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Morre aos 104 anos, Mário Diogo de Melo, pai do presidente do Basa

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Faleceu na madrugada desta segunda-feira, 14, em Manaus, o ex-prefeito de Boca do Acre, Mario Diogo de Melo, de 104 anos. A morte dele foi comunicada pelo filho, Marivaldo Melo, presidente do Banco da Amazônia. O filho informou que o velório acontece na capital amazonense, mas o sepultamento vai ocorrer na terra natal do pai, Boca do Acre (AM), distante 208 km de Rio Branco.


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Por causa da morte de Mário Diogo, o prefeito de Boca do Acre, Zeca Cruz (PSDB), decretou ponto facultativo e luto oficial de três dias.


veja abaixo a mensagem que Marivaldo Melo escreveu :


Comunico a passagem do meu pai Mario Diogo de Melo para o descanso celestial. Somos muito grato a Deus por ter tido o privilégio de tê-lo ao nosso lado nos seus 104 anos de vida e uma vida de amor, retidão, enfim cumpriu sua missão, escreveu livros de sua história, da sua amada Boca do Acre, de poesias e de suas convicções políticas, deixou para os filhos e as próximas gerações sua contribuição para uma sociedade melhor. Seu enterro será em Boca do Acre e aqui em Manaus o velório será na Assembléia Legislativa do Amazonas.


QUEM É MÁRIO DIOGO?

Mário Diogo de Melo, nascido no dia 15 de março de 1913, no seringal Bemposta, no Lugar 11 de Julho, localidade esta que pertencia ao avô materno de Mário Diogo, o Major da Guarda Nacional Francisco Inácio Pinto.


Filho de Vicente Diogo de Melo e Francisca Ávila Pinto de Melo, descendentes do Ceará, do município de Uruburetama, Diogo não teve formação educacional formal. Autodidata, teve os primeiros passos no mundo da leitura e da escrita ensinados pela mãe, que também atuou como professora para as outras crianças da comunidade onde residiam. Mário Diogo conta que na sua época de infância, não havia escola, portanto, o ensino e aprendizagem era para quem tinha muita vontade, fator motivacional que nunca lhe faltou.


O primeiro emprego de Mario foi de funcionário de comércios em Boca do Acre, trabalhando como balconista. O primeiro patrão de Mário Diogo foi Abelardo Dias Veras, porém, com a grande desenvoltura intelectual, Diogo atraiu a atenção do Juiz de Direito Arquilau Moreira Sá Peixoto, que o convidou para fazer um trabalho voluntário de defesa jurídica das pessoas pobres. Mario lembrava que chegou a defender e absolver acusados no tribunal do júri.


Depois de várias ações no meio judicial, de forma elogiosa e reconhecida, Mário Diogo participou de um teste para promotor e foi aprovado em primeiro lugar. Depois disso, foi nomeado Promotor Substituto no dia 4 de abril de 1944, atividade que exerceu durante 14 anos, ao mesmo tempo em que trabalhava como gerente no estabelecimento comercial do pai.


Mário Diogo de Melo começou a participar da vida pública ainda na ditadura de Getúlio Vargas. Entrou na política por conta de uma ação contra o então prefeito Luiz Alves do Bonfim e contra o delegado de polícia Otávio Monteiro, que segundo recobra Mário Diogo, os mesmos praticavam atos de violência física e moral contra os seringueiros da região de Boca do Acre. As denúncias de Mário Diogo desaguaram na demissão do prefeito e do delegado.


Mário Diogo assumiu o lugar do prefeito demitido, sendo nomeado em comissão pelo governador do Amazonas na época, Leopoldo Amorim da Silva Neves, o “Pudico”. Entretanto, a nomeação não foi aceita pelos partidários do prefeito demitido, que chegaram a ameaçá-lo de morte na véspera de natal, em 1947.


Seu exercício à frente da prefeitura de Boca do Acre durou poucos meses. Ao final do mandato, Mário deu posse ao novo prefeito José Cunha e Silva, em 1948, que posteriormente foi cassado pela Câmara de Vereadores em agosto do mesmo ano, sendo o primeiro e único prefeito da história de Boca do Acre deposto pelo legislativo.

