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As prisões da liberdade

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Não reúno boas condições de fazer maiores reflexões. Meu tempo é curto. Minha liberdade é provisória, condicional à violência que tive de aprender desde tenra infância.


Mas hei de dizer que ser livre, domar e ser senhor de seu tempo, de sua história e de suas palavras é e foi a maior conquista do ser humano. Não importa se física ou psicológica, a liberdade configurou o homem e o fez feliz e radiante, sacerdote de suas próprias vontades.

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Talvez seja por isso que os tiranos em seus castelos, os ditadores em seus verbos raiados, os usurpadores em seus códigos de lógica cafona, sempre perseguem ter nas mãos não o poder em si, mas a poder prender os outros, para que possa melhor dominar. Só a prisão cria súditos, só a liberdade ajuda a construir o cidadão.


O brasileiro é acima de tudo um presidiário.


Presos nas nossas crenças primitivas da deusa Terra que a mão lisa no peito escorria. Danças tribais a farfalhar o vento, a chuva e a alegria falsa da tragédia.


Preso a um rei canalha, representado por Cabral e outros comediantes. Presos por um imperador indefinido, cabeça de homem corpo de búfalo.


Preso por generais que proclamaram a República Embananada: ignorantes de calças apertadas e barbas por fazer.


Presos por caudilhos e rastejantes lunáticos fascistas.


Presos por generais enquartelados em suas taras e caretas, suas pernas de pau e arrotos sanguinários.


Presos pelo falso sonho de Diretas Já e não reformas já.


Presos por melancias ideológicas e maracujás atômicos advindos de Alagoas com seus capangas e capatazes.


Presos por companheiros e operários, acompanhados de cinismos, operando os maiores escândalos políticos. Anuais, diários e mensais, tudo no aumentativo mais degradante.


Presos. Por mais de quinhentos anos presos. Oh meu Deus, sempre presos. Mesmo em um estado pequeno como o nosso, sentimos o cheiro e a cor dessa prisão.


Sim, aqui também temos nossas celas, nossas grades, nossos aprisionamentos. Querem ver? Vamos lá então.


Presos por…

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– Francisco, o recreio acabou. A campa já bateu. Se não irmos agora, a professora não vai deixar entrar. Podemos pegar suspensão.


Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA     f-r-p@bol.com.br


 


 


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