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“O impeachment de Dilma não é bom para o país, mas se faz um mal necessário, um remédio amargo que todos iremos tomar”.

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Ray Melo, Luciano Tavares e Marcos Venícios, do ac24horas
Rio Branco, AC


Após poucos meses exercendo o seu primeiro mandato como senador no Congresso Nacional (os dois primeiros foram na Câmara como deputado), Gladson Cameli (PP) topou ser entrevistado neste último final de semana pelos jornalistas Ray Melo, Luciano Tavares e Marcos Venicios. Aos 37 anos, Cameli diz amadurecer a cada dia no senado. Nesta entrevista ele fala sobre alguns boatos e posicionamentos que segundo ele, “precisam ser esclarecidos”.

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Os jornalistas Marcos Venicios, Luciano Tavares e Ray Melo sabatinaram o senador Gladson Cameli na redação do ac24horas

Contextualizando o atual cenário político/econômico que o Brasil vem enfrentando, Cameli disse ser a favor da saída de Dilma Rousseff da presidência por causa das pedaladas fiscais, mas explicou que o impeachment não é bom para o país, mas se faz “um mal necessário, um remédio amargo que todos iremos tomar”.


Sobre a possibilidade de Michel Temer, vice de Dilma Rousseff, assumir o comando o país, ele afirma ter certeza que Temer é muito mais articulado e terá as condições favoráveis, apesar da crise, de governar o país com mais solidez até 2018, destacando ainda não acreditar que Dilma consiga apoio suficiente para se manter no poder.


Com relação aos problemas enfrentados pelo Acre nos serviços de telefonia, internet e os aumentos sucessivos dos preços da energia elétrica e dos combustíveis, Gladson destaca que existe um grande Lobby entre empresas para que as agências reguladoras não funcionem e fiscalizem como deveria fazer e afirmou que está elaborando no senado um projeto para equilibrar o IMCS do combustível , revelando ainda que espera que até 2018 os problemas com os apagões no Acre cessem, devido o investimento de mais de R$ 300 milhões que está sendo feito no setor somente para o Estado.


Cameli não deixou em branco o fato de ter sido citado nas investigações da Operação Lava-Jato e apontando como um dos parlamentares do PP que receberia propina. Se dizendo inocente, o parlamentar diz que em muito breve receberá “o atestado de inocência”.


Apontado como o principal líder oposicionista com chances reais a disputar o governo do Estado em 2018, Gladson foi enfático e diz ser este o seu “maior sonho”, mas que está se preparando e trabalhando muito no senado para que seu mandato se viabilize numa possível candidatura ao Palácio Rio Branco.


E por falar em governo, ele não poupou críticas ao governador Sebastião Viana (PT). Perguntado se tivesse a oportunidade de estar no lugar do petista, comandando o Estado, Gladson afirmou que uma de suas principais medidas seria diminuir a estrutura do governo que atualmente tem cerca de 40 pastas, para apenas 10 secretarias. Ainda sobre Sebastião, ele afirmar não ter nenhum tipo de relação com o chefe do executivo, mas diz respeitar muito o seu irmão, o senador Jorge Viana, com quem diz ter uma relação harmoniosa.


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“O impeachment de Dilma não é bom para o país, mas se faz um mal necessário, um remédio amargo que todos iremos tomar”, diz Gladson Cameli em entrevista exclusiva ao ac24horas

O senador afirmou ainda não perdoar “a mentira” que o governador Sebastião Viana disse em entrevista no ano passado ao ac24horas, afirmando que o pai de Gladson, o empresário Eládio Cameli, teria oferecido dinheiro para a campanha do PT em 2014.


Esses e outros detalhes você acompanha na integra na entrevista a seguir:

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Marcos/ac24horas: É impossível iniciar essa entrevista e não tocarmos inicialmente nessa crise política e econômica que assola o Brasil e consequentemente tem tornado Brasília, ou seja, o congresso nacional em o centro das atenções. Senador, como o senhor avalia esse período?


Gladson Cameli: Realmente, esse ano tem sido de muito aprendizado para muitos políticos que pensam que se o nosso país não der um giro de 360 graus  e nós, os políticos, não fizermos uma mudança no Congresso Nacional, teremos serías dificuldades nas eleições de 2016 e consequentemente na de 2018. A população está insatisfeita, os números demonstram isso, o Produto Interno Bruto (PIB) em queda. A saída dessa crise não será imediatamente. Acredito que isso vá até o inicio de 2018. Tenho confiança nessa tese porque o mercado externo precisa do Brasil  e o que estamos vivendo aqui tem muito a ver com as crises que a Europa passou. A Grécia foi um exemplo disso. Só que a nossa questão é diferente também, pois temos uma crise econômica, politica e institucional, a pior da história de nosso país, uma guerra entre poderes, entre partidos.


