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Perseguidos

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Muitas verdades já não podem ser ditas no Acre. O açoite a jornalistas deixou de ser um buchicho de bastidores. Ultrapassou, inclusive, o limite da intolerância. Três renomados profissionais foram “expulsos” de seus ofícios em menos de seis meses em Rio Branco: Eliane Sinhasique, que há 25 anos comandava o seu “Toque&Retoque” na FM 93.3, vereadora campeã de votos na capital, despediu-se em lágrimas de seus ouvintes após culpar “um sistema que cerceia a liberdade de expressão; e Assem Neto, demitido após flagrar irregularidades envolvendo o Partido dos Trabalhadores , quando cobria as eleições pela TV Gazeta (Rede Record), tendo apresentado, em sua conta pessoal do Twitter, imagens em que o então presidente do PT, André Kamai, aparece numa aglomeração de militantes na Baixada da Sobral.

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Um terceiro caso envolve justamente um servidor da “Casa”, Aldejane Pinto, profissional conceituado na região do Purus, contratado do Sistema Público de Rádio e Televisão, também demitido por ter relatado, ao vivo, a crescente onda de crimes violentos na cidade de Sena Madureira. A Secretaria de Comunicação Social do Acre também determinou punição severa (demissão) após o radialista ter comentado, em sua conta pessoal no Facebook, a prisão de um sargento da PM que se referiu ao governador Sebastião Viana cobrando melhorias no Programa Ruas do Povo.


“Eu não perdi nada, por que, vergonhosamente, o governo não pagava nenhum centavo há quatro anos”, disse o radialista. “Ontem fui eu, hoje foi esse tira (militar) aí, e amanhã pode ser qualquer um que contrariar o homem que parece ter um rei na barriga”, afirmou. “A minha avó é show, esse governo é careta”, finalizou ele ao informar ter recebido apoio de sua família logo após a sua demissão.


Toda a carga de culpa recaiu sobre o governador, recentemente citado em reportagens do Sul do país como “o novo imperador do Acre” e uma pessoa que se irrita fácil e detesta ser contrariado, ao ponto de esmurrar a mesa, gritar com assessores e até humilhar secretários. Em nome dele, e do governo, quem mete a “cara a tapa” é o porta-voz oficial, também jornalista Leonildo Rosas, visivelmente envelhecido com uma saraivada de críticas que sofre nas redes sociais ao apresentar argumentos que negam qualquer ingerência do Estado na demissão dos colegas.


Nenhum dos jornalistas afastados recebeu apoio do Sinjac, o Sindicato dos Jornalistas do Acre, cujo presidente, o fotógrafo Marcus Vicentti, afastou-se para servir à campanha do prefeito eleito Marcus Alexandre, e a quem o próprio governador teceu críticas públicas. A vice-presidente, Jane Vasconcelos, cuja carreira é feita em assessorias a senhores da Frente Popular, apresenta-se uma gestora apática, sem iniciativa própria, e criticada por não representar o grosso da categoria.


Procurado, Assem Neto, que agora pertence ao Grupo Rondoniagora, de Porto Velho, e tem contrato de correspondente do UOL Notícias, falou pouco. “Tudo isso é muito nojento. Me envergonho de ser acreano nos últimos 14 anos”. Sinhasique, em sua carta-despedida, evitou críticas aos patrões, mas finalizou: Saio do ar como quem não sabe de nada. Mas eu sei. A minha voz só Deus calará”.


Da redação ac24horas
Rio Branco, Acre


 


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