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Com a deposição do prefeito, houve novo pleito, em que Mário Diogo foi candidato e venceu com 80% dos votos. Mário Diogo assumiu a prefeitura de Boca do Acre no dia 21 de janeiro de 1950, ocasião em que governou Boca do Acre por dois anos. Mário relata que quando assumiu a prefeitura, Boca do Acre não tinha energia elétrica, sendo esse um compromisso de campanha que era motivo de zombaria dos rivais e até mesmo dos aliados. Contudo, no dia 7 de setembro do mesmo ano, ele inaugurou a primeira usina de energia elétrica do município, fato que foi reconhecido pela população que carregou Mário Diogo nos braços.


Ele ainda instituiu o ensino público em Boca do Acre, construindo a extinta escola municipal Álvaro Maia. Depois de ter sido prefeito, Mário Diogo candidatou-se a vereador e foi eleito no ano de 1952.


Depois da carreira legislativa municipal, Mário Diogo de Melo foi candidato a deputado estadual e eleito por dois mandatos consecutivos. Mário Diogo foi eleito deputado estadual em 1954, ficando à frente nas urnas do deputado Danilo Corrêa, pessoa que anos mais tarde viria se tornar amigo e homenageado.


Em 1968, Mário Diogo foi candidato à prefeitura de Boca do Acre, onde antes venceu uma disputa interna no partido ARENA, contra Moisés Pantoja. Sendo vencedor dentro do partido, Mário Diogo foi candidato único e veio a tornar-se mais uma vez prefeito de Boca do Acre. Nesse mandato Mário Diogo relata que realizou várias obras, tais como: Abertura e calçamento de ruas, a exemplo das Avenidas Alexandre de Oliveira Lima (Barão de Boca do Acre) e João Gabriel (descobridor do município e tio de Mário Diogo).


Ainda com relação aos trabalhos na infraestrutura urbana da cidade, que praticamente não existia, Mário Diogo conta que abriu sete ruas no bairro Praia do Gado, onde hoje só existem duas principais, uma vez que, as demais foram levadas pelo desbarrancamento do rio Purus.


Na educação, Mário Diogo construiu a escola Danilo Corrêa, em homenagem ao ex-deputado que morreu num acidente aéreo, quando o avião caiu no rio Purus, próximo ao município de Canutuma. Construiu ainda a escola Ricardo Carneiro, no Monte Verde.


Mário Diogo ainda fez uma grande obra, que foi ajudar no represamento do Lago Novo, que era uma grande volta do rio Purus. Diogo diz que havia apenas 80 metros para encurtar a grande volta e diminuir a viagem em quase uma hora, o que foi feito com a ajuda de um trator em 1971.


Mário Diogo iniciou a construção do Platô do Piquiá, através do convênio com a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), com a justificativa das intensas alagações que assolavam a parte baixa de Boca do Acre. Mário fala que telegrafou ao Ministro do Interior, General Costa Cavalcante, que veio à Boca do Acre e passou um dia e meio estudando o caso. O ministro foi à Manaus e se encontrou com o governador João Walter de Andrade, eleito pela Aleam.


O convênio para a construção da nova cidade foi assinado no palácio do governo e quem venceu a licitação para a construção do aterro que liga a Cidade Baixa ao Platô do Piquiá, foi empresa Olivar. Já no Piquiá, Mário Diogo ergueu a prefeitura, que foi queimada em 2004, e também construiu o hospital, onde hoje funciona a prefeitura. Mário descreve que o hospital foi adquirido na Inglaterra pelo governo do Amazonas e era pré-montado. Sua conclusão se deu em pouco tempo, sendo inaugurado em 2 meses.


Ele já escreveu 4 livros, que são: “Do Sertão Cearense às Barrancas do Acre” (que ele considera o escrito mais completo), em seguida veio o livro “Boca do Acre. Seus povoadores” (uma continuação do primeiro), o terceiro foi “Memórias” e o último é “Cenários de Fantasias”, um livro de poesias que inclusive consta a produção denominada “Uirapuru” que foi premiada em Brasília. Mário Diogo recebeu o título de cidadão de Sena Madureira e Cidadão Acreano.


Mário teve dois matrimônios. A primeira esposa chamou-se Jandira Alves de Melo, mãe dos cinco primeiros filhos, que faleceu em Belém/PA, supostamente por ataque cardíaco. O segundo casamento de Mário Diogo foi Floripes Gonçalves de Melo, com quem teve cinco filhos e com viveu até os seu último dia.


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