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A construção da BR 364 e a arte cínica de fazer o povo de bobo

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Eu era assessor de imprensa do município de Senador Guiomard, em 2005, quando comecei a percorrer ao lado do então prefeito Celso Ribeiro, as caravanas organizadas pela Associação dos Municípios do Acre (AMAC) para vistorias das obras na BR 364, sentido Rio Branco/Cruzeiro do Sul.


Recordo-me que nos canteiros de obras das empresas instaladas ao longo da rodovia, as paradas obrigatórias eram seguidas de palestras, onde, prefeitos e assessores, assistiam a uma verdadeira aula de engenharia sobre a construção da rodovia.

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Era a transição do fim da era Jorge Viana – no governo – para Binho Marques, seu sucessor. Ambos tentavam mostrar o esforço do Estado para garantir a construção da estrada nas condições do solo acriano.


Em uma das palestras assistidas, os engenheiros explicaram que para superar a infiltração que deteriora a terraplanagem e o pavimento, as construtoras usavam uma colcha drenante, com 30 centímetros de brita. O material era “envelopado” a uma manta geotêxtil que garantia o escoamento da água que flui debaixo do solo quando as máquinas realizam o corte da terra para alcançar a medida exigida pelas regras de pavimentação, de 6% do nível do solo.


Nunca vi tanto cimento utilizado em uma estrada na minha vida. Para cada um quilômetro asfaltado, segundo os técnicos, eram necessários 3 mil sacas de cimento. Para a construção da base da estrada também era necessária a utilização de cerca de 3 mil metros cúbicos de seixo, material que vinha da fronteira com a Colômbia, percorria cerca de 4.200 quilômetros até chegar em via terrestre. Assim eles iam justificando o valor milionário pago nos contratos com as empresas.


Tinha também o tal sonho de integração do Acre com o Peru, via Pucallpa após a inauguração da rodovia. Nos discursos inflamados eles diziam: “Nossa região deixará de ser o “fim da linha” e passará a ser o centro da principal artéria logística do continente, que mais tarde será consolidada com a construção da ferrovia interoceânica”.


Passados exatos dez anos, ou seja, uma década, a tão sonhada integração precisa ser reconstruída!


E mais grave: o DNIT afirma que a necessidade de reconstrução é por conta da “incompatibilidade de soluções técnicas”


E tudo que foi exaustivamente propagado? E todo dinheiro aplicado?


Eu não fui, mas parece que muita gente foi bestializada pela mídia do governo que com relação a essa obra, mostrou somente o que interessava. Foi marcada, inclusive, várias vezes, a sua inauguração com a presença da presidente Dilma Rousseff. Conversa para boi dormir.


É muito fácil agora, em nova manipulação, o governador Sebastião Viana passar uma borracha em tudo que massificou, inclusive na campanha de sua reeleição, e jogar a culpa no DNIT pelas precárias condições de trafegabilidade.


Depois de insinuar crime por parte dos empresários de Cruzeiro do Sul pela situação da BR 364, em nova entrevista divulgada pelo site ac24horas, o mesmo governador diz que prefere não achar culpados. Ele tem razão, os supostos culpados fazem parte da cozinha de seu governo, que interesse ele tem em divulgar os nomes.


Essa arte cínica de fazer o povo de bobo – o Deracre afirma que entregou a BR em perfeita condições de trafegabilidade – parece encontrar base no princípio do consentimento dos governados. A gestão vermelha que estar à frente do poder por quase 20 anos compartilha a ideia de que as pessoas devem ser governadas e controladas.


Em síntese, o governo está baseado no controle da opinião e não mede nenhum esforço para manter esse poder, basta abrir a caixa preta da mídia para constatar o montante que é gasto com publicidade e propaganda.


A população é de espectadores, e não de participantes. Assim é a arena política que o PT prega na atualidade.

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Jairo Carioca é jornalista e assessor político.


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