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“Você pode ter certeza que eu serei a favor da saída da presidente” – Gladson Cameli

Marcos/ac24horas: O senhor fala que a crise econômica finaliza em 2018, mas e a questão politica se resolve com a presidente Dilma Rousseff no poder ou fora de combate? Aliás, o senhor é favor ou não do impeachment?


Gladson: Eu sou a favor da democracia. A partir do momento que a presidente da república dá indícios de irregularidades, eu sou a favor do povo brasileiro, eu sou a favor que seja cobrada as responsabilidades do poder executivo. As pedaladas fiscais não podem ocorrer. Eu não posso lhe dizer que eu já li o processo , pois ainda não chegou ao senado federal. O que existe hoje é uma guerra na Câmara dos Deputados da turma do Fica ou não Cunha e fica ou não Dilma. E nós sabemos que o governo sofreu uma grande perda. Aquela votação das chapas do impeachment o governo perdeu, o voto era secreto, que ninguém ali precisava mostrar a sua cara e a bancada da situação levou uma lavada. Agora na situação do impeachment é o voto aberto. O cara tem que ir par ao microfone se vota a favor ou contra. O impeachment é bom para o Brasil? Não. Mas só que a economia e a instabilidade tá tão grande que agora tem que se resolver essa questão. Acho que isso é um mal necessário, um remédio amargo que todos iremos tomar.


Luciano/ac24horas: Seja mais direto, senador. A partir do momento que o processo chegar no senado, o senhor vota a favor ou contra o impeachment?


Gladson: a partir do momento que a Câmara encaminhar para o senado o processo, aonde tem pedaladas fiscais, aonde tem coisa errada, você pode ter certeza que eu serei a favor da saída da presidente. Eu sou a favor disso, porque a população tá me cobrando. Se eu não ouvir quem me elegeu, não faz sentido eu estar no senado. A matemática é simples.


Luciano/ac24horas:: com a saída da Dilma, consequentemente o vice Michel Temer assumiria a presidência, o senhor acha que o PMDB hoje é o melhor para o Brasil?


Gladson:  Eu não acho, eu tenho certeza que o Temer tem mais habilidade,  jogo de cintura , conversa mais com os aliados. Ele é um articulador politico nato. O que importa agora é resgatar a confiança do mercado e não vai ter salvador da pátria não, pode ter certeza. Não adianta colocar um técnico na cadeira de presidente pensando que ele vai administrar o país coo se administra uma empresa. Isso não existe. Nós temos vários exemplos de pessoas técnicas que não se deram bem na política, na articulação.


Ray/ac24horas: Senador, e se a presidente conseguir apoio suficiente para se manter no cargo, o senhor acredita que exista clima para a continuação da administração dela?


Gladson: Não acredito. Eu seria totalmente demagogo se afirmasse que acreditaria. Nós estamos vendo, estamos sentindo a situação está completamente difícil, desestruturada. Você vê a guerra de briga, de braço mesmo, que está na câmara. Recentemente agora eu fui convidado para um jantar de confraternização de todos os senadores da república, eu não estava presente pois eu estava a caminho do Acre e aconteceu um episódio lamentável onde um senador [José Serra] soltou uma brincadeira com a ministra Katia Abreu e aconteceu o que aconteceu [ela jogou um copo de Vinho em Serra], dai você tira o clima, uma animosidade total. Agora você pode ter certeza, quem vai pagar o preço por isso é a população.


Ray/ac24horas: Senador, na campanha passada os seus adversários políticos criavam peças de mídia afirmando que o senhor não tinha uma atuação destacada como deputado federal em seus dos primeiros mandatos na câmara. Agora está no senado, o senhor consegue ter uma atuação destacável?


Gladson; Aos troncos e barrancos eu estou. Nós sabemos que o senado federal brasileiro é responsável por legislar e fazer as grandes mudanças que o nosso país precisa. Nós já avançamos em algumas questões. Eu continuo liberando o maior número de recursos federais para o Acre, que é minha obrigação, mesmo mediante a crise financeira que afeta todo mundo. Nós estamos conseguindo injetar recursos federais nos municípios. Além dessas emendas, nós estamos conseguindo recursos extras para os 22 municipios de nosso Estado, independente de cor partidária. Aquela expectativa que eu seria um senadorzinho, caiu por terra. Eu gosto de criticas. A crítica me fortalece. Quando eu recebo uma critica eu não tenho como uma coisa negativa, mas sim de uma coisa que eu tenho que fazer uma autoanalise se eu posso mudar, melhorar. Eu sempre prego no senado que o Brasil é muito maior que essa guerra política que acontece. Gente, o que precisamos é fazer as grandes reformas, desde a tributária, onde possamos dar uma resposta a altura, a reforma política, o código civil brasileiro precisa ser atualizado e nós não estmaos conseguindo fazer isso.  O senador Gladson Cameli não consegue fazer isso sozinho . Eu sempre digo que precisamos nos unir, sempre pregarei isso.


