Perdoem-me a pergunta, mas que sentimento é esse que têm os políticos, em geral, de dizer que querem o bem e o melhor de todos, de sonhar em realizar coisas que tragam a felicidade das pessoas, de fornecer com seus atos corajosos, despretensiosos e amorosos, um futuro seguro para a população, por acaso se candidataram a Vishnu?
Perdoem-me a pergunta, mas o que explica a paciência daqueles que estão no poder em engolir todos os dias críticas, protestos, desaforos, piadas, pressão e denúncias de erros cometidos por todos que estejam sobre seu sari?
Perdoem-me a pergunta, mas como entender que alguém possa se submeter a constrangimentos, apertos e “imprensados”, aceitar gente falsa ao redor, tolerar aproveitadores, mentiras e sentar-se à mesa com toda espécie de sujeitos gananciosos que buscam sua parte Gushtaba?
Perdoem-me a pergunta, mas por que alguns da oposição sofrem tanto com os rumos que o estado toma? Quais razões seriam essas para vermos tanta dor no peito, tanta angústia no coração, mal estar e depressão, sempre que percebem que suas ideias não são relevadas nem aceitas pela situação, parecendo feras feridas pelo trishula?
Perdoem-me a pergunta, mas de onde vem essa mania de guardar as soluções para nossos problemas em segredos que só possam ser revelados a cada quatro anos? Se eles têm as respostas, por que não as dizem para que possamos acabar com nossas mazelas, não tiveram aula com Saraswati?
Perdoe-me a pergunta, mas tantos sentimentos bons seria parte de uma evolução espiritual profunda que invadiu os corações de nossos políticos? É uma aproximação plena desses anjos aos ideais das grandes filosofias religiosas do mundo, uma linha entre Jeová e Ganesha?
Perdoem-me a pergunta, mas não é um fato estranho, a cada eleição, homens arrojados, determinados, cheio de saídas para os mais difíceis dilemas. Prontos para, num toque de mágica, resolver questões sociais que já possuem mais de cem anos, por acaso quebraram as estátuas de Lakshmi?
Perdoem-me a pergunta, mas não é difícil aceitar a cara lavada de quem se mantem no poder e volta para nos dizer que não deu de fazer tudo, mas que com mais quatro anos irão concluir as promessas, será que vivemos o enredo de Rama?
Perdoem-me a pergunta, mas não é ruim de acreditar que quando estão fora do poder falam sempre em alternância de governo, como símbolo da consolidação da democracia e, quando lá estão, dizem, com toda cara de pau, que time que está ganhando não se mexe, temos mesmos de ser refém desses que se acham Lacshimi?
Perdoe-me a pergunta, mas mesmo sabendo que o Rio Acre não é o Rio Ganges, temos mesmo de suportar essa Roda de Samsara?
Perdoem-me a pergunta, mas será que eles se acham “lamas”, nos empurrando bois, macacos e crocodilos para cultos, será que eles nos acham tão मूर्ख*?
* (Idiotas, em português)
FRANCISCO RODRIGUES – f-r-p@bol.com.br
