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Carla Brito (PSB): “Quero devolver Cruzeiro do Sul para os seus cidadãos”

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A coluna continua o ciclo de entrevistas com os candidatos a prefeitos do Acre. Agora, é a vez de Cruzeiro do Sul, segundo maior município do Estado, que tem três concorrentes à prefeitura municipal. O primeiro bate-papo é com a candidata da FPA, a delegada Carla Brito (PSB). Nascida em Petrolina (PE), tem 34 anos, estudou direito na Universidade Católica do Recife (UNICAP), mora há cinco anos em Cruzeiro do Sul e trabalha como delegada da mulher.


ac24horas – Por que a senhora quer ser prefeita de Cruzeiro do Sul?

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Carla Brito – Durante a minha atuação aqui como delegada de polícia encontrei vários elementos que repercutem diretamente na segurança pública e que fizeram parte do meu convívio na delegacia. Não são fatores que a segurança possa resolver. Encontrei muitos problemas sociais gerados pela falta de oportunidade. Cruzeiro do Sul tem um pessoal bom e hospitaleiro com uma vontade imensa de vencer, ter uma oportunidade. Encontrei muitas mulheres e homens que não sabem nem ler e nem escrever, que não tiveram acesso à educação básica e nem ao emprego. Jovens sem expectativas que vão virar estatísticas mais tarde. Aí a gente vai vendo situações que podem ter simples resolução com vontade política para fazer a conciliação entre o direito público e a igualdade à coletividade. Foi nesse viés que quando veio o convite para eu ser candidata eu aceitei. Acredito que a gente pode fazer a política para se encontrar com o seu cidadão que é o que não vejo aqui na cidade. E quatro anos é muito tempo. Eu já fiz a projeção do tempo que já estou na cidade, nesses quase cinco anos, e nada mudou na questão da gestão municipal. Então não quero ficar mais quatro anos vendo tudo de mal a pior. Essa repercussão da política pública que não chega ao seu cidadão, que só usa maquiagem. A cidade pode oferecer muito mais do que isso aos seus moradores. As pessoas não sabem dos seus direitos. Essa ausência do conhecimento das obrigações municipais com a sua falta de transparência cria uma indignação. Então eu meti nesse negócio de política.


ac24horas – Levando-se em conta o que a senhora acabou de falar. Qual o seu principal projeto para o município caso vença a eleição?


CB – Primeiro efetivar as políticas públicas através da transparência. Algo que a gente não encontra nessa atual gestão. A gente sabe de vários processos de improbidade administrativa, no segundo maior município do Acre. Falta um orçamento participativo e, para mim, isso é um atraso. A gente sabe que existe muito potencialidade de crescimento em Cruzeiro do Sul. Então quero fomentar o desenvolvimento de forma a dar oportunidade ao cidadão. A começar pela agricultura. Como quê pode aqui um quilo de feijão custar R$ 14 reais? Muita gente poderia estar produzindo esse feijão. Rio Branco está comprando coco de Salvador e a gente poderia produzir isso. Temos um celeiro acadêmico que é a universidade e também o celeiro da agricultura. Por que a gente não pega essas ferramentas para desenvolver a nossa cidade? Cruzeiro do Sul precisa de uma visão da oportunidade para que o cidadão simples possa prosperar, crescer e não depender da máquina pública.


ac24horas – Ganhando ou perdendo a eleição, qual o seu sonho na política? Que outro cargo eletivo a senhora gostaria de ocupar no futuro?


CB – Eu sempre digo que meu cargo e a minha carreira é de delegada de polícia. O meu foco agora é ser prefeita da cidade que me acolheu, que devo muito e sou feliz aqui. É natural que o meu entorno seja também feliz. Não tenho nenhuma projeção política para o futuro. Eu penso nesse cargo de prefeita que é o mais próximo do cidadão. Eu não sou uma política profissional. Acredito que a política precisa de pessoas que tenham a sua própria carreira. Por exemplo, eu sou delegada e o meu vice é um engenheiro também concursado. A gente não precisa da política para viver. A política também não pode ser uma carreira a gente precisa de pessoas que tenham o desprendimento da necessidade financeira de um cargo político.


ac24horas – No cenário político acreano ou brasileiro quem a senhora consideraria um espelho de conduta política? Um exemplo a ser seguido?