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Gladson: Infelizmente não temos um chefe de Estado com pulso que coloque as agencias reguladoras para funcionar.

Marcos/ac24horas: Por falar em questão da população pagar o preço, se questiona muito o fato do Acre passar por problemas na distribuição de energia elétrica, internet, telefonia e transporte aéreo, sempre aparece determinados políticos tirando vantagens de situações, afirmando que se reuniram com ministros, representantes das empresas para tentar solucionar as questões, mas é notório que o problema nunca é resolvido. Somos lesados diariamente. O que o senhor ver nessa situação?


Gladson: Infelizmente não temos um chefe de Estado com pulso que coloque as agencias reguladoras para funcionar. O que existe hoje são agências que servem de museu. Existe um lobby muito forte nesses setores e eu não tenho medo de falar sobre isso. Essas agências não fazem o seu papel e quem paga o preço a população. Como é que eu posso aceitar o meu Acre pagar a maior taxa de energia elétrica e ter um serviço que não é de qualidade? Quando vamos na Aneel, fazemos uma série de audiências públicas, inclusive numa em que eu era ainda deputado federal, sabe o que os diretores dessa agência falaram? Que ficaram impressionados sobre o quanto a população se manifestou sobre o assunto, que isso não ocorre Brasil a fora. E nós sabemos que em determinado período houve uma redução na tarifa da energia elétrica e depois de 60 dias aumentou. Eu e o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, estamos elaborando um projeto para equilibrar o ICMS do combustível para a aviação, para tentar ter uma passagem área mais acessível , barata. Estamos apresentando e será analisado em regime de urgência, temos o apoio de todos os lideres, inclusive do senador Jorge Viana.


Marcos/ac24horas: por falar em senador Jorge Viana, como é sua relação com ele no Congresso?


Gladson: Muito boa institucionalmente. Eu não tenho nenhum problema com deputado federal. Nosso Acre ele é tão grande que não podemos misturar os problemas políticos partidários com questões pessoais.  Nós temos uma relação mutua, de respeito. Em se tratando de Acre, nós sempre nos unimos. Nós somos um dos poucos onde a bancada federal se senta para articular ações em prol da população para discutir orçamento, emendas. Eu quero aproveitar para parabenizar. Isso não acontece desde agora. Desde a época em que eu era deputado federal nós sempre nos articulamos em defesa do nosso Estado.


Marcos/ac24horas: o senhor ver essa reciprocidade, essa relação harmoniosa institucionalmente com o governo do Estado do Acre, na pessoa do governador Sebastião Viana?


Gladson: Isso não existe. Institucional tem, mas pessoal, parceria mesmo, não existe nada. Para o Sebastião Viana o Estado vai muito bem para ele. Ele dá a entender que não precisa da bancada federal. A minha parte eu faço. Eu procurei ele me colocando a disposição para ajudar no que fosse o Estado. O exemplo que dou foi na época das cheias do rio Acre. Estive no gabinete dele, acompanhando o deputado estadual do meu partido, o Nicolau Junior, afirmando que desci do palanque no dia que ganhei a eleição e que estou aqui para ajudar o Acre e aprova foi que quando o Estado ficou alagado, o Ministro da Integração veio comigo para cá e ele passou três dias aqui, articulando com governo a ajuda. Eu nunca vi um ministro passar três dias no nosso Estado que vivia que aquela situação de calamidade. Agora se o governador, e é um direito que ele tem, não quer nada comigo, eu o respeito. Declaro aqui que estou pronto para ajudar o Estado seja em qual situação for. O que eu não posso é obrigar o governador a sentar na mesa comigo.


Luciano/ac24horas: Senador, entre as muitas polêmicas que existem envolvendo o senhor e o governador Sebastião Viana e parte do PT, uma veio a tona, em forma de boato, que foi o episódio onde o senhor teria se desentendido com o governador no avião, onde supostamente o senhor estaria bêbado e teria xingado ele e que essa situação circulou nas redes sociais. Ele acabou sendo vitimado do poder macro de mídia que ele tem. Por outro lado, pessoas o defenderam. Enfim, o que existe de fato nessa história?


