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FGTS para pagar dívidas: erro que pode comprometer ainda mais a economia

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Reinaldo Domingos*


Dentro do pacote econômico que o presidente Michel Temer vai lançar para reaquecer a economia está um ponto que me gera grande preocupação, a possibilidade de liberar até R$ 30 bilhões do FGTS para o abatimento da dívida de pessoas físicas com bancos.

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Acredito que essa ação esteja sendo tomada com a melhor das intenções, todavia é algo paliativo que pode gerar reflexos negativos no futuro. Os governantes não percebem que o caminho para o crescimento do país está na educação, nesse caso, na educação financeira, e mais uma vez colocam a população em risco de perder suas garantias financeiras futuras.


Lembrando que o FGTS vem sendo usado como uma “tábua de salvação” e no meio deste ano foi disponibilizando também para garantir o crédito consignado, mas tais ações escondem uma série de riscos. A ideia é que o trabalhador pudesse disponibilizar 10% do que tem depositado em seu Fundo, somado aos 40% de multa por ter sido despedido, como garantia ao financiamento que está contratando.


O que as pessoas não percebem é que o FGTS é uma garantia para o futuro. E por isso, na maioria das vezes, só pode ser usado em situações específicas. O FGTS funciona como uma poupança forçada para o trabalhador, então, não vejo com bons olhos o uso dos recursos para a amortização de dívidas.


Avalio que o trabalhador deve enxergar o fundo como um investimento em longo prazo e respeitar a proposta. Deve ser encarado como uma reserva estratégica em caso de aposentaria ou demissão. Embora o rendimento seja o menor do mercado, o FGTS é uma forma de forçar o trabalhador a ter uma poupança. As pessoas esquecem a sua finalidade. É uma poupança que ninguém pega ou penhora. O pensamento sobre o FGTS não deve ser o mesmo do que o tido com outro tipo de investimento.


Enfim, as pessoas não percebem que enquanto não ocorrerem ações sérias de educação sobre como utilizar o dinheiro de forma consciente, o resultado será problemático, com os brasileiros batendo recordes de inadimplência, por isso, muito cuidado! Essa ação com certeza será benéfica aos bancos, mas, aos endividados o caminho é outro.


Como sair das dívidas:


Caminhos alternativos para fugir do endividamento são possíveis. Pensando nisso, veja algumas orientações que indicam como resolver o problema definitivamente:


  1. Se você possui diversas dívidas, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é bastante preocupante. Levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para que continue adimplente. E lembre-se, estar endividado nem sempre é um problema; o problema é quando não se consegue pagar esse compromisso;
  2. Se já estiver inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha e o que gasta, e conheça o seu verdadeiro “eu financeiro”;
  3. Faça um apontamento de despesas diárias, separado por tipo de despesas, durante os próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro. Somente assim poderá cortar gastos e reduzir excessos;
  4. Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de ter domínio completo da sua situação financeira;
  5. A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar, isso não resolve a causa do problema;
  6. No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial;
  7. Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabem em seu orçamento;
  8. Antes de pagar as dívidas, é preciso reunir a família (inclusive as crianças), apresentar o problema e discutir as alternativas. Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar o seu padrão de vida, pois a sua força de pagamento será reduzida nos próximos meses, com o incío do pagamento das parcelas;
  9. Não existe uma porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
  10. Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para fazer suas próximas compras à vista e obter descontos. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não um fim.

Seguindo essas orientações você verá que, independente da situação, sempre haverá uma solução.


Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.


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