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A longa Via Dolorosa dos investigados da Lista de Fachin sobre corrupção

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O assunto que dominou a mídia brasileira durante a Semana Santa foi a famigerada Lista dos Ministro do STF, Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato que investiga crimes de corrupção. O Acre foi contemplado com dois políticos que serão investigados, o governador Tião Viana (PT) e o senador Jorge Viana (PT). Os depoimentos dos executivos da construtora Odebrecht foram exaustivamente repetidos e analisados midiaticamente. Mas o que significa exatamente essa Lista? Conversei com o juiz Giordane Dourado sobre o assunto. Ele explicou os passos das investigações. “As delações precedem o inquérito que só pode ser instaurado a partir da autorização do STF, o que, aliás, já aconteceu com a chamada Lista do Fachin. O inquérito gera o indiciamento que só ocorrerá se houver alguma prova ou indício de que o crime existiu. Ou seja, esse povo da Lista do Fachin está bem enrolado. Para o Fachin ter autorizado o inquérito, alguma coisa ele viu.”


Perguntei ainda ao magistrado a sua opinião sobre a nota oficial do senador Jorge Viana. No texto, o senador acreano argumenta que o grande número de políticos, ministros, senadores, deputados federais, governadores, que serão investigados poderá gerar uma “paralisia institucional” no Brasil. Ou seja, as instituições do Estado Democrático de Direito podem entrar em “colapso”. Giordane respondeu: “Achei uma declaração muito equivocada. O que gera paralisia, do ponto de vista da evolução democrática, é a corrupção. Como disse uma analista política ontem no Fantástico, devemos aproveitar esse momento como uma oportunidade para melhorar o Brasil e o povo deve aprender com esse episódio a não eleger políticos envolvidos em esquemas de corrupção.”

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Reflexos eleitorais
Toda a corrupção apurada pela Lava-Jato tem origem em campanhas eleitorais. A interferência das empresas nos resultados das eleições para benefício posterior. O paradoxo é que, segundo essas delações, alguns políticos eram apenas “marionetes” nas mãos das grandes empresas que mandavam no Brasil.


Pior dos cenários
O que me choca e entristece é o fato desse “esquema” ter se perpetuado num Governo de Esquerda Popular, no caso do PT. Obviamente que essas práticas sempre existiram em governos anteriores. Mas quando houve a oportunidade de erradica-lo, a tentação de alguns políticos de enriquecimento pessoal, falou mais alto.


A Dona do Brasil
A Odebrecht fazia o que queria no país, se os depoimentos dos seus executivos forem verdadeiros. Quem quisesse se eleger teria que ir lá na empresa pedir a benção em forma de dinheiro. Agora, esses valores doados acabavam saindo do bolso do povo brasileiro em obras superfaturadas pelo que entendi.


Passo atrás
Não acredito que haja retorno do ponto em que as coisas chegaram. Como vão explicar ao povo brasileiro saqueado que toda essa lama poderá ser perdoada? O fato é que os resultados eleitorais do Brasil nos últimos 20 anos estão viciados e comprometidos.


Travesseiro de penas
Um outro fator a ser considerado. Os nomes incluídos nessa Lista de Fachin, para parte da população, são culpados. Já foram julgados pela opinião pública. Mesmo aqueles que provarem inocência estarão condenados pela desconfiança popular.


A negação
Assim como Pedro negou Jesus Cristo por três vezes alguns políticos continuam negando a existência desse poderoso esquema de corrupção. Querem provas daquilo que aconteceu na “calada da noite” em luxuosos escritórios da Odebrecht e outras empresas. Na minha opinião, essas denúncias são verdadeiras e se não houver uma “limpeza” continuarão a acontecer.


A hora da apuração
Sou um eterno otimista. Acredito que todo esse mar de lama que está emergindo no Brasil servirá para mudanças profundas no nosso sistema político e eleitoral. Ainda haverá muito sofrimento para a população, mas as coisas poderão mudar a partir da próxima eleição.


Hipocrisia
Nesse sentido prefiro o esquema eleitoral norte-americano. As empresas doam legalmente para os candidatos e todos ficam sabendo. Se no exercício do mandato algum político quiser beneficiar uma ou outra a prova do crime está lá registrada.


Processo natural
Alguns políticos da Lista de Fachin estão se defendendo propagando o “caos”. Querem fazer do Brasil “terra arrasada”. Se beneficiaram dos esquemas de corrupção para se perpetuarem no poder e, agora, querem a destruição das instituições para se livrarem da Justiça. O que está acontecendo é um processo natural. É pesado e está trazendo muito sofrimento. Mas quem sabe pode ser o prenúncio de um novo tempo com mais transparência e honestidade na política?


A força do voto
As eleições precisam a voltar a ser limpas no Brasil. Não é o dinheiro que deve determinar os vitoriosos, mas a vontade popular. Uma democracia pressupõe a diversidade de tendências ideológicas. Não existe esse maniqueísmo do bem contra o mal como tentaram nos impor durante um tempo.

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As avessas
Pior ainda é ver as forças políticas conservadoras se aproveitando desse momento para fazer a mesma coisa que a suposta “esquerda”. Ou seja, usar o maniqueísmo do bem contra o mal. Houve sim grandes avanços sociais no Brasil nos mais recentes governos. Uma pena, que os interesses pessoais sobrepujaram as necessidades da Nação Brasileira.


Normal
Estão tentando colocar a ex-senadora Marina Silva (Rede) nesse mar de lama. Pelo que entendi, os depoimentos dos executivos da Odebrecht provam a sua inocência nesse esquema. Fica claro que os valores que a acreana recebeu nas suas campanhas presidenciais foram de maneira legal.


Reflexos no Acre
Não há como tampar o sol com a peneira. Essa constante divulgação nacional dos investigados da Lista de Fachin terá influências nas próximas eleições no Acre. Alguns nomes considerados “imbatíveis” poderão ser rejeitados pela população por conta da suspeita de corrupção. Mesmo que provem inocência. O longo tempo no poder traz desgastes e descontentamentos naturais. Está na hora de gente nova se apresentar. A política pode ser um poderoso instrumento de transformação social. Mas para isso são necessários políticos comprometidos com as causas populares e não apenas com a permanência no poder e o enriquecimento pessoal.


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