CB – Na minha vivência, levando em conta o meu estado natal, Pernambuco, o Eduardo Campos (PSB) foi uma figura muito emblemática de transformação. Não posso negar as benfeitorias e a igualdade social através de políticas públicas que ele promoveu quando foi governador. Militei no PSB como simpatizante, na época da faculdade. Essa é a minha raiz para desenvolver Cruzeiro do Sul, que aceita quem vem de outros lugares para contribuir. O Eduardo é um ícone do PSB e um exemplo. Sei que hoje tem toda a questão do desgaste da política e os problemas nos partidos, mas entendo que os eleitores devem analisar a pessoa que está se candidatando. Apesar desse desgaste da política a gente não pode perder a esperança. Tenho no Eduardo um espelho, mas também assimilei outras experiências. Temos pessoas aqui em Cruzeiro do Sul, como o ex-deputado federal João Tota, que todo mundo fala muito bem dele. Ele é da Paraíba, um nordestino como eu que veio para colaborar com o município. Não é vir para explorar e ir embora. Estou aqui para contribuir, o que já provei atuando na minha profissão.


ac24horas – Quem são os seus principais apoiadores políticos na sua campanha?


CB – As pessoas. A construção da minha candidatura não veio de cima, nem do meu partido, até porque tinham outros candidatos sendo cogitados, o próprio deputado federal César Messias (PSB) e depois o Rômulo Grandidier. Mas isso foi uma construção das pessoas. Teve o convite porque montei a Rede Reviver no meu trabalho como delegada, mesmo com pouca estrutura. Mas a gente conseguiu com parcerias diminuir o número de mortes de mulheres em Cruzeiro do Sul. Era obrigação da delegada? Não era. Mas fui muito além como agente social que sou. Isso acabou contagiando muitas pessoas a fazer parte dessa Rede com um foco comum, no caso, evitar a morte de mulheres. Chegou o momento da gente lutar pela dignidade não só das mulheres, mas de crianças, adolescentes, homens e idosos. Isso a gente já vinha fazendo nessa construção através da Rede que virou referência no Acre.


2016-09-11-photo-00006588ac24horas – Uma questão regional. O que é debatido em todas as eleições em Cruzeiro do Sul é se o Governo do Estado, no caso do PT, há 17 anos no poder, está ou não contribuindo de maneira decisiva para o município ? Se está fazendo a sua parte? Qual a opinião da senhora? Cumpre ou não o seu papel à população?


CB – Acredito que tem feito boas obras, mas poderia fazer mais se houvesse uma parceria com o poder público municipal. Infelizmente como se defendem bandeiras partidárias nas gestões deixam de fazer parcerias. E quem perde não é o governador e nem o prefeito, mas quem perde é a população. A gente tem como exemplo o Conjunto Habitacional Cumaru, que está dentro do município clamando por melhorias. O município não pode fazer isso porque diz que foi uma obra do Governo. Tem as Ruas do Povo que também é do Governo e quando se abre um buraco a prefeitura não quer fazer porque foi uma obra do Governo. Tem a avenida Mâncio Lima que é um cartão postal da nossa cidade e quando queima uma lâmpada a prefeitura não quer repor porque foi uma obra do Governo. Sendo que o IPTU da Mâncio Lima quem recebe é a prefeitura e o ISS que foi recolhido ali durante a obra foi também a prefeitura que recebeu. Não compreendo essa política que seguram bandeiras partidárias e só geram o atraso. Na nossa chapa, sou a delegada que conheço a Lei e o direito das pessoas, o meu vice, é um engenheiro civil que pode ajudar no trabalho de infraestrutura. Somos dois servidores públicos que não dependemos da política para vivermos. A gente não tem medo de fazer parcerias, seja com o Governo Federal, apesar de ter mudado de partido. Não vejo problema nenhum. A gente quer que dê certo, seja com o Governo Estadual e com deputados e senadores do lado A ou B. O foco são as pessoas. Acho que com essa visão diferente a gente vai fazer com que as políticas que estão sendo feitas sejam realmente efetivas e causem verdadeiros impactos positivos na sociedade.


ac24horas – Agora uma pergunta que certamente os seus adversários lhe farão durante a campanha. A senhora está há menos de cinco anos morando em Cruzeiro do Sul e já tem a pretensão de fazer a gestão do segundo maior município do Acre. O que a senhora tem a dizer sobre isso?


