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João Correa: “Na época de Jorge governador o ex-ministro Padilha era chamado de Eliseu Quadrilha”

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 *João Correa


Jorge Viana assumiu o Governo do Acre em 1999 e carregou de roldão para o Senado o irmão, Tião Viana. Marina Silva já era Senadora ambientalista bem conhecida. FHC estava no segundo mandato e Eliseu Padilha, do PMDB gaúcho, era o Ministro dos Transportes. O DNER, atual DNIT, órgão subordinado à pasta, abrira licitação para o trecho Sena Madureira a Feijó dentre as grandes empreiteiras brasileiras mais reputadas. A Operação Lava Jato era impensável, à época.

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O trecho em tela era dos mais difíceis da estrada e fora estimado, pelo DNER, em 650 mil reais o quilômetro pronto e acabado. Aqui, vai para o inferno o sonho de integração dos acreanos.


Jorge Viana e Marina Silva, em especial, tinham privilegiado acesso ao Presidente FHC, através de sua esposa, a antropóloga Ruth Cardoso.


O Governador Jorge Viana utilizou bem os Senadores Marina Silva e Tião Viana junto ao Governo FHC a cumprirem uma estratégia que consistiu em trazer para o comando do Governo do Acre, via Deracre, o dinheiro que seria, como de praxe, dado em pagamento às empreiteiras, sob a batuta do DNER. Era fato inédito no Brasil, mas foi feito. Os argumentos foram vários, mas saliento apenas três: um que lançava a suspeição sobre a idoneidade do Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, chamado pela Trindade, ” ad nauseam”, de Eliseu Quadrilha; outro, que dava conta de que os acreanos, e não os forâneos, é que sabiam da realidade concreta, da complexidade e da biodiversidade dos trajetos a serem enfrentados e, por fim, talvez, o argumento mais expressivo, o financeiro: ” o Eliseu Quadrilha queria contratar a 650 ( seiscentos e cinquenta )mil reais o Km porque queria roubar. O Governo do Acre, com todas suas vantagens comparativas( honestidade, competência e ética )comprometia-se a fazer o quilômetro por pouco mais da metade dos tubarões, garantia entregar cada quilômetro a 350 ( trezentos e cinquenta ) mil reais”; vivia – se, nestas paragens, o auge do Governo da Floresta e de sua insólita e abstrusa ideologia da florestania. O Governo de FHC atendeu ao pleito florestão do Governador Jorge Viana e repassou toda dinheirama de construção total da 364 aos cofres do Estado do Acre, cujos dirigentes reivindicavam para si mesmos a quintessência da ética e da virtude, por longos treze anos. É bem verdade que, diga- se de passagem, às relações próximas de amizade FHC, Governador e Senadores do PT do Acre correspondia uma aliança política PT/ PSDB, intuída espertamente por Jorge Viana desde sua eleição para a Prefeitura de Rio Branco.


Então, de par com alguns trabalhos na rodovia federal, foi instalada uma imensa lavanderia de dinheiro do contribuinte brasileiro. Esta é a razão substantiva dos fracassos de todos os processos de investigação propostos que tenham como objeto as obras da 364 no Acre e que possam ser iluminados com o sol da publicidade. Se possíveis, verificar- se- ia que a campanha da primeira eleição do Presidente Luís Inácio Lula da Silva foi irrigada com dinheiro drenado do leito lamacento da 364. Depois das vitórias de Lula e Dilma e dos Governos do PT no Acre, a nomenklatura local nadou de braçada na cooptação de significantes forças políticas com base na inesgotável botija arrancada na 364.


As sandices foram tantas e tamanhas que, mesmo com toda impunibilidade das gestões petistas lá e cá, o Denit foi obrigado a retirar do Governo do Acre o dinheiro e a responsabilidade da construção da BR 364. O Governo do Acre teve que ser empurrado para longe da BR 364 para ser contida sua fome de Pantagruel.


JCl_100João Correia, 61 anos, economista; Professor da Ufac desde 1978. Pós graduado no NAEA e UFRRJ; coordenador da CEPA, no  Governo Joaquim Macedo ( 1979- 82 ), ; Pró-Reitor de Extensão, administração Sansão Ribeiro ( 1988- 91 ), ;  Deputado Estadual ( 19991- 2002 ); Deputado Federal ( 2003- 2006 ); Professor da Ufac ( 2007 aos dia de hoje )


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