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E o vento levou

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– Gilberto, precisamos conversar sobre nosso casamento.


– Fala. O que é que você quer. Cadê o controle?

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– Como assim? O que é que eu quero? Você poderia desligar essa televisão e me ouvir?


– Porra, Márcia! Você vem com essas conversas logo hoje , quarta feira, sabe que meu time joga e que eu passei o dia inteiro esperando por isso.


– Quem é aquela que tava contigo ontem na festa, João?


– Qual Gilberto? A Márcia? Ah sim! Ela está formando comigo esse ano.


– Tem o número dela? Espera! Vou pegar uma caneta.


– Gilberto, eu to pouco me lixando pro teu jogo e pra esses idiotas correndo atrás dessa bola. Minha preocupação é nosso casamento. Vivemos um casamento sem sabor. Parece que eu não existo para você. Passei sábado a tarde toda no salão, mudei o visual para você e você nem se quer notou.


– Márcia eu vi sim….mas eu tenho que sempre falar?


– Mentira. Seu futebol, seu dominó e aqueles seus amigos barrigudos não permitem você dar atenção a outras coisas. Você sabia que eu existo? Ou somente se lembra de mim quando os meninos estão brigando e você quer silencio?  Gilberto isso não está certo.


– Lá vem, lá vem! Detesto quando você faz esses dramas. Ontem fiquei no trabalho até as nove. Eu te avisei da reunião. Você só sabe cobrar.


– Tudo bem? Lembra de mim?


– Sim, sim! Você é o amigo do João. Ele tinha me falado de você. Muito prazer, Gilberto, meu nome é Márcia.


– O prazer será sempre meu. Estou te ligando para te convidar para irmos a um espetáculo teatral muito interessante.


– Oh, claro. Ouvi falar também. Parece que hoje é o último dia que está em cartaz.

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– Aceita meu convite? Depois, podemos tomar sorvete ou passear pela praça. Há uma amostra de bandas de rock alternativas lá.


– Que horas você pode me pegar?


– Você só explora meus defeitos! Minhas qualidades você faz questão de esconder nesse melodrama. Trabalho feito um mouro, pra dar para a minha família o melhor, e o que eu recebo é isso. Só porque não divulguei na Globo que você cortou o cabelo. Tenha paciência! Sai do meio, que o jogo vai começar!


– Não saio não! E tem mais, eu nunca neguei seu sacrifício e seu esforço, mas eu também trabalho queridinho… e você tem de mim um tratamento que é o motivo de minha reivindicação.


– Você anda lendo muito essas revistas femininas…essas palavras, essas frases feitas não são suas… pare de fazer drama que eu te prometo que quando cair um fio de cabelo seu, eu divulgo no The New York Times. Para de cuspir mel!


– Não é isso!


– Então o que é então?


-. Você mudou demais. Ontem foi meu aniversario e você nem se quer me deu os parabéns. Quer dizer, você nem se quer se lembrou disso. Alias você nem se lembra de mim.


– Obrigado pela noite, Gilberto! Nossa me diverti muito. Confesso que estou bem cansada! Já faz um ano que estamos namorando e você continua o mesmo. Lembro como se fosse hoje aquela noite em que fomos ao teatro. Você ainda se lembra disso?


– Claro meu amor! Por falar nisso, você ainda tem aquele vestido azul? Nunca mais a vi com ele. Seu sapato preto eu sei que tem, porque ainda eu a vejo calçá-lo. Naquela noite, adorei a cor de seu esmalte, mas tenho de confessar que seu cabelo está bem melhor agora mais curto.


Ah! Por favor, não se desaponte! Mas na próxima terça é que faremos um ano de namoro.


Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA   f-r-p@bol.com.br


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