Um grupo de investidores da empresa Milenium International [antiga Milenium Prime] denunciou um caso de suposto estelionato, ocorrido em Rio Branco, capital do Acre, no início do mês de outubro. Segundo eles, dois líderes da empresa teriam recolhido a quantia de R$ 70,00 de mais de 800 pessoas, valor que não foi, segundo denunciam, repassado à empresa. Logo depois, eles teriam informado a falência da Milenium, mas não devolveram o dinheiro a nenhum dos investidores.
O empresário Richard Karuta, de 26 anos, é um dos que se sentem enganados pela empresa, e pelos líderes Francisco Tarcísio Júnior e Antonio Matos. Segundo ele, a dupla mantinha parceria dentro da empresa e estariam incentivando centenas de pessoas a pagar uma suposta taxa de mensalidade de UU$ 15, o equivalente a R$ 70,00.
“Inicialmente, meu investimento foi de R$ 1 mil, e depois coloquei R$ 5 mil. Dessa última vez eu não consegui tirar o meu dinheiro. O Tarcísio vinha no escritório e dizia ‘vamos para cima pessoal!’. Ele estava induzindo a gente. Até que um dia ele chegou e disse que ia viajar para cadastrar outras pessoas. De onde ele estava, ele me ligou e falou que nós teríamos que pagar R$ 70,00 por cada um dos nossos cadastrados. E a gente tem testemunha disso”, relata o empresário.
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O investidor conta também que está sofrendo ameaças de morte. “A minha família está sendo intimida. Tem gente nos ameaçando de morte. Tem gente nos ligando e dizendo que vamos ter que dar um jeito e devolver o dinheiro. A gente tá aqui com muito medo. Nos ligou um advogado, dizendo que era advogado do Tarcísio, e disse que nós estávamos praticando extorsão [ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa ou lucro]. A gente nunca ameaçou o Tarcísio. Nós inclusive vamos procurar a polícia para denunciar isso (sic)”, afirmou.
Já o vendedor de carros, Ricardo Lopes, disse que como cadastrou muitas pessoas, sabia que o investimento era de risco, e problemas podiam acontecer, contudo, a situação não foi aceita por muitos investidores da rede dele. Ele coloca a culpa no líder Francisco Tarcísio e disse se sentir “enganado”.
Antonio Matos e Tarcisio foram denunciados na Delegacia
“A única esperança que as pessoas tinham era de que esse dinheiro do investimento caísse na conta, mas, infelizmente, ninguém recebeu. As pessoas estão totalmente insatisfeitas, querendo rever esse dinheiro. Eu não tenho de onde tirar, porque tudo que pegamos, passamos para o Antonio e o Tarcísio”, afirma.
Ainda segundo Ricardo, o intuito, no momento, não é de apenas receber o dinheiro, mas de que o comprovante de transferência dos valores seja apresentado, e a situação amenizada, visto que muitas pessoas da rede dele pensam que o dinheiro não foi repassado à empresa Milenium. “O Tarcísio dizia que o presidente da empresa era ‘um homem de Deus’, honesto. Acontece que nunca caiu esse valor. Aproximadamente 700 ou 800 pessoas, colocando por baixo, foram enganadas. A gente quer que ele mostre o comprovante, ou apareça para dar satisfação”, denuncia o líder de rede.
O caso foi registrado na Delegacia do Tucumã, que fica em Rio Branco. Segundo Ricardo e Richard, a esposa e o pai de Tarcísio também eram responsáveis por fazer a busca do dinheiro no escritório. Somando a média de 800 pessoas que teria supostamente repassado os R$ 70,00, o golpe pode chegar à casa dos R$ 60 mil reais.
A reportagem tentou conversar com o acusado, Francisco Tarcísio Júnior. Por telefone, sem gravar entrevista, ele negou que teria ficado com o dinheiro, e confirmou que repassou os valores à empresa e que teria em mãos os comprovantes da movimentação bancária. Segundo ele, ainda na segunda-feira, 19, ele se apresentaria na Delegacia do Tucumã.
Tarcísio também se comprometeu em conversar com a reportagem, pessoalmente, mas sem êxito. Desde a segunda-feira, Francisco não atende mais as ligações do ac24horas, nem as responde. O número discado é o seguinte: 9937-**52. Já o empresário Antonio Matos, cujo número do celular pessoal seria 9935-**98, só dá caixa postal e ele não foi encontrado na sede da empresa BMG, que fica no Bairro Estação Experimental, próximo à Caixa Econômica Federal (CEF). O espaço do portal segue aberto para que ambos possam se defender das acusações.