Gladson: Eu passei a campanha de 2014 sendo acusado de tudo o que você possa imaginar, mesmo assim consegui aquela votação expressiva. Eu tenho Deus no meu coração. Se tem uma coisa que eu tenho muito na minha vida é Deus e eu parto desse principio de falar a verdade. Era uma quarta-feira, estava num voo da Gol que decola às 20 horas, com destino de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. O Sebastião Viana se irrita com tudo. Eu não entendo a cabeça do governador e acredito que a maioria da população não entende também.


Luciano/ac24horas: O senhor se dá bem com o governador? Vocês se cumprimentam?


Gladson: Nós não temos nenhuma relação. Depois desse episódio nós não temos mais nenhuma contato. Não existe respeito. Eu não vou dar bom dia para uma pessoa que não me respeita e que não respeita a minha família e quase 60% do eleitorado acreano que me elegeu. O Acre não é de uma pessoa, não é de um governador, o Estado não é uma empresa, somos um um Estado onde temos quase 800 mil habitantes


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“Eu não vou dar bom dia para uma pessoa que não me respeita e que não respeita a minha família e quase 60% do eleitorado acreano que me elegeu”, diz Gladson ao falar do governador Sebastião Viana

Ray/ac24horas: Com a votação que o senhor conquistou no último pleito, as pessoas e a própria mídia já coloca o senhor como principal candidato da oposição ao governo do Estado e para se fortalecer, entre as especulações, colocaram recentemente que o senhor ou sua família estariam comprando o Complexo de Comunicação O Rio Branco, de propriedade do empresário Narciso Mendes. Isso é verdade?


Gladson: Não existe nada. Falácia. O que está acontecendo? Respeito a opinião de cada um que me acusa, que tenta denegrir minha imagem, que eu perca o controle.  Eu quero dizer para essas pessoas que eu não vou antecipar as eleições de 2018. Nós estamos vivendo problemas econômicos financeiros no Estado. Eu não vou entrar nessa questão pequena. E olha que não foi só isso não. Já disseram que eu estava separado da minha mulher, já disseram que a Policia Federal, por meio de gente do alto escalão do governo do Acre, afirmou que a Policia Federal fez uma varredura em meu apartamento em Brasília. Isso não existe. Eu tenho 37 anos, eu não sou escravo da politica. Graças a Deus eu tive a oportunidade de escolher se eu seria empresário ou se o poderia contribuir com o meu Estado. Existem políticos  bons, que querem trabalhar e eu me coloca no meio dessas pessoas. Infelizmente esse tipo de politicagem acontece. O recado é claro, eu não vou antecipar o debate para 2018. Se meus adversários políticos estão esperando alguma coisa negativa a meu respeito, eles vão perder.  Eu entre para politica para ser um grande politico, não foi para ser mais um não. Eu estou há quase uma década no Congresso nacional, na vida pública direto. Esses 12 meses de mandato de senador eu tenho passado por tanta coisa…[respirou fundo].


Luciano/ac24horas: eu posso está enganado, senador, mas o senhor passa um ar de decepção e ao mesmo tempo desanimo, principalmente agora nessa última declaração. O senador se arrepende de ter entrado na politica ou tem um prazo determinado na sua cabeça, devido essa exposição que a sua vida, que a sua família vem tendo no contexto politico. O senhor chegou muito jovem no Senado, com 37 anos, isso não é para qualquer pessoa. Imagino que deve existir uma pressão enorme. O senhor tem um arrependimento, uma decepção com alguma coisa?


Gladson:  De maneira alguma. Tudo que acontece acaba me fortalecendo. Eu gosto desse tipo de situação. Eu não estou reclamando. Eu levo a politica muito a sério. Eu levo como exemplo um senhor que de 82 anos que foi  em minha casa esses dias, me relatando que o ICMBio multou ele em R$ 560 mil. Ele só tem um pedaço de terra e uma cabeças de gado. Ele me falou isso chorando, se tremendo e a população de Cruzeiro do Sul comovida com esse cidadão. Se todos nós políticos déssemos as mãos como eu disse na campanha, o Acre seria bem melhor. Nós faríamos as grandes mudanças. Eu lhe digo que não sou a favor do desmatamento, , mas eu sou a favor do ser humano, daquela pessoa que trabalhou. Eu sei que vou tirar um aprendizado para o amanhã.


Luciano/ac24horas: o senhor se apega em que nesses momentos?


