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Economia Verde causa violações de direitos nas florestas do Acre

Concept of a plant and a lot of golden coins isolated on white background
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Segundo o relatório Economia Verde, Povos das Florestas e Territórios: violações de direitos no Estado do Acre, elaborado pela relatoria do Direito Humano ao Meio Ambiente, da Plataforma de Direitos Humanos-Dhesca Brasil, a população que vive nas florestas acreanas tem sofrido violações de direitos. Com base no relatório, as equipes receberam as denúncias dos comunitários, seringueiros e indígenas vinculados aos projetos de economia verde, após visita as comunidades beneficiadas com os projetos de Manejo Florestal, em territórios indígenas e dois projetos privados de Redd.


A equipe constatou também outra realidade, marcada por impactos sociopolíticos, econômicos e ambientais negativos, em especial sobre os territórios e as populações tradicionais. Dentre outras, foram constatadas violações do direito à terra e ao território e violações dos direitos das populações em territórios conquistados. Por questões políticas e metodológicas, a identidade dos entrevistados não foi divulgada, somente as instituições são identificadas no relatório, que contém 100 páginas.

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Num trecho do documento, uma das lideranças exemplifica os impactos destes projetos sobre a vida dos comunitários: “é a perda de todos os direitos que os povos têm como cidadão. Perdem todo o controle do território. Não podem mais roçar. Não podem mais fazer nenhuma atividade do cotidiano. Apenas recebem uma Bolsa para ficar olhando para a mata, sem poder mexer. Aí, tira o verdadeiro sentido da vida do ser humano”.


O relatório também denuncia que, em um contexto de extrema desigualdade, aprofundada pela falta de informação das comunidades sobre os projetos a serem implantados nos seus próprios territórios, as comunidades acabam sendo coagidas a aceitar as propostas externas e “de cima para baixo” como redenção de suas necessidades de políticas públicas, em detrimento de sua autonomia.


Desse modo, uma das conclusões do relatório é a de que “o drama imposto a essas comunidades é o de duas únicas e perversas opções: a perda da floresta e dos seus territórios e ausência de políticas públicas e os projetos de manejo, bolsa verde ou Redd”.


O documento começou a ser distribuído durante a Conferência Latino-Americana sobre Financeirização da Natureza, realizado em Belém do Pará de 24 a 27 de agosto, com o objetivo de aproveitar a atividade,  que contou com a presença de organizações da América Latina que trabalham o tema da financeirização da natureza e de lideranças do Acre, para tornar público o relatório. Além disso, em dezembro deste ano será realizada em Paris a 21ª Conferência do Clima (COP 21), momento em que as temáticas que estão no relatório deverão ser discutidas pelos países que integram a ONU.


MODELO INTERNACIONAL – O Acre é considerado uma referência mundial na implementação de políticas vinculadas ao clima. A chamada economia verde no Estado é vista nos meios oficiais como uma experiência que harmoniza crescimento econômico e conservação ambiental, e é onde existe, desde 2010, o que é considerado como o programa jurisdicional do mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), mais avançado do mundo: o Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (Sisa).


Acesse o relatório na íntegra


 


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