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Reféns da própria sorte

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O noticiário internacional nos deixa a impressão de que a policia dos Estados Unidos extrapola suas funções no combate à criminalidade e aos suspeitos de cometer crimes graves. A ação da polícia norte-americana ganhou repercussão, sobretudo, pela reação da comunidade negra, que assegura abuso de poder das autoridades e excessos nas abordagens e na execução de suspeitos e procurados pela justiça.


Como sempre acontece, o clamor da sociedade e a abordagem dos agentes da lei ganham proporções condenáveis. O uso de armas letais, nem sempre necessárias, já salvou, em milhares de outros casos, a vida de bravos agentes da lei. Políticos, burocratas, especialistas e repórteres – todos a salvo dos riscos de uma profissão que consiste em conviver com o perigo dentro e fora das jornadas de trabalho – tendem a condenar, vez por outra, as ações policias quando elas resultam em morte, sobretudo de supostos inocentes.

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No Brasil, a regra pós-impeachment é criminalizar a polícia quanto ao uso da força para conter os vândalos que não se contentam com manifestações pacíficas, agindo ao arrepio da lei ao obstruir vias e depredar patrimônio público e privado. Nesses casos, os conflitos são inevitáveis, com feirdos de ambos os lados.


O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2014, assegura que, em apenas cinco anos, as polícias Civil e Militar mataram no Brasil tanto quanto a americana em três décadas.


Dados do Fórum Nacional de Segurança Pública, porém, revelam que o número de policiais mortos no Brasil também bate recordes, o que revela a falência do sistema de Segurança Pública, segundo Samira Bueno, responsável pelo estudo.


Foram 11.197 mortes de civis causadas por policiais entre 2009 e 2013, ano em que as polícias Civil e Militar mataram seis pessoas por dia no Brasil.


No período de cinco anos, 1.770 policiais foram mortos – 490 apenas em 2013. A justificativa para tantas baixas de ambos os lados é atribuída – hora vejam! – “ao padrão de atuação extremamente violento em que as polícias brasileiras operam”.


O equívoco de tal concepção consiste em não considerar que o crime organizado se armou com o que há de mais moderno na indústria bélica internacional, o que lhes deu poder de fogo para afrontar uma polícia desestruturada, com equipamentos ainda precários e sem o preparo que as circunstâncias atuais exigem.


As ações do governo federal, com apoio dos estados brasileiros, para garantir a segurança das Olimpíadas no Rio de Janeiro, mostram o quanto o Estado está à mercê da criminalidade, cada vez mais destemida.


Neste cenário, somos todos reféns da própria sorte, que acaba por não sorrir para todos. A média de assassinatos no país beira os 50 mil ao ano. Para se ter uma ideia da gravidade, em dez anos, a guerra do Iraque teve saldo de 174 mil mortos. No Brasil, no mesmo período, foram assassinadas, em média, mais de 284 mil pessoas.


No Acre, infelizmente, o perigo de que tenhamos em breve um poder paralelo capaz de desafiar o Estado e amedrontar as forças policiais é cada dia mais real.


Enquanto isso, o governador Sebastião Viana enxerga maior necessidade em investir em comunicação do que aparelhar as polícias e aumentar os efetivos na segurança pública.

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