Gladson: Me apego em nosso senhor Jesus Cristo. E também eu tenho um grande apreço e até me emociono que é a minha família. Não me arrependo um só minuto de ter entrado para vida pública. Foi a maior pós-graduação ou doutorado que eu poderia ter em minha vida.


Marcos/ac24horas: o senhor falar que é contra o desmatamento, mas e no congresso, nós sabemos que existe a banca dos ruralistas e dos ambientalistas. Em qual o senhor se encaixa?


Gladson: Veja bem, O Brasil vai fazer um acordo com a Noruega sobre o crédito de carbono. Olha só a demagogia: vamos preservar, a Amazônia é nossa, nós temos mais de 20 milhões amazonidas então quer dizer que nós não vamos receber todos esses recursos. Quem tá dando o dinheiro, escolhe para aonde vai mandar. Eu chamei atenção disso no senado federal. Sabe para aonde tá indo o dinheiro, uma boa parte? Sul e sudeste  e nós aqui no norte passando dificuldades.  Todos esses recursos devem ser aplicados na Amazônia, eu defendo isso.


Ray/ac24horas: O Acre tem uma das maiores tarifas de energia do país. Na quarta, houve um protesto dos servidores da Eletrobras por causa de um edital do governo federal colocando a Eletrobras à venda. O senhor é a favor dessa privatização dessa empresa, já que ela tem um papel tão importante no Acre que é um Estado pequeno?


Gladson Cameli: Não. E vocês querem saber um resultado? Se vocês pegarem todas, a Eletroacre, a de Rondônia, a de Roraima, a do Amazonas, a do Pará, a única empresa que dá lucro é a Eletroacre. E como é que nós vamos vender um patrimônio da população que tá dando lucro?! Tanto que eu não acredito que a Eletroacre vá ser privatizada. O ministro Eduardo Braga garantiu a mim que não será privatizada. Agora, eu não sou o dono da caneta. A única que vai ser privatizada agora é a de Goiás. O que precisamos é de uma Eletroacre com mais recursos para quem ela tenha poder de investir mais ainda. Tem pra mais de 300 milhões de investimentos até 2018, tem o Luz Para Todos que vai ser universalizado, o linhão pra Cruzeiro já foi licitado. E sabe porque não foi concluído? Justamente aquela velha história: problema ambiental. Por isso a nossa energia é uma energia cara. Mas esses problemas de energia vai se resolvido. A médio e longo prazo até 2018.


 Marcos/ac24horas: Senador, pelo que o senhor acabou de falar, o Senado se divide em ruralistas e ambientalistas. O senhor se encaixa em algum deles?


Gladson Cameli: Ruralistas. Sabe por quê? Nosso Estado era um dos maiores exportadores de carne nas décadas de 80 e 90. Nós botávamos Rondônia no bolso, mandávamos carne para o Amazonas. Há exemplos de empresários acreanos que montaram frigorífico lá. Aquecia a economia. Nós tínhamos, se eu não me engano, oito milhões de cabeças de gado, Rondônia tinha dois. Quando entrou esse processo de ambientalismo no Estado e de florestania, o nosso rebanho caiu de oito pra dois e o de Rondônia subiu de quatro pra doze.


 Luciano /ac24horas: Esse é um assunto que sempre vem à tona. O seu partido é o mais citado na Lava Jato. O que o senhor espera? Aliás, os petistas do grupo ligado ao governo do Acre sempre se referem ao senhor como o senador da Lava Jato. O senhor recebeu dinheiro? O que o senhor tem a dizer sobre isso? 


Gladson Cameli: Eu tô adorando todo esse processo porque eu vou provar a minha inocência, vou apresentar o meu atestado de inocência. Sabe por quê? Porque quando sair o meu atestado de inocência, eu vou apresentar para o povo do meu Estado e vou poder dizer: tá aqui uma prova de que eu nunca menti pra vocês. Isso é questão de tempo. Gente, eu venho da área empresarial. Uma coisa que minha família, e eu não nego aqui pra vocês, meu pai sempre foi contra eu entrar na vida política justamente por causa dessas acusações. Porque hoje quando você é indiciado passa para a população que você está condenado, que está preso, acabou, não tem mais jeito. Mas o indiciado está sendo investigado. E para eu pegar essa carta eu preciso ser investigado. Eu vou dá um exemplo: eu entreguei todos os documentos sem precisar protelar de nada às autoridades competentes. No depoimento que eu fiz ao delegado da Polícia Federal, ele fez essa pergunta: o que o senhor atribui o seu nome estar incluído na Lava Jato? Eu disse boa pergunta, doutor. Esse processo no qual colocaram meu nome vai ter dois desfechos: primeiro da minha inocência que eu vou ter e segundo que eu vou querer saber quem colocou o meu nome.


