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Treze tons de vermelho

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Amanhece o dia! O sol levemente toca a relva verde dos vales, e namora acanhado com o orvalho da noite que já vai longe. A natureza é mesmo bela! Significante e significado do que há de puro no universo. Um vento suave descortina as folhas e demonstra que o farfalhar das árvores é a prova clara de que o reino vegetal dança nesse imenso espetáculo que é a vida.


Nos galhos fortes, os pássaros pululam firmes cantando, batendo suas asas, inclinando a cabeça em vários ângulos como que sorrissem numa felicidade sem fim. São muitos! Saltitam! Carinhosamente, fortalecem os laços sociais, roçando seus bicos nas plumas de seu semelhante alado. Realmente, como é bela a natureza! Como tudo é perfeito! Quanta harmonia e organização a nos sugerir delicadamente a grandeza de um criador bondoso.

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Amanhece o dia! As pequenas lagartas que mal deixaram os cuidados da camuflagem ousam conhecer o perigoso mundo da natureza. Queriam viver, participar, terem a chance de, por um momento, sentir o sabor de estarem vivas. Não seria dessa forma! Nem sempre é assim!


Aproveitando o ar quente da manhã, em arroubos rasantes, aqueles monstros de asas lhe privariam, em um ataque mortal, de terem o direito de serem e de permanecerem no mundo.


 Como é cruel a morte! Quem imaginava ser uma linda lagarta, passear pelos campos, brincar e aprender com seus amiguinhos, era agora apenas um pedaço suculento no bico de uma ave. Ainda vivia, quando assistia à disputa dos filhotes da mãe assassina pelos pedaços, partes de seu corpo que um dia sonhou em ser uma bela borboleta!


Amanhece a cidadania! O rapaz acabara de completar dezesseis! Não demorou muito e lá estava ele, correndo, pegando fila, senha, esperando para tirar seu título de eleitor. Seria agora um cidadão! Poderia participar das decisões mais importantes do país. Seu voto era a chave para um novo Brasil, mais justo, mais igual e mais voltado a resolver seus males centenários.


Escolheu seus candidatos, se emocionou com as promessas deles, cantou junto as músicas da campanha e defendeu seus candidatos toda vez que alguém dizia a ele que a grande maioria dos políticos não valem o que passa pelo “cano de 100”.


Jamais iria acreditar nisso! Tinha fé, perseverança. No auge de sua imaturidade, tinha certeza de que a ternura angelical dos seus líderes mostrava que dessa vez seria diferente.


Tudo se cumpriria. Era preciso acreditar no sonho! Não sei quantos mil empregos, não sei quantas mil casas populares, nenhuma rua no barro liso do inverno, sustentabilidade com as sementes da planta “mentirex agudis”, ninguém de madrugada nas filas de hospitais e mais um monte de coisa que faria do Acre o melhor lugar para se viver da Via Láctea.


Começam os mandatos político!


Não precisamos dizer muito! Só não queríamos o fim das lagartas, nem sermos alimentos pra os filhos de vocês. Apesar de tudo, ainda pretendemos voar!


Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA       f-r-p@bol.com.br

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