Ocorrência e entreguei pra ele, ele disse eu vou pegar aqui o BO pra sair pra eu perguntar aqui qual que é a placa da moto. Pra eu me certificar aqui que a placa da moto é essa que eu dei. A justificativa dele foi essa. Aí ele saiu foi até a sala onde se encontrava o superior imediato dele que é o tenente Rodrigues e ao retornar ele não falou nada sobre a placa da moto e disse que não iria assinar. Ele marcou um pedaço do texto, onde ele falou: eu só vou assinar, o senhor retire essa parte que fala onde eu teria descumprido a ordem do bafômetro e eu só vou assinar a parte de cima. Aí eu argumentei a ele que ele deveria falar sobre a verdade dos fatos, sobre toda a verdade. Do momento da prisão até a delegacia. Aí ele disse que não iria assinar. Eu disse a ele: o que está escrito aí foi o que o senhor me respondeu? Ele disse: é, o que está escrito aí foi o que eu respondi, só que sobre essa parte aqui eu não quero falar e não vou assinar, sobre essa parte que fala da não realização do bafômetro. Aí eu disse pra ele que se o senhor não assinar o senhor vai  incorrer no crime de falsa testemunha, aí eu vou ter que prender o senhor. Aí ele disse que tudo bem eu não vou assinar. Aí eu dei voz de prisão a ele. No momento em que eu dei voz de prisão a ele, ele fez menção novamente de sair e colocou a mão no coldre da arma. Quando ele colocou a mão no coldre da arma, eu saquei a minha arma, não apontei pra ele. Eu me levantei, saquei a minha arma e disse olha o senhor permaneça onde o senhor está porque o senhor está preso”, acrescenta o delegado.


O delegado pediu ao tenente Rodrigues, superior do sargento James Wendel, que também se encontrava na Delegacia de Flagrantes, o envio de outra guarnição para realizar o teste do bafômetro no condutor detido, mas o oficial se recusou a fazer a chamada argumentando que o sargento poderia ser prejudicado.


“Ele ficou esperando e comunicou o fato dele ao superior imediato dele que seria o tenente Rodrigues e ficou aguardando a chegada do tenente. Quanto o tenente chegou, ele perguntou o que tinha ocorrido e eu informei pra ele da situação. Surpreendentemente o tenente Rodrigues disse que não ia fazer, que não ia chamar outra guarnição porque segundo ele a pessoa teria se envolvido num acidente 3h30 da tarde e como já era quase 8h da noite podia ter passado os efeitos do álcool e poderia não acusar o álcool no sangue e prejudicar o policial, e ele responder por abuso de autoridade. Eu disse a ele que aquelas argumentações não cabiam e que eu estava determinando que ele providenciasse a colheita da prova, que é um dever do delegado”


 A invasão da delegacia: Santa Bárbara diz que coronel incitou a desordem e que delegados foram agredidos


 Segundo ainda o delegado, o tenente Rodrigues foi responsável por ligar para os colegas. Com auxilio dos policiais militares que estavam na delegacia, rapidamente foi formada uma rede de mais de 60 PM’s que invadiram a unidade de segurança para resgatar o sargento.


O delegado diz que foram acionadas duas viaturas do Bope e que vários PM’s invadiram a unidade armados de fuzis e metralhadoras para resgatar James Wendel


Estavam trabalhando no plantão na Delegacia de Flagrantes, além do delegado Leonardo Santa Bárbara, os delegados Getúlio Monteiro e Alberto Dalacosta. “Os delegados foram agredidos. Deram uma gravata no Getúlio”, diz.


O delegado diz que vários oficiais da PM participaram da invasão, entre eles os coronel Márcio Alves, que incitou o motim afirmando que nenhum policial militar seria preso.

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 “Principalmente coronel Márcio Alves ficava gritando palavras de desordem. Dizendo que era o comandante naquele momento e que nenhum policial ficaria preso na delegacia. Eu garanto, nenhum PM é preso nessa delegacia. Várias vezes ele gritou isso! O coronel Márcio determinou que fosse invadido, inclusive pelo Bope, fosse invadido a sala e fosse resgatado o policial. Os policiais invadiram a sala, quebraram a estrutura da sala e resgataram a estrutura da sala. Invadiram a delegacia a força. Bateram em agentes”.


O delegado falou até em milícia ao fazer sua defesa. “O que a gente não pode é voltar aqui no Acre, que eu não era daqui, mas a gente fica sabendo, que é o tempo das milícias, o tempo do Hildebrando. É isso que a gente quer? O Márcio Alves disse que é normal. Você não pode então mais prender um policial. Então quando tiver torturando uma pessoa, que  for preso e for pra Defla, ele vai invadir de novo? É isso que a gente quer? Agora toda vez que prender um policial militar, aí o comandante que ratifica as operações dos comandados, reúne todo mundo de novo e vai lá com metralhadora, com fuzil invade a Defla”, conclui.   


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