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Capitão Leão encontra irmã que não via há 30 anos

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Criada para oferecer espaço às reclamações dos moradores de Imperatriz, a página nove do Correio Popular “Fala cidadão”, também conhecida por “Qual é a Bronca?”, teve participação importante em um reencontro familiar pretendido há mais de 30 anos.


Na edição especial dos dias 2 e 3 de novembro o quadro apresentou os problemas do bairro Jardim São Luis denunciados pela dona de casa Maria do Socorro Gomes Leão. Naquele dia a mulher pediu para não ser fotografada, mas fez questão de informar o nome completo, mesmo nossa reportagem explicando que apenas Maria do Socorro já era o suficiente. Foi exatamente por causa da insistência da moradora em pedir o registro do nome por inteiro que ela foi localizada por familiares que não há veem há três décadas.

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Por email, nossa redação recebeu na manhã de sábado (3) uma mensagem intitulada “Socorro ao Correio Popular”, enviada por José Alducio Leão, o Capitão Leão, da Polícia Militar de Rio Branco, capital do Acre. O militar informava que encontrou na internet a matéria que fizemos no Jardim São Luis e afirmava que Maria do Socorro é a irmã que ele não vê desde quando eram crianças e que há muito tempo a procura pela internet. O homem informa também que enviou pedidos de ajuda a programas de TV exibidos em rede nacional, mas nunca teve respostas.


No email ele relatou a história que conhecia sobre a moradora de Imperatriz, contando inclusive em detalhes. Encerrando o comunicado, Leão forneceu os nomes dos pais e pediu a ajuda do Correio Popular. Ele também acreditava que, por algum motivo, Maria do Socorro não quisesse manter contatos com os parentes já que o ultimo telefonema que ela fez para outra irmã, foi no ano de 2004.


Ao receber a informação, partimos imediatamente ao Jardim São Luis e, como no dia em que realizamos a matéria sobre a situação do bairro, Maria do Socorro também não estava em casa quando nossa reportagem chegou. Após dez minutos ela aparece no início da rua, pedalando, tranquilamente, sem imaginar que o sábado, 3 de dezembro, não era apenas um dia comum como os vividos em seus 49 anos. Surpresa ao ser interrogada se era natural do Acre e filha do casal Eunice Gomes de Oliveira e José Andrade Leão, Maria do Socorro demonstrou uma mistura de alegria com nervosismo, sem entender como tivemos acesso àquelas informações.


Depois de ouvir a leitura da carta enviada pelo irmão, Maria reconheceu a história relatada por ele e não se importou de contá-la aos leitores do Correio Popular:


“Eu saí de Taraucá, no Acre, era muita nova, não lembro quantos anos eu tinha. Engravidei lá, na minha cidade, e por isso fui para Manaus, para a casa de minha irmã, onde tive uma menina, e voltei. Deixei a garotinha com minha mãe, eu era muito nova, não tinha como criar um filho naquela época. Então, voltei para a casa da minha irmã (Manaus) para trabalhar. Fiquei por lá mais de cinco anos. Depois fui pra Roraima, nos garimpos. Fui para Goiânia, estive em Belém e vim para o Maranhão, por volta de 1990. Casei e tive mais dois filhos, um tem 15 anos e o outro, 19. Após conseguirmos a casa própria, eu e meu marido nos separamos. Tinha contato com os parentes até por volta de 2004 (como dizia o email do irmão). Roubaram meu celular e perdi o contato (…). Tenho muita vontade de rever minha família, meus irmãos. Uma noticia dessa é uma benção, não tenho nem palavras. Você passar muito tempo sem ver sua família, de repente chega uma noticia assim. Fiquei espantada…”


– Se você estivesse frente a frente com seus parentes, agora, o que gostaria de dizer?


– “Eles não estão escondidos ali fora, não é? (risos, silêncio, lágrimas…)


– “Não tenho nem palavras. Lembro que gostava de brincar na chuva com os meninos (irmãos). A gente corria para um goiabal, tirava goiaba na chuva…”


O contato


A história contada por ela batia com os relatos do capitão Leão, então vimos que aquele era o momento do contato. Na primeira ligação, a operadora de telefonia informava que o número estava fora de área. Aumenta a ansiedade de Maria. Depois de alguns segundos o telefone toca nas mãos do repórter. Era de longe, era do Acre. Foram cerca de dez minutos conversando com Leão, perguntando nomes de outros parentes, e Maria do Socorro ouvindo tudo, enquanto fazia sinal de positivo. Dissemos ao homem que estava difícil encontrar a irmã. Ele lamentou, e logo passamos o celular para dona Maria do Socorro, que se recuperava das lágrimas e ouviu a voz do irmão um pouco mais novo, que era apenas um menino quando ela saiu de casa.


Assim ela soube noticias de outros parentes, soube que a mãe tem 85 anos de idade e muita vontade de revê-la, que a filha está bem, que seus irmãos já somaram 21 – enquanto ela pensava que eram apenas 12. Ouviu o irmão cobrar a ausência dela, justificou, chorou e manifestou o desejo de reencontrar a família até o final desse ano, para comemorar o Natal e Ano Novo, juntos, matar as saudades e evitar nova separação.


Em Imperatriz, Maria do Socorro tem como parentes apenas os dois filhos. Após a conversa com o irmão Leão, disse que gostaria visitar a família o mais rápido possível e, quem sabe, vender a casa do Jardim São Luis e embarcar de vez para o Norte. Ainda por telefone, Leão disse que, após conversar com a irmã, avisou a outros parentes que havia encontrado Maria do Socorro e que pretende apressar a ida dela para o Acre.


Por Hemerson Pinto, do Correio Popular

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