CB – Quando me propus a fortalecer uma Rede para diminuir o número de mortes de mulheres em Cruzeiro do Sul eu tinha menos de um ano que morava aqui. E já estava fazendo um trabalho em prol da sociedade que me acolheu. Acredito que não deva ter tempo e nem requisito de naturalidade para a gente querer fazer o bem pelo local escolhido para viver. Tanto é que, em 2013, a Câmara de Vereadores, inclusive, através de uma vereadora do PMDB, me deu o título de cidadã cruzeirense. Eu não tinha nem um ano morando na cidade. Temos que parar com esse discurso preconceituoso. Às vezes, sofro preconceito de gênero, por ser mulher e a xenofobia só traz atraso. Qualquer pessoa poderia estar aqui no meu lugar mesmo não tendo trajetória política, mesmo sendo ou não daqui. Quantos outros jovens poderiam estar no meu lugar, outras pessoas com mais idade, sem problema nenhum. A gente não precisa de políticos de carreira, de profissionais. A gente precisa de trabalho, de uma boa gestão, da aproximação com o cidadão. Para eu me candidatar a Lei não exige nem a minha naturalidade e nem tempo de domicilio. Eu cumpro os requisitos da Lei. Tivemos aqui no município uma deputada peruana que quase foi vice governadora. Ela se candidatou e ninguém questionou isso. E eu defendo o direito dela de ser tudo isso. Porque a Lei não restringe. Então, por que vou restringir um direito que me assiste? Eu quero trabalhar e fazer uma boa gestão. E isso a gente tem mais é que abraçar, porque eu abraçaria. Quantos cruzeirenses temos lá fora trabalhando e exercendo tantas funções sem sofrer esse tipo de preconceito. Eu acredito que para a nossa cidade a gente tem que ir muito além do simples bairrismo. Tem que ser progressista, que a cidade se desenvolva para o bem dos cruzeirenses. E cruzeirenses são aqueles que moram e nasceram, então sou cruzeirense também.


ac24horas – Qual a sua mensagem candidata para os eleitores de Cruzeiro do Sul?

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CB – Nós estamos pedindo, com a nossa chapa diferenciada, uma oportunidade. Aceitamos a candidatura porque acreditamos na cidade que nos acolheu. Um lugar de pessoas aguerridas que querem crescer e ter oportunidades, pessoas inteligentes que abraçam a gente de graça. É para essa cidade que a gente quer contribuir. Eu e o Josinaldo queremos ser instrumentos dessa mudança. São os próximos quatro anos de uma cidade em que faltam educação básica, não se cumpre a lei de atendimento das creches, faltam remédios nos postos de saúde, e os provisórios da educação estão com salários atrasados, quando sabemos que há reserva para esse fim na lei orçamentária anual. É uma cidade que precisa de transparência. O cidadão necessita ser visto e ter voz. Gosto muito dessa frase: nós vamos devolver a cidade para os cidadãos. A gente vai fazer isso através de um conselho na gestão, orçamento participativo, na transparência das licitações online para que não haja nenhuma forma de burlar a legislação. Acho que Cruzeiro do Sul é muito mais que os nossos cartões postais. O nosso 40 é azul porque é a cor da bandeira de Cruzeiro do Sul. Não vamos ficar segurando bandeiras partidárias e essa foi uma das condições para estarmos metendo a cara nesse negócio de política. Cada um de nós é mudança e não só a Carla e o Josinaldo. Eu não pretendo ser a salvadora da pátria, mas cada um de nós como agentes sociais poderemos ter essa consciência de mudança.


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