A crise sofrida pelos setores da Indústria e Comércio brasileiro parece estar chegando cada vez mais forte no Acre. Na semana passada, a Brasil Norte Bebidas, empresa que representa a Coca-Cola, decidiu demitir vários funcionários, e, ainda, transferir parte da produção que era realizada no estado acreano, para Rondônia. A atitude da empresa provocou uma série de questionamentos, entre eles o que teria, realmente, causado essa “demissão em massa”.
Coca-Cola demite funcionários no Acre e transfere parte da produção para Rondônia
A chegada das empresas atacadistas Makro e Atacadão do Carrefour, em 2012 e 2013, respectivamente, trouxeram certos prejuízos à Brasil Norte. Com nomes de peso, e estrutura extremamente fortes, as atacadistas simplesmente começaram a trazer para o Acre produtos da linha Coca com preços mais baixos e conquistadores.
O que chama atenção é que não apenas pequenos consumidores começaram a adquirir produtos diretamente dos atacadistas, mas também mercados médios e até grandes. Com um orçamento cada vez mais apertado, a melhor opção é sempre procurar os menores preços. E é isso que o microempresário José Reinaldo Gomes, de 56 anos, faz duas vezes por semana.
“Na verdade, o que eu faço é buscar os melhores preços, principalmente porque eu vou revender os refrigerantes. A coca-cola chega a ter um preço duas vezes menor que no mercado por aí. Por isso, eu dou preferência mesmo em ir no atacado e buscar os preços. Acho que porque eles compram a carreta fechada, e isso é melhor mil vezes, porque aí eu acabo ganhando um pouco mais, e vendendo com um preço melhor”, explica.
Em 2013, o ac24horas chegou a noticiar que a fábrica da Coca Cola, em Rio Branco, reduziu em 50% o número de suas vendas em todo o Estado. A crise naquele momento, já tinha nome: a concorrência dos atacados. Esses gigantes das vendas no atacado e no varejo “chegaram com tudo”, já vendendo o liquido escuro a preços mais em conta do que a própria fabrica em Rio Branco. Com o passar dos meses, a situação continua a mesma.
NO PAÍS
As demissões atingiram diversas áreas de atuação – motoristas, promotores de venda e até supervisores. E a ação começou por Pernambuco, onde a empresa demitiu “um motorista com mais de 20 anos de empresa sob a justificativa de que ele não estava apto para o serviço. Como não está apto e ficou 20 anos na função?”, questionou o sindicalista do estado. Segundo ele, até pessoas com atestado médico deixaram o grupo.
AÇÃO GLOBAL
A multinacional Coca-Cola anunciou em janeiro que demitiria cerca de 1.800 trabalhadores como parte do plano de cortes que busca economizar US$ 3 bilhões. A empresa de Atlanta começou a notificar os primeiros funcionários que terão seus contratos rescindidos, um processo que deverá levar alguns meses para ser concluído.
EXPLICAÇÃO
O Grupo Simões, órgão administrador da Brasil Bebidas, se pronunciou sobre as demissões. Numa rápida Nota, o Grupo confirmou que apenas 16 servidores foram dispensados e afirmou que a produção estaria sendo transposta do Acre para o estado vizinho, Rondônia. Todos os funcionários, destacou na empresa, receberão os direitos trabalhistas, sem exceção. A empresa não explicou se existem outros funcionários prestes a serem demitidos, ou os motivos que levaram à mudança do local de produção.
