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Dilma conseguiu e os bolivianos viraram nossos patrões

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Os sucessivos governos do PT sempre valorizaram os países latino americanos envolvidos com a famigerada revolução bolivariana. O termo foi cunhado pelo falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chaves nas suas bravatas contra os países capitalistas. Um socialismo de culto ao personalismo político dos seus presidentes que se espalhou da Venezuela para a Bolívia, Equador, Argentina e Peru. Evo Morales pela terceira vez seguida presidente da Bolívia é um dos principais representantes dessa ideologia bolivariana. Andei por uns dias na fronteira entre o Acre e a Bolívia, na região de Brasiléia, Epitaciolândia e Cobija. Pude constatar uma mudança significativa dos papéis entre bolivianos e os brasileiros acreanos da fronteira. Tudo por conta do desastrado momento da economia brasileira que parece estar bem mais frágil que a de “los patrícios”.


Nós vamos invadir sua praia
A primeira mudança que se nota andando pela fronteira são os restaurantes brasileiros lotados de famílias bolivianas de classe média baixa. Ocupam várias mesas e fazem a festa. Também os hotéis de Brasiléia e Epitaciolândia têm atualmente mais hóspedes bolivianos que acreanos. Antes quando se via bolivianos do lado brasileiro comendo e bebendo eram pessoas da elite e ainda assim a cena era rara.

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Eles viraram os patrões
Já em Cobija os brasileiros acreanos viraram empregados. Nos hotéis, lojas e restaurantes os brasileiros são os serviçais. Acredito que centenas ou milhares estão trabalhando do lado boliviano como vendedores, faxineiras, garçons, atendentes, recepcionistas, trabalhadores braçais e etc.


Sem preconceito
Não tenho nada contra o fato dos bolivianos terem melhorado de vida e serem patrões. Sou favorável a uma equivalência econômica entre os povos do Continente. Mas tenho tudo contra a nossa economia ter desandado. E aquilo que eu vi na nossa fronteira com um dos países mais pobres do mundo mostra essa realidade.


Real desvalorizado
A Bolívia não adotou a política de câmbio flutuante. O dólar continua valendo sete pesos bolivianos. Em compensação o real desvalorizou quase 50% em relação ao dólar desde o início do segundo governo da presidente Dilma (PT). Na fronteira um real vale apenas 1,9 boliviano quando há pouco tempo a troca era mais ou menos de 4 pra 1.


Realidade que mudou
Antes era impossível para uma família boliviana entrar num restaurante brasileiro. Os preços eram exorbitantes para eles por conta do câmbio. Agora, com os commodities bolivianos em alta no mercado internacional, gás, petróleo, minério, o povo boliviano experimenta a prosperidade econômica.


Menos impostos e mais progresso
Outro fator que é preponderante para a prosperidade dos bolivianos são os poucos impostos que pagam. Um litro de combustível em Cobija vale o equivalente a R$ 1,7 enquanto aqui R$ 4 ou mais. Essa diferença fica por conta do nosso leão insaciável de impostos. O mesmo vale para centenas de outros produtos que os bolivianos podem adquirir sem ter que somarem aos seus preços a parte do Governo.


Autoritarismo
Mas a prosperidade do povo boliviano tem um preço. Tudo indica que Evo Morales vai mudar mais uma vez a Constituição do seu país para conseguir um quarto mandato. O culto à sua personalidade é disseminado pela imprensa, pelas escolas e a publicidade oficial é muito forte. Quem protesta é exilado ou preso.


Autoestima
Mas é visível que mesmo com os problemas políticos o povo boliviano tem atualmente uma autoestima muito mais elevada. Admiro o amor que eles têm pela cultura da sua terra. Não se seduzem facilmente por culturas estrangeiras. E isso de alguma maneira se deve aos seus governos recentes.


Ajuda inestimável do PT
Não é à toa que Evo já bradou que está pronto para usar tropas do Exército Boliviano para ajudar a presidente Dilma em caso de impeachment. O Brasil petista tem sido uma mãe para a Bolívia. Eles nacionalizaram refinarias de petróleo da Petrobrás sem nenhum tipo de reação do nosso Governo. Produzem o gás e o petróleo nas usinas construídas com dinheiro público brasileiro e ainda vendem para o Brasil. Um negócio da China ou da Bolívia.


O sufoco dos estudantes acreanos
O sonho de jovens brasileiros de fazerem medicina na Bolívia virou um pesadelo. Antes as famílias dos estudantes convertiam uma quantidade de reais em dólar para enviar. Agora, devido ao câmbio desfavorável, esses valores foram reduzidos na moeda local e muitos estudantes estão passando necessidades na Bolívia.


Os tempos mudaram
Andei por La Paz nos anos 80. Naquela ocasião me lembro que para se trocar 20 dólares era preciso levar uma mochila à casa de câmbio. Eram muitas notas de pesos e os preços na Bolívia eram minúsculos. Isso mudou quando estive no ano passado em La Paz. Os hotéis e restaurantes praticam atualmente preços muito similares aos outros países da América do Sul. Outro ponto que mudou bastante na capital boliviana foi a região de Los Altos. Nos anos 80, era uma paisagem camponesa, uma zona rural. Atualmente é um lugar cheio de prédios, comércios e fábricas. La Paz é uma cidade engarrafada com o aumento do número de veículos denotando um maior poder aquisitivo da população. A mudança do quadro social de um dos países mais pobres do mundo está evidente. É inegável que houveram transformações sociais significativas no país vizinho. Enquanto o Brasil perdeu parte da sua credibilidade internacional pela deficiência da nossa economia e os escabrosos casos de corrupção. A sensação é que o Brasil caminha para ser uma Bolívia dos anos 80 enquanto a Bolívia, mesmo com a repressão política, dá passos largos para assumir o papel do Brasil no Continente.

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