 Luciano /ac24horas: Por que puseram lá, então, senador? Se o senhor diz que é inocente, então o senhor ficou surpreso? Como foi aquela noite? 


Gladson Cameli: Saímos daqui na época da cheia, eu e  o ministro da Integração, chegamos em Brasília, num avião da Força Aérea, e ela me chama pra irmos no gabinete vê os recursos emergenciais da cheia. Fui ao gabinete, me despedi dele. Isso era uma sexta-feira, nunca me esqueço.  Aí fui pra um restaurante, pego o cardápio e estou me servindo , e meu irmão pega e me liga: mano, teu nome tá na Lava Jato. Eu disse: como? Tá aqui no Jornal Nacional (diz o irmão). Mas isso é impossível, não existe isso (resposta da Gladson ao irmão). Esperava tudo, menos aquilo. E não foi só comigo. Tem culpados ali. Mas tem vários inocentes. E eu sou um deles.


Marcos /ac24horas: O senhor poderia citar entre os mais de 50 ali citados um inocente ou alguns nomes inocentes? 


Gladson Cameli: Só posso falar por mim.


 Marcos Venicios/ac24horas: Não colocaria a mão no fogo por ninguém? 


Gladson Cameli: Não posso falar pelos outros. Por mim eu coloco a mão e o corpo por inteiro.


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“A minha vida é uma transparência. Não vou deixar de viver a minha, não vou deixar de ser um cidadão por causa de política. Eu tenho dois telefones o meu pessoal e o institucional. Não tenho problema e falar qualquer coisa neles”, diz Cameli

 Luciano Tavares/ac24horas: O senhor fala qualquer assunto ao telefone?


Gladson Cameli: Qualquer assunto. A minha vida é uma transparência. Não vou deixar de viver a minha, não vou deixar de ser um cidadão por causa de política. Eu tenho dois telefones o meu pessoal e o institucional. Não tenho problema e falar qualquer coisa neles.


 Ray/ac24horas: O seu partido já governou o Estado, mas de certa forma encolheu depois. E hoje depois que o senhor chegou ao Senado o seu partido está se revitalizando. O senhor atribui as pessoas procurarem tanto o PP a essa imagem de que o senhor tem dinheiro que pode bancar uma campanha?


Gladson Cameli: Não, expectativa de poder. O que é natural em qualquer partido. Gente, parece que ser empresário, ter dinheiro, alguns dos meus opositores querem criminalizar quem tem dinheiro.  Mas eu quero dizer a essas pessoas que vão trabalhar, vão arregaçar as mangas. Faça como o meu pai fez. Meu pai é um exemplo como eu falei no dia da minha diplomação. Eu tinha onze anos de idade, meu pai acordava três horas da manhã e ia tirar poste para vender pra Eletroacre. Eu tenho muito orgulho porque isso é uma prova para esses jovens que tão aí, que lutam. Meu pai virou um dos maiores empresários do Norte, mas foi às custas de trabalho, do suor. Eu sinto orgulho da família que eu tenho, porque é um exemplo. Um exemplo pra mim como filho.


Ray /ac24horas: O senhor quer ser governador?


Gladson Cameli: Tenho sonho de ser governador do Acre. Se eu disser pra vocês que eu não sonho em governar o meu Estado eu estaria sendo demagogo. Mas eu não tenho sede pelo poder.


 Ray ac24horas: E a expectativa pode ser em 2018?


Gladson Cameli: Pode. Tudo pode. Mas não vou ultrapassar nada. O desafio que eu tenho é fazer esse grande mandato de senador. Já estou me preparando para um dia assumir o Executivo do nosso Estado. O meu desafio não ganhar as eleições, o meu desafio é governar bem e governar pra todos respeitando todos os partidos, que apóiam é que não apóiam. Tratar todos os aliados os não aliados com muita seriedade. Daí porque eu digo que o Acre não é de uma pessoas, o Acre é dos acreanos, dos brasileiros.


Marcos /ac24horas: Se hoje o senhor fosse governador, o que o senhor faria de diferente?


Gladson Cameli: Reduziria de 40 para 10 secretarias imediatamente. O que uma Sanacre, uma Cagracre, uma Cila produz hoje? Nós temos um orçamento de sete bilhões. Quando o meu tio deixou o governo o orçamento era de 500 milhões. Somos um Estado de 800 mil habitantes. Vou falar aqui proporcionalmente. O Estado do Acre é um Estado pobre? É não. O Brasil é um país pobre? É não. O problema é que o dinheiro é mal gasto, mal investido, mal administrado. É por isso que eu digo que nós temos que nos preparar, montar equipes capacitadas. Eu quero muito o sucesso do governante que é para facilitar a administração de quem virá na frente.


 Ray /ac24horas: Mas se o senhor assumisse o governo o senhor faria essa política que o governador Sebastião Viana faz de acomodar pessoas para manter o apoio delas politicamente?


Gladson Cameli: Não, não faria.


 Ray Melo/ac24horas: E hoje desses mais de dois mil cargos o senhor reduziria pra quantos? 


Gladson Cameli: Um Estado que tem um orçamento de quase oito bilhões precisa ter dois mil cargos comissionados numa crise financeira dessa que estamos enfrentando? Nós queremos valorizar o servidor público de carreira. Você acha que um servidor concursado quando estiver lá trabalhando ele vai se  sentir motivado ao ver um cargo comissionado ganhando quatro vezes mais do que ele? Lógico que vai ter os acordos políticos de quem apoiar. Hoje as pessoas não aceitam mais você só ser eleito, você tem que estar presente. E as redes socais tem um papel fundamental, tanto pra o bem como como para o mal. Eu sou da mesa diretora do Senado e por causa desse momento que a gente tá passando, o presidente tem designado sempre um representante em agenda no exterior. Há mais ou menos 15 dias eu estava na África do Sul. Fui numa sexta. Na segunda o Delcídio Amaral foi preso, na terça o Senado vota pela manutenção da prisão dele, e aí as pessoas vem pelas redes sociais e me cobram. Mas como se eu estava na África do Sul e não sabia que dia ele ia ser preso?


Marcos /ac24horas: Por falar em Delcídio, como era sua relação com ele?


Gladson Cameli: Conheço como colega, líder do governo. Relacionamento não tinha. E não estou falando isso aqui porque ele foi preso. E se eu tivesse lá eu teria votado pela manutenção da prisão dele. E como eu disse com a Justiça não se discute, cumpre-se.


 Luciano /ac24horas: Ele era um bom líder do governo na sua opinião? 


Gladson Cameli: Era esforçado. Tentava. Numa crise dessa. Ele tentava…


 Luciano /ac24horas: O Gladson Cameli que disputará o governo do Estado em 2018 ou 2022 estará mais preparado que o Gladson que disputou as eleições em 2012? 


Gladson Cameli: Com certeza. O Senado é um grande aprendizado. Vamos elaborar um plano de governo que seja possível executar em quatro anos, e não um plano de um milhão de páginas que você não executa nem até a segunda página.


 Ray /ac24horas: Numa futura administração do senhor, os professores são a maior categoria do Estado atualmente, como seria o seu tratamento com os professores, já que Sebastião Viana passou dois mandatos sem conceder aumento para os professores? 


Gladson Cameli: Eu teria que ver a questão com dados, tecnicamente. Parto do princípio de que o primeiro passo de um governante é tratar bem a Saúde e a Educação.


Luciano/ac24horas: Qual vai ser a cara do PP ano que vem nas eleições, vem com candidatos? Em Rio Branco, por exemplo, lança candidato?


Gladson Cameli: Estamos caminhando para indicarmos uma composição de chapa. Não vamos impor para depois não termos capacidade de administrar. O maior problema hoje é esse. E o maior prazer que eu tenho é ver uma obra sendo executada com um recurso parlamentar nosso e as pessoas agradecendo. E essa parceria tem dado muito certo, por exemplo, com o prefeito Vagner Sales. Eu sempre digo que a nossa bancada tem sido realmente os governadores do nosso Estado.


Ray /ac24horas: Tem pessoas que não tem qualidade técnica, mas tem densidade eleitoral. O senhor vai priorizar a qualidade técnica ou a densidade eleitoral? 


Gladson Cameli: Qualidade técnica com a densidade  eleitoral. Dá pra unir. Pega a qualidade técnica e compõe com a densidade eleitoral. Une o útil ao agradável.


Ray Melo/ac24horas: E quem hoje aqui em Rio Branco tem essa qualidade técnica para poder administrar?


Gladson Cameli: Temos vários nomes. Temos a Socorro Neri, do PSDB, uma excelente professora. Tanto que na época da discussão sobre a minha suplência ela foi um dos nomes cogitados.  A deputada Eliane Sinhazique, uma excelente parlamentar. Ela sabe como administrar.


 Luciano Tavares/ac24horas: O senhor vê o Cunha como um mal necessário?


Gladson Cameli: Um bem é que não é.


Luciano Tavares/ac24horas: Mas ele se mostra um profundo conhecedor do regimento. Como o senhor vê a atuação dele?


Gladson Cameli: É um profundo conhecedor do regimento. Agora, o que eu não concordo é essa briga. Um querendo salvar o outro e a população pagando um alto preço. Com isso eu não vou concordar. Essas brigas que estão acontecendo no Congresso isso é vergonhoso. Já vi colegas meus em aeroporto sendo vaiados. Teve colega meu que foi vaiado em supermercado. A classe política está desacreditada.


 Marcos/ac24horas: O senhor acha que o Aécio Neves pode ser o fio condutor pra mudança nesse país? Ele atrapalha ou mais ajuda sendo esse opositor hoje?


Gldson Cameli: Não, ele ajuda. Ele tem suas capacidades que eu não posso menosprezar. Foi governador no Estado de Minas Gerais e saiu com um alto índice de aprovação. Um político sai com um alto índice de aprovação de um Estado como Minas Gerais que tem mais de 800 municípios é porque ele tem capacidade.


 Luciano Tavares/ac24horas: Por que o PP não lança candidato próprio a prefeito em Rio Branco, senador?

Gladson Cameli: Aqui em Rio Branco ninguém se manifestou, não.


Luciano Tavares/ac24horas: Mas vai que a Silvania, por exemplo, se manifeste… (Silvania Pinheiro é jornalista e principal assessora do senador. Ela acompanhava a entrevista):


Gladson Cameli: Seria um excelente nome. Seria uma excelente candidata porque é determinada.


Marcos /ac24horas: BR-364 e família Cameli têm uma ligação muito forte, é praticamente o DNA da estrada. E nesse processo da instalação da CPI da BR-364 na Aleac foi colocada muita dificuldade, tanto do governo quanto de um deputado de oposição, o deputado Nicolau Junior (parlamentar do PP, partido de Gladson Cameli), que não assinou a CPI alegando que isso poderia prejudicar o andamento das obras. Como é que o senhor viu aquele momento? O senhor é a favor da investigação?


  Gladson Cameli: Primeiro que a CPI da BR-364 não cabe a Assembleia Legislativa. Cabe ao Congresso Nacional. Segundo ponto, o governo tem maioria na Assembleia. Ele ia colocar relator e presidente. E terceiro ponto, eu pedi que apresentasse novamente. Reuni todos os oito deputados estaduais de oposição, chamei, disse que eles podiam apresentar. Mas aí eu faço uma pergunta: vocês já viram alguma CPI dar em alguma coisa? Mas vamos imaginar um CPI dessa aqui. A obra está paralisada, nós íamos ficar com uma estrada fechada, e isso. Mas eu topo qualquer CPI. Tenho minha opinião sobre assunto. Mas quando se fala em CPI, hoje, para o povo brasileiro é pizza.


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Nunca houve um oferecimento de um real das empresas do grupo Eládio Messias Cameli a campanha do PT em 2014, afirma Gladson Cameli

Marcos /ac24horas: O governador Sebastião Viana disse, na única entrevista concedida ao ac24horas, em novembro do ano passado, que apesar de todo o embate político durante a campanha, seu pai teria oferecido dinheiro pra ele na campanha e que ele não teria aceitado, e disse também que era amigo de seu pai…


Gladson Cameli: Mentira! Mentira! Nunca houve um oferecimento de um real das empresas do grupo Eládio Messias Cameli, Construtora Etam, Construtora Amazonidas, Marmud Cameli Cia LTDA, Vemap, Gemat e todas outras que vocês quiserem nunca houve. Naquele momento quando eu fui pego de surpresa por essa declaração eu ia acionar judicialmente essa situação. Mas pra mim fazer qualquer coisa, como meu pai é um homem totalmente íntegro e reservado, ele pediu deixe pra lá. Você acha que um pai que ama um filho, que enfrentou a pior campanha que eles fizeram contra o filho, ele vai oferecer algum real a qualquer político que tenta denegrir a imagem de um filho? Com essa minha resposta eu respondo qualquer dúvida. Nunca houve.


Luciano Tavares/ac24horas: Mas os seus primos doaram…


Gladson Cameli: Mas aí é questão deles. Quando houve a apartação política do então deputado federal Gladson Cameli com o atual grupo político que está no poder, imediatamente a Construtora Etam recolheu seus equipamentos e passou para as empresas do meu tio Orlei tocarem a obra. Saímos. E lamento um governador, um chefe de Estado fazer uma declaração dessas.


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