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Os Novos Teletubbies

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Alardeou-se por toda a semana a criação de uma nova sigla partidária no Brasil. Sim, mais uma! Mais uma, meu Deus! A última vez que eu tinha contado, num belo dia por não ter nada que fazer, eram trinta espalhadas POR AÍ. Trinta partidos de não sei o quê, para o bem de não sei quem, que te leva pra não sei aonde, que te garante não sei quanto, de maneira de não sei como.


Mas pensando bem, nada mais normal, nada mais comum que essa corrida pra conseguir espaço em um local que, segundo um estudo realizado pela ONU, se encontram um dos maiores depósitos de verbas públicas do mundo. Com quase oito milhões de gastos com parlamentares, perdemos apenas para Os Estados Unidos. São tanto auxílios econômicos para eles, que nem sei quantos são. Alguém poderia me auxiliar? Auxiliar na confecção de um passaporte, pois coisas como auxílio palito ultrapassam as fronteiras da moral e do bom senso.

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Tudo muito normal abaixo dos panos e do Equador. Quem é que não sabe que política no nosso país enriquece? Tinha um amigo que dizia: muitos ricos e novos ricos do Acre também surgiram assim. Maltrapilhos, roupa amassada, barbados e com parcela do carro popular no guarda-roupa, esses, antes mendigos intelectuais, hoje gozam e mamam na porca podre do poder. E nela almejam permanecer a qualquer custo, de qualquer maneira.


TELETUBBIESApesar de lá estarem personagens conhecidos e famosos, Heloísa Helena e outros, em todos os jornais, o enfoque da notícia foi a figurinha chefe da nova agremiação política surgindo: nada mais nada menos que Marina Silva. Outra vez, de novo, com as mesmas esperanças que tinha tempos passados e que traduzo muito bem naquela ladainha, numas eleições passadas, que dizia algo mais ou menos assim: “Marina andou com Chico, andou com Jorge e agora quer andar com Geraldinho”. Poucos passos com o último.


Bom, depois se aventurou no mundo dos cosméticos com o presidente da Natura, Guilherme Peirão Leal, e saiu candidata à presidência numa nova sigla partidária, e o resultado, já sabemos e sabíamos.


 Parecendo ir aos moldes da distinta alagoana, que já tentou o astro rei em seu “P Sol”, o fato é que, reservado o meu respeito e conceito que tenho para com Marina, a meu sentir, essa Senhora parece fazer da política a mesma coisa que a criança faz com os novos lançamentos de boneca: não quer essa por que não chora, não quer aquela por que não pisca os olhinhos azuis e essa está ultrapassada por não dizer: boa noite mãezinha. .


Devo estar errado, mas me chega aos olhos que ela abusa do poder de sua imagem, de sua conduta e de sua manifesta honestidade. Seus atributos, em extinção no mundo político brasileiro, talvez lhe tragam a sensação de que estaremos sempre pronto a aceitá-la em suas andanças, compartilhando com seu malabarismo partidário e suas mimas ideológicas.


Apesar disso, diferente de alguns ditadores e coronéis que saíram de seu mesmo núcleo partidário aqui do Acre, Marina manteve a postura e opiniões mais ou menos parecidos com os ideais da vibrante e confusa década de oitenta, cheia de questionamentos e revoltas, nitidamente fossilizados pelos locatários atuais do poder.


 Os discursos dela ainda tem aquele sabor meigo, o jeito de falar e de sentir as coisas ainda nos fazem recordar aquelas “cicleatas” para angariar recursos nas campanhas. Quando espera aceitação de seus argumentos com um jogo de olhar cândido e firme, porque tem conteúdo, não tem como não desenhar na mente os protestos do ingênuo e indefeso movimento hippie da década de 70.


Marina tem algo que poucos parlamentares possuem: inteligência social e conhecimento de causa. É uma exceção a essa terrível safra de políticos desqualificados, incompetentes e malvados que nós mesmos, masoquistas eleitorais, escolhemos nos três âmbitos de poder.


Talvez seja por isso que saiu a migrar de siglas, saltando aqui e acolá, em busca de novas cores ideológicas, discordando do que tinha de ser, para defender o que precisa ser. Talvez sua imagem esteja se desgastando muito com isso, mas ainda acho: Marina é um beija flor no meio de dragões.


Da forma como comparece a política brasileira em seu formato legal e histórico, talvez ela vá, futuramente, fazer novas migrações. Nesse andar intenso e gradual, recolhendo os apertos de mãos, e elegendo novas pessoas para o seu sorriso singular, quem sabe o perigo seja perceber que tenha voltado para os mesmos lugares e ter refletido que não são apenas os passos que foram errados.


 Na verdade, o caminho é que deve ser destruído. Marina, permita-me dizer: os dragões são os que devem ser destruídos. Como estamos, dessa forma, com as imoralidades, prepotência e cinismo das bestas soberbas, as flores nunca nascerão.


Seremos os mesmos sempre. A cada decepção, um partido. A cada traição, novos “P”. Dependente dessa correlação de força mal distribuída, nada teremos a fazer que desligar a televisão e chorar. Tinky Winky, Dipsy, Laa-laa e Po não estarão mais sozinhos no seu aterrorizante e irritante bordão: “de novo, de novo”. Quem sabe se invertam os papéis, e novos fracassos em sua carreira política sejam as provas que foi o povo que entendeu ser “hora de dar tchau”.


Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA     f-r-p@bol.com.br


 


 


 